quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENSINO RELIGIOSO: OBSTÁCULO PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO

ENSINO RELIGIOSO: OBSTÁCULO PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO
Antonio Nascimento da Silva
Graduando em Pedagogia V semestre
Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC)

Introdução
Com o objetivo de trazer mudanças para a educação, no sentido de melhora, haja vista que no meu entendimento a educação está longe de alcançar o nível em que ela seja para os homens uma ferramenta que torne este uma pessoa livre, que verdadeiramente emancipe o homem, e o forme em toda sua plenitude, é que exponho aqui um ideal de escola, que traga educação de qualidade. Diante disso, mostro o que seria uma escola capaz de dar tal educação aos seus educandos, tornando-os conscientes de seu papel na história. Falar em educação de qualidade é tratar também de questões econômicas. Então, coloco aqui a relação da economia com a educação, que é extremamente importante, e trás inúmeras conseqüências para a educação, sejam elas positivas ou negativas.
Adiante, trato de um ponto importantíssimo para que se alcance uma educação de qualidade, que é o ensino religioso. Para tratar de tal tema, faz-se necessário antes abordar sua base, o cristianismo, então faço uma breve exposição sobre essa grande teia de aranha que é o cristianismo, para depois expor, ou pelo menos tentar expor argumentos que comprovem que o ensino religioso é desnecessário para nossa educação, e que a aplicação do mesmo, traz tão somente prejuízo para o ensino. Para que não haja duvida, explicito que a religião é notável enquanto fenômeno cultural, pois trás uma dose de ética apreciável para se derramar na sociedade, repito, enquanto fenômeno cultural. Concluindo, coloco definitivamente, de acordo com meu estudo, e amparado por grandes nomes, a posição que a educação deveria tomar sobre o ensino religioso, e o que seria viável, e de grande proveito para se implantar na educação, trazendo benefícios a mesma.

Da escola
Espaço para desenvolver habilidades essenciais ao homem, onde este trabalhará sua formação humana, esta que o possibilitará tornar-se partícipe da vida política da sua sociedade, que, segundo Gramsci, aprenderá não só a ser governado, mas também a governar. A educação nesse espaço não deve ser uma educação interessada em colocar o individuo em um emprego, para que esse venha a lucrar com sua formação. Embora as vantagens venham, em forma de lucro, de dinheiro, a educação deve primar pela formação intelectual, humanista do individuo, uma educação desinteressada.
A técnica é indispensável, mas a educação, dentro da escola, assim como fora dela, não deve restringi-se a esse ponto, já que a formação humana em muito dispensa a técnica. Alem do tecnicismo, aqui entendido como a formula da ciência, o certo, o errado, determinações fechadas que tornam os educandos seres mecanizados, a escola deve ser pespectivista, assim, criando nos educandos a capacidade de ir alem da dualidade, a capacidade de olhar de várias maneiras para o mesmo horizonte, fazendo sempre uma crítica de cada momento observado. E que se entenda aqui o sentido da crítica não apenas como algo que deprecia, mas também como análise do processo, do momento.
Tendo a escola as funções mencionadas acima, estaria a um passo de torna-se a verdadeira escola modelo. Embora o seguir um modelo, seja bem questionável, no que diz respeito a educação, um modelo como o aqui apresentado, deve ser seguido, implantado em todas as escolas, principalmente no nível básico.
A nossa realidade, no entanto, inexiste uma educação voltada para a formação humana, basta olhar para as escolas, todas empenhadas em adestrar o educando, para que esse se sinta bem, dentro do caldeirão do capitalismo. Hoje, na realidade, a educação está a serviço do capitalismo, direta, ou indiretamente. É só lembrar-se das inúmeras escolas particulares, empresas que, como capitalistas que são, visam acima de tudo, o lucro. Além das escolas de nível básico, existem as instituições de ensino superior privadas, que se julgam universidades, quando na realidade, não passam de cursos isolados, não possuindo pesquisa, e muito menos extensão. Apesar de tentarem mascarar essa situação. Não há como não duvidar da intenção de tais instituições, ou seja, dessas empresas que vendem educação. Por outro lado, toda a educação escolar está sujeita ao jogo do capitalismo. Os investimentos feitos em educação por bancos extra-nacionais, assim como os recursos do próprio país, todos são feitos com vista no retorno, a preparação de mão-de-obra, de qualificação mínima para atender a demanda do capitalismo. O governo gasta com a educação, e o mesmo quer um retorno, é claro, que este não aguarda a formação de um individuo crítico, como diz Gramsci, com a capacidade de governar. O próprio capitalismo faz com que as pessoas vejam a educação como um caminho para um bom salário, a idéia é, estudar para ganhar. Esse pensamento está impregnado nas pessoas, e é extremamente nocivo para a boa educação. Basta perguntar, ouvir os educandos para legitimar a colocação feita aqui. Quando indagados com a seguinte questão; para que estou estudando? A resposta é quase unânime. Na escola de ensino fundamental e médio, Nossa senhora de Lourdes, no município de Capistrano, os alunos do 6º ano, responderam em sua maioria que; estão estudando para aprender a ler e escrever, mas com um enfoque principal para conseguir um trabalho.
Esse pensamento dos educandos deixa claro que, o capitalismo impregnou a educação, e as pessoas estão convencidas de que a educação é a solução para os problemas, principalmente os financeiros. Que se entenda aqui educação no sentido escolar.
Além da questão de ver a educação como fonte de renda, outro ponto é necessário evidenciar, a questão do doutrinamento, que também se faz na educação interessada, mas que aqui, trataremos pelo sentido religioso. Doutrinar as pessoas, é isso que o ensino religioso faz, e também, é prejudicial a boa educação. Ou seja, o ensino religioso em si, é um entrave para o melhoramento da educação. Ao longo dos anos aqui no Brasil, mudanças vêm ocorrendo no sentido de reverter, cessar a atuação religiosa na educação escolar, a última, consta na LDB de 1996, que coloca o ensino religioso como não obrigatório, sem ônus para o governo. Este é um pequeno avanço na melhora da educação.
Do cristianismo
Uma das características mais evidentes das religiões que tem por base o cristianismo é o rebanhismo. Seja qual for a religião, ha zelo pelo comportamento de espelho, que reproduza os comportamentos em volta, certamente a ovelha não pode ir contra a vontade do rebanho. A religião quer homogeneizar as pessoas, de acordo com preceitos que, são totalmente inerentes aos indivíduos, não condizem com a realidade.
Doutrinar, essa é a missão da religião, que com isso faz dos indivíduos, simples marionetes, a prova maior é a chamada guerra santa, que pessoas matam umas as outras em nome de sua religião. O doutrinamento das religiões cria ovelhas, indivíduos que, seguem o rebanho, que acreditam estarem fazendo algo em beneficio próprio, quando na verdade, adormecendo, fechando os olhos para a realidade. Através da invenção do pecado, o cristianismo tem mais força na imposição de sua ideologia. A religião utiliza-se de mascaras, esse é um modo de a priori, atrair o publico, quando na realidade, todo um pensamento, um interesse, reside atrás dessa mascara. Não há duvidas de que esses interesses dizem respeito à política, conseqüentemente, financeiros. A idéia do pecado prende a ovelha no rebanho, impossibilita o individuo de ir além do recomendado pelo santo papa, pois ir fora desses limites é pecado, logo, tem conseqüências terríveis para o transgressor, como o fogo do inferno, ou perder, por assim dizer, a proteção de deus, que tudo pode. Ou seja, uma perda irremediável para um cristão. O pecado, portanto, é uma ferramenta que garante a permanência da ovelha no rebanho. Interessante destacar aqui, que séculos atrás, na chamada idade média, o pecado era facilmente perdoado pelo sacerdote, bastando para isso que o pecador fosse proprietário de alguns bens, para generosamente doar a igreja.
Outra característica importante do cristianismo, que decorre do ser rebanho, é inculcar nos indivíduos o sentimento positivo pelo desprezo de suas vontades. O individuo se alto - declara incapaz, submisso, inferior. Mas o interessante é o cristianismo fazer essas pessoas se vangloriarem, e agradecerem por uma condição de humilhado. Segundo o novo testamento, o salmo 51:3 diz o seguinte, “tem misericórdia de mim, ó deus, segundo a tua benignidade, apaga as minhas transgreções segundo a multidão das tuas misericórdias”. (1990, pag. 724). Aqui o pecador implora misericórdia, colocando-se totalmente a mercê de deus, já por isso, nega sua capacidade individual de lutar, de superar os desafios, deixando a critério da divindade. É a completa humilhação do homem diante do abstrato, e com critério de extrema culpa.
Analisando as entranhas do cristianismo, logo se percebe o desprezo pelo humano. A força maior do homem, aqui fica totalmente esquecida, é repugnante olhar um homem cheio de culpa, por ter pecado, privando-se de sua vontade. Isso é negar a vida. Portanto uma grande contradição do cristianismo, que diz lutar pela vida. A afirmação ultima, é no mínimo hipócrita.
A vida do ser humano consiste em suas realizações, suas ações, essas que por sua vez emanam da vontade própria diante do externo. Ter vontade de ir a algum lugar, ter vontade de fazer algo. Todas partem do homem na condição de humano vivente que é, é natural da humanidade. O homem não pode mais negar seus impulsos, porque fazem parte da sua natureza, da sua vida. Muitos menos negá-la em troca de uma vida externa em alem terra. Isso é negação da vida. Porque até onde sei, a vida é aqui. Não que o racionalismo seja uma opção.
Diz o salmo 100: 3 “sabei que o senhor é deus; foi ele que nos fez, e mão nós a nós mesmo; somos povos seus e ovelhas do seu pasto”. (1990, pag. 779). O salmista provavelmente nunca soube o que é a vida, pois negou a si próprio, e com tanta convicção, que suas vontades não mais são ações converteu-se em baixeza do espírito. E coloca-se de pronto, no rebanho. Esse está impregnado pelo cristianismo, e perdeu sua visão de mundo.
No geral, em detrimento do humano, em contraposição a vida em sua plenitude, temos os preceitos religiosos. Em quanto o homem não se colocar na sua condição de ser pensante, de capaz de fazer suas escolhas, de agir de acordo com seus ideais. Ele estará sempre dentro de uma igreja, submisso a leis sem fundamento, que dizem ser o prazer um pecado, estará impedido de sentir o sabor da vida em toda sua grandeza, pelo peso falso de pecado. Nada despreza mais a vida do que o cristianismo.
Apesar de aparentar uma coesa estrutura, a base dos cristãos é demasiada contraditória. Importante ressaltar que não quero aqui, denegrir a dialética e a importância de se combater os donos da verdade. São várias as contradições da bíblia, como por exemplo, está escrito em Êxodo 20:13 “não matarás” (1990, pag. 92). A colocação é bem clara, não deixa duvida alguma, porem em I Samuel 15: 2,3;
Isso diz o senhor dos exércitos: vou pedir contas a Amalec do que ele fez a Israel, opondo-se-lhe no caminho, quando saia do Egito. Vai, pois, agora, fere a Amalec e vota ao anátema tudo que lhe pertence sem nada poupar. Matarás homens e mulheres, criança e menino de peito, bois e ovelhas, camelos e asnos. (1990, pag. 317)
A ordem do senhor também é muito clara aqui, fica evidente a contradição da bíblia. Então como saber se devemos matar ou não? Analisando o livro sagrado, não da para saber. Por essas e inúmeras outras que não se devem ter as sagradas escrituras como uma fonte segura de consulta.
A bíblia contradiz-se até no que se refere ao próprio deus. Em Deuteronômio 6: 4 está escrito: “o senhor vosso deus é único” (1990, pag. 202). Mas em Genesis 1: 26 diz: “também disse deus: façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1990, pag. 15). A colocação da terceira pessoa faz evidenciar que há mais de um deus, segundo a própria bíblia.

Os pressupostos do ensino religioso
Após ter uma breve colocação do que seria uma escola que realmente “educaria para a vida”, que formaria o verdadeiro cidadão, e não aquele da visão burguesa, e em seguida um pequeno percurso por entre as entranhas do cristianismo, destacando apenas algumas das suas características, analisaremos agora, o que colocou o ensino religioso dentro da escola. Tendendo a uma conclusão, sobre sua importância, ou sua não-necessidade.
