sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A ARTE E A REVOLUÇÃO

O filósofo húngaro Georg Lukàcs, na sua Introdução a uma Estética Marxista traça as bases para a compreensão do fenômeno estético. Analisando sob o método materialista dialético as categorias do particular, universal e singular – fundamentais para o entendimento do reflexo estético –, Lukàcs considerando o trabalho como fundamento do ser social, diz que a revolução para ser legítima, deve ter como universais de uma classe social, determinadas aspirações particulares. Por isso não há revolução de alunos, não há revolução de professores se as idéias desses grupos não se tornarem universais de suas respectivas classes.
O mesmo movimento de particular-universal, importante no ponto de vista revolucionário, é igualmente relevante para a arte. Tendendo a uma aproximação de uma definição de arte, no mesmo trabalho citado acima, Lukàcs explica que a arte para ser legitima deve estar em um movimento que parte do singular e vai ao universal, tendo como ponto médio organizador de tal dinâmica o particular. Assim toda arte deve refletir caracteres tanto particulares de um povo, de uma época etc., como da mesma forma deve fazer com caracteres universais da cultura geral. No volume II de sua Estética, este mesmo autor vai afirmar que a arte, ou seja, o reflexo estético, assim como a religião e a ciência, parte de um solo comum, qual seja, o cotidiano. Todavia estes se elevam por sobre esse cotidiano – ao universal –, mas retornam ao mesmo solo concreto do cotidiano modificando a si mesmo e a esse cotidiano.
Considerando tais nexos acima, chegamos à obra de Leo Huberman, A História da Riqueza do Homem. Este, escrevendo muito depois do Húngaro Lukàcs, por volta da década de 30, vai afirmar o que o primeiro disse bastante tempo antes. Explicar esta afirmação levaria a livros. Portanto, vamos nos reservar aqui – de modo simplista até – o direito de expor em uma única frase que contem, aliás, a melhor síntese dessas relações descritas. “a revolução é uma arte” (LEO HUBERMAN, 1981).

Nenhum comentário: