terça-feira, 22 de novembro de 2011

Professores ameaçados!!!

Caríssimos,
Quando achamos que a falta de bom senso e a impunidade chegaram a seu ápice, somos surpreendidos por mais descalabros.
Há pouco mais de 15 dias enviei a algumas pessoas um email (reproduzido abaixo) rogando por apoio e buscando dar visibilidade a crise que se instaurou na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Supus, ingenuamente, que aos poucos o Governo brasileiro e as instituições responsáveis (Polícia Federal, Ministério Público, Ministério da Educação, etc.) fossem, de alguma forma, se sensibilizar pelo que tem ocorrido em terras rondonienses. Ledo engano.
Nestes 15 dias nada mudou para melhor. Ao contrário, o pânico se instalou e se intensificou. Prova disso está em dois fatos ocorridos hoje.
Nesta tarde uma aluna de psicologia, membro do comando de greve dos estudantes, foi surpreendida na porta de sua casa por homens encapuzados que lhe em breve ela morreria.
Além disso, um bilhete anônimo foi colocado sob a porta de diversos laboratórios e departamentos com os dizeres:
“NÃO ADIANTA CANTAR VITÓRIA ANTES DO TEMPO. MUITA ÁGUA AINDA PODE ROLAR... SEGUE ALGUNS NOMES QUE PODEM DESCER NA ENCHENTE DO RIO”,
Segue-se uma relação de nomes de alunos e professores (entre os quais, eu).
Aos que não estão acostumados com os jargões amazônicos, a menção a “descer na enchente do rio”, ao qual o bilhete se refere, é uma referência clara ao hábito de se desovar cadáveres nos rios da região.
Peço, portanto, aos colegas, que nos ajudem a dar visibilidade a esses episódios brutais. Os ânimos aqui andam acirrados e alguns alunos e professores têm sido seguidos e/ou ameaçados (alguns, inclusive, têm dormido em casas de amigos ou parentes, com medo do que possa ocorrer). Aos que tiverem contatos em OnGs, entidades acadêmicas ou no Governo, ou mesmo os que queiram manifestar seu apoio publicamente por meio de moções, toda a ajuda é bem-vinda. Por favor, reproduzam esses emails a suas respectivas listas.
Não peço a nenhuma entidade que se manifeste contra ou a favor do movimento grevista, mas a favor da transparência nas investigações e no comprometimento do Governo Brasileiro de que a segurança das pessoas que vem sendo ameaçadas seja garantida.
Como sempre, agradeço pela ajuda.
Um cordial abraço,
Prof. Estêvão Rafael Fernandes
Chefe do Departamento de C. Sociais
Universidade Federal de Rondônia (UNIR)
Coordenador do Observatório de Direitos Humanos de Rondônia (CENHPRE/UNIR)
Porto Velho, RO, Brasil
Abaixo, email enviado há duas semanas, sintetizando a situação por aqui até aquele momento
Caros amigos e colegas,
Não, este não é mais um daqueles malditos spams que são enviados para listas intermináveis. É, sim, um pedido de socorro...
Estamos nós, antropólogos, tão acostumados a ler ou escrever sobre absurdos na Amazônia em assuntos relacionados a povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, entre outros, que o conteúdo deste email parecerá, aos que não estão acostumados com a realidade amazônica, surreal.
No Estado de Rondônia, hoje, alunos estão sendo ameaçados, professores universitários presos, deputados agredidos pela polícia federal e jornalistas coagidos por essa mesma polícia.
A seguir alguns links para situá-los:
Resumidamente, em meados de setembro deste ano, professores e alunos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) entraram em greve, não por melhorias salariais, mas por melhores condições de trabalho e estudo.
Vão aí, a título de ilustração, mais dois links com fotos do estado de nosso campus em Porto Velho e um terceiro link, com um laudo técnico do corpo de bombeiros tornado público nesta semana:
Link com fotos 01:
Link com fotos 02:
Laudo do Corpo de Bombeiros sobre o campus de Porto Velho:
Em resposta a pauta grevista, a administração da Universidade disse que as reivindicações por melhorias não fariam sentido, já que a Universidade, por mais que apresentasse problemas, estava bem, obrigado.
Aos poucos, o movimento dos alunos se transformou em um movimento para afastamento da administração atual, por entender que havia uma série de denúncias (em licitações, obras, recursos, fundação de apoio, concursos públicos, etc.) que precisavam ser tiradas a limpo. Ato contínuo, o movimento grevista montou um dossiê de 1.500 páginas onde essas denúncias eram sistematizadas e foi a Brasilia, encaminha-las ao MEC e a Casa Civil, da Presidência da República.