Como ensino religioso, toda a sua parte didática tem como referencial a bíblia - refiro-me as religiões cristãs -. Para começo, quero lembrar que acabei de expor provas do caráter contraditório da bíblia, e essa característica irá refletir no ensino, salvo os casos em que se tenha o devido cuidado pelo educador de omitir essas falhas para evitar questionamentos por parte dos educandos. Este fator é um problema para a educação, pois põe em duvida o educador, e respectivamente o educando. Esse é um problema sem solução, pois o educador de maneira alguma vai poder tirar as duvidas dos educandos sobre o conteúdo duvidoso da bíblia. O educando vai ter duvida quanto ao que está aprendendo, e quando se trata de conhecimento, esse deve ficar claro ao educando, para que esse possa aproveitar em sua trajetória, em sua formação intelectual. As duvidas quanto ao conteúdo, devem partir dos questionamentos dos educandos, uma vez que estes tenham discutido com seus professores sobre um determinado tema, e dando continuação ao aprendizado construam suas criticas, suas opiniões sobre o tema, em um trabalho conjunto de reflexão sobre o conteúdo. Mas nunca o educador apresentar um conteúdo a seus educandos, no qual esse conteúdo não se fundamenta em nada, e ainda por cima é todo contraditório baseado em fé. Isso criaria um vazio, sem limite, não se teria respostas coerentes, haja vista a impossibilidade de essas existirem, pois a base religiosa é demasiada fantasiosa.
Vejamos então, o conteúdo de um livro didático usado no ensino de religião. “Jesus concluiu a parábola dizendo e eu digo a vocês que o cobrador de impostos voltou para casa justificado e não o outro, pois quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (2005, pág. 24). Em que momento da vida este conteúdo auxiliará um individuo a construir sua intelectualidade e emancipação humana? Pode alguém dizer facilmente que auxiliará a formação do espírito! Não precisa nem dizer que tal defesa é totalmente sem cabimento dentro do contexto da escola, no sentido de espírito à que se refere à religião. Ao invés de promover um fortalecimento da força humana em cada individuo, o conteúdo ensina aos educandos a serem submissos durante toda a sua vida, para “um dia” serem exaltados. Quando? Onde? No dia do juízo final, nos céus. Fora as ilusões, e estas são o de menos, o problema maior reside nos traços que tal educação deixa na vida, aqui da terra, em cada educando. Tal conteúdo gera um individuo que obedece, que alto humilha, que se considere fraco diante de um Deus. Um jovem, que internaliza tais ensinamentos, abre mão de sua própria força de vontade, que parte da sua concepção de mundo, dispensa o desejo, deixa então, de viver momentos, experiências de realização de sua vontade diante dos fenômenos externos por causa da moral cristã.
Os conteúdos de Ensino Religioso seguem todos semelhantes ao citado acima, algumas diferenças, no entanto podem ser contatadas, tais diferenças dizem respeito ao modo com que cada escola passa esse conteúdo. Na verdade, as diferenças acentuam-se entre escolas públicas e privadas, não que seja regra. O ensino religioso também difere-se do trabalhado nas escolas públicas das capitais ou urbanas, entre as da zonas rurais. Em escolas afastadas das zonas urbanas, a religiosidade é mais forte, e este fato reflete diretamente na sala de aula. Pelo fato das pessoas residentes em zonas rurais. Terem menos acesso aos acontecimentos, às noticias, a ciência. Importante ressaltar que não coloco a ciência como a portadora da verdade, como ela mesma se auto-denomina. Mas como força que surgiu para quebrar várias concepções metafísicas do mundo, a essa luz, fica fora uma boa parte da população rural.
Todas as religiões são dogmáticas, exigem dos fiéis a fé nesses dogmas, tudo o que o fiel sabe sobre sua religião, tratando aqui do catolicismo, ele não conhece por suas próprias experiências, mas por fé. Não há necessidade da procura por algo concreto, não há nenhuma investigação a respeito daquilo que sua religião lhe passa, de pronto pela fé têm-se tudo como verdadeiro. Esse dogmatismo de forma alguma pode ir para dentro de uma sala de aula. Embora pela diversidade de religiões – aqui no ceará e em vários outros estados destacando-se principalmente duas, católica e protestante – o ensino não se direciona para uma ou outra, mais em linhas gerais passam o dogmatismo do cristianismo, e acaba por fazer com que os educandos busquem através da fé, a crença, o conhecimento sem pesquisa desfavorecendo capacidades muitas do educando construir um saber de mundo, de realidade.
Sobre a fé cristã diz Nietzsche: “desde o principio, a fé cristã é sacrifício de toda independência, de todo orgulho, de toda auto-certeza, do espírito. Ao mesmo tempo é servilismo, auto-escárnio, auto-humilhação” (2007, pág. 74). A fé cristã, portanto, é completo abandono de si. Não se encaixam em momento algum com ideal de escola aqui apresentada. O ensino religioso está impregnado dessa fé cristã. Tiraria dos educandos a capacidade de se auto-afirmarem como sujeitos que criam como criadores.

Para que ensino religioso?
Ao ponto que chegamos à pergunta é bem colocada, pois diante de tudo que o cristianismo e as suas religiões pregam, faz – se necessário pensar bem antes de ter o ensino religioso como uma ferramenta que promova o crescimento humano, intelectual, que contribua para um espírito livre.
Importante destacar aqui, a importância de uma cultura para um povo em determinado momento histórico. A religião é parte integrante da cultura de um povo, ou seja, é um fenômeno cultural. A cultura religiosa, no entanto, tem destaque apenas como “cultura”, nada mais. Querer trazê-la para a educação escolar é impregnar a educação de mito.
Então para que ensino religioso? A escola, a educação que forma indivíduos críticos, pensantes, que promove as múltiplas habilidades, que liberta o espírito, em nada tem a ver com os dogmas e historinhas da religião. A escola não pode ensinar à comunidade a crença em além – mondo, em mitos e histórias de deuses mágicos, pois assim a escola estaria ensinando o senso comum, já que segundo Mochcovitch:
O senso comum caracteriza-se portanto, em primeiro lugar, pela sua adesão total e sem restrições a uma concepção de mundo elaborado fora dele próprio, que se realiza num conformismo cego e numa obediência irracional a princípios e preceitos indemonstráveis e não científicos, funcionando no plano da crença e da fé. (1992, Pág. 15)
A educação não pode ser instrumento de propagação de senso comum, pois a mesma é símbolo de rompimento do senso comum. A religião nada mais é do que senso comum, conseqüentemente o ensino religioso traz para dentro da escola, da educação esse senso comum. O ensino religioso caracteriza-se como um atraso ao desenvolvimento das ciências, pois seu ensinamento não exige a pesquisa, a investigação e a tomada racional de decisões, que se entenda racional como desligado da crença e da fé, como um caminho que perpassa o experimento.
Em nada acrescentaria ao homem, o ensino religioso, a não ser mergulhá-lo numa teia de ilusão, de incerteza. O educando não teria, não tem, com o ensino religioso o impulso para o seu alto desenvolvimento intelectual e humano é perda de tempo, trabalhar tal disciplina, a mesma é amarra para os educandos e só tem prejuízos para o mesmo, pois o ensino religioso em suas bases e preceitos ensina a se alto desvalorizar como humano, abrir mão de suas forças seus impulsos intuitivos, de humano. Promove a desvalorização de eu, em favor de além-mundo, com o ensino religioso o educando aprende a se humilhar, se rebaixar estar sempre a depender por se achar inferior, por achar que deve se humilhar, pois assim terá recompensas, quando morrer.
O cristianismo além de outros pontos importantes prega o conformismo. É se conformar com a condição social, se é pobre, miserável, deve aceitar o cristão essa condição, pois seu Deus quer assim, e para que não haja revolta, é inculcado no individuo, segundo a palavra de Deus, que os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros. É inadmissível trazer o conformismo religioso para dentro da educação, para dentro da escola, isso beneficiaria apenas a lógica do capitalismo e seria um apoio às propostas educacionais para o século XXI, essas que andam longe de resolver o problema da educação, vinculando o ensino sempre ao capitalismo desprezando a possibilidade de surgimento de uma escola humanista e descompromissada.
A educação escolar atual, por si só tende a padronizar, e considerar todos os indivíduos iguais, o que é um erro, pois na sala de aula há diversas capacidades, várias habilidades, cada um com seu potencial, cada individuo com a força para produzir, criar sua história. Sobre a visão pedagógica de Nietzsche. Severino diz:
A educação tendo a padronizar ao invés de deixar que os indivíduos se destaquem. Então a implicância de Nietzsche com democracia, com a demagogia e com a própria ciência, porque isto vem em pouco em nome da ciência, é esse espírito de padronização, como se todos os indivíduos devessem ter o mesmo desempenho, porque todos seriam a mesma base e ele não acha isso, então, nos precisaríamos de uma política e de uma pedagogia que exatamente fizesse ao contrario, ao invés de padronizar. (2007, pag. 26)
A crítica, observada, serve amplamente ao ensino religioso, ao cristianismo. Há necessidade de uma pedagogia, de uma escola que promova as habilidades de cada individuo, e como já foi dito o ensino religioso nunca vai poder proporcionar esse tipo de informação. A respeito da educação em Nietzsche, diz ainda Severino:
O homem deve ser um espírito livre, não deve se deixa conduzir como uma ovelha em um rebanho. Um individuo que exerce plenamente sua vontade de potencia torna-se, para Nietzsche, um super-homem, um individuo superior que não se deixa dominar por nenhuma força externa a sua vontade. Para ele, promover esse homem superior deve ser o papel da educação. (2007, pag. 26)
Esse principio de formação norteia uma escola humanista. Mas uma vez, cristianismo, o ensino religioso, pregando o conformismo, trazendo o senso comum para dentro da sala de aula, em nada contribui para tal formação de um super-homem, já que pelo contrário, instiga o individuo a percorrer determinações, alheias a sua vontade, sem a menor preocupação em desenvolver as capacidades próprias, em tornar o individuo independente pela sua própria vontade de potência.

Conclusão
Necessita-se urgentemente socorrer a educação. No geral os diversos programas criados ao logos dos anos para a educação, em pouco contribuíram efetivamente para a melhoria da educação, foram gotas para adiar a morte e manter os nervos calmos. Com as imensas falhas do sistema educacional, que aqui, ponho o peso da culpa no sistema de produção que perverteu os objetivos, o sentido da educação, não há como aceitar a intervenção do ensino religioso na educação, trazendo atraso para o desenvolvimento do homem quanto individuo participe da escola. O dogmatismo perdeu sua força, aqui o homem deve buscar em si suas respostas. Não condiz com uma escola humanista uma educação que viola os valores humanos, da vontade de crescer por si, livre das grades das crenças em além mundos. A educação que padroniza, tratando a todos como um grande rebanho, suprimindo os desejos pessoais com a lei do pecado não merece ser posta na sala de aula. O ensino religioso é isso, degeneração da vontade própria de potencia uma barreira na formação de um individuo critico que se entenda dentro da história.
O ensino fundamental, hoje, ainda com o ensino religioso, muito perde e o mais preocupante é que muitas pessoas da área educacional ainda não perceberam essa perda. Ao invés de senso comum de falsas certezas, de dogmatismo da auto-humilhação, de respeito da vontade, deveria se levar à sala de aula ensinamentos filosóficos, pois esses teriam somente a acrescentar na formação de indivíduos conscientes dentro do contexto político-social. A filosofia produziria, promoveria o individuo ao grau de percepção superior, de compreensão da história, de se compreender como sujeito, abriria um leque de possibilidades, de visão de mundos, em muito contribuiria para desalienação. Assim teríamos uma melhora significativa na educação, o educando não terminaria o ensino fundamental ou médio apenas capacitado para a mão-de-obra, pois teria uma concepção diferente, uma posição própria sobre o sistema, a filosofia contribuiria para uma formação humanista dentro da escola.
Não há necessidade de ensino religioso, o mesmo é prejudicial à formação, precisa-se de uma educação no sentido puro, que dê formação ampla ao individuo, o ensino religioso é atraso a essa formação, é atende a essa formação, ainda existir é mais que inconveniente. A educação precisa desligar-se da religião, pois aqui fica claro que, as duas têm objetivos completamente opostos. Muito já ocorreu desde a idade média nesse sentido, mais ainda há vestígios pequenos e disfarçados de importante, e eles precisam ser eliminados, em prol de uma educação de qualidade.

Bibliografia
GALANO MOCHCOVITCH, Luna. Gramsci e a educação. Ática, 3ª edição, 1992.
JOAQUIM SEVERINO, Antonio. Os filósofos e a educação. ATTA 1ª edição, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich. Para além do bem e do mal. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
___________, _______. Assim falou Zaratustra. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
___________, _______. O Anticristo. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
STORNIOLO, Ivo, MARTINS BALANCIN, Euclides, LUIZ GONZAGA DO PRADO, José, BARTOLINI, José, DIAS GOULART, José, BRUSTOLIN, Arno e PASTRO, Cláudio. Bíblia Sagrada. Paulus, edição pastoral, 1990.
SILVA, Eliana e SANTOS, Patrícia. Jesus ama você. FTD 2ª edição, 2005.

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