Na Casa Civil, com todas as letras, ouviram de um assessor que uma vez que a administração atual da Universidade contava com o apoio de um político da executiva nacional do PMDB, base aliada do Governo Federal no congresso, nada haveria a ser feito.
Há alguns dias a Polícia Federal, em uma tentativa desastrada (e desastrosa) de descoupação do prédio da Reitoria, ocupada por alunos da instituição há quase um mês, acabou agredindo um Deputado Federal que lá estava, tentando negociar (Deputado Mauro Nazif, PSB-RO) e prendendo um professor, que nada fazia a não ser observar a cena.
Abaixo alguns vídeos mostrando o momento da prisão do Prof. Valdir Aparecido, do Departamento de História (Campus de Porto Velho), bem como a agressão ao parlamentar:
http://www.youtube.com/watch?v=II88f_0Xn_E (em 04:32 vê-se claramente o deputado ser agredido pelo policial a golpes de cassetete)
Já o link abaixo contém uma foto do mesmo momento da prisão onde se vê, de branco, ao centro, o prof. Valdir sendo levado por dois agentes a paisana (um moreno, a esquerda, com uma pistola na mão e outro, a direita, de camisa vermelha, com um cassetete, que daí a alguns segundos seria utilizado para agredir o Deputado Nazif, de camisa azul clara, no alto da imagem, à direita). De laranja, no canto esquerdo da foto, um rapaz que se identificou como agente da PF, carregando uma câmera subtraída de um dos professores que teria registrado parte da confusão):
Naquela mesma noite o Prof. Valdir foi encaminhado a um presídio comum, chamado “Urso Panda”, onde passou a noite em uma cela.
Alguns dias após o ocorrido, um jornalista local foi coagido por Policiais Federais, por publicar notícias apoiando a greve na Universidade (http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/10/25/jornalista-de-rondonia-diz-ter-sido-ameacado-por-delegado-da-pf-apos-publicar-texto-de-estudantes-em-greve-925652693.asp)
Esta é, basicamente, a situação por aqui: agressão, medo, coersão e ameaças, fazendo uso da máquina pública e de agentes que deveriam proteger a população. O que nos parece, aqui em Porto Velho, é que tanto essas ações truculentas quanto a conivência do Governo Federal e a invisibilidade da questão na imprensa nacional se deve, sobretudo, ao fato de nosso reitor ser aliado político e amigo pessoal de membros da direção do maior partido da base aliada do Governo Federal.
Longe de mim acusar que quer que seja. Afinal, é bem possível que todos os implicados nessa história sejam absolutamente inocentes e/ou tenham agido de boa fé. Entretanto, a única forma de garantirmos transparência no processo de investigação nos fatos aqui relatados divulgando esses acontecimentos junto aos nossos contatos em OnGs, Governo, imprensa e associações científicas.
Há informações atualizadas sobre esses eventos no site mantido pelo comando de greve da Universidade, http://comandodegreveunir.blogspot.com do qual, diga-se, não sou parte.
Aos que me conhecem, sabem que não faço o perfil de politiqueiro ou sindicalista e, mais que isso, jamais entulharia as caixas postais de vocês se não fosse estritamente necessário, mas o fato é que meus colegas de Universidade, alunos, jornalistas e simpatizantes estão, hoje, com medo de morrer. Precisamos de ajuda por aqui, urgente!
Espero contar com a compreensão e ajuda de todos na divulgação do que tem acontecido por aqui. Qualquer coisa, sintam-se a vontade para me escrever a qualquer momento.
Um cordial abraço,

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ezzedeen Al-Qassam Brigades




Definition:
“Ezzedeen Al-Qassam Brigades” is the armed branch of the Islamic Resistance Movement (Hamas). Linguistically, in Arabic "Ezz" means support, adherence, or pride, and “Deen” means religion. Al-Qassam can be translated into the breaker or divider. Historically, Ezzedeen Al-Qassam is the name of a pioneer mujahid who was martyred in 1935 near Jenin. Al-Qassam was born in Syria and expelled to Palestine for resisting the French occupation of Syria and Lebanon. In Palestine, he continued his struggle against the British occupation that had promised to make the country a homeland for Jews at the expense of the inhabitants.

Background:
In 1984 Sheikh Ahmad Yassin, Dr. Ibrahim Al-Maqadema, Sheikh Salah Shehada and others began to prepare for the establishment of an armed organization to resist the occupation. Their efforts concentrated on acquiring weapons for future resistance activity. However, members of the group were arrested and the weapons were confiscated. At the time, the group didn’t operate under the name of Hamas or Al-Qassam Brigades.

In 1986 Sheikh Salah Shehada formed a network of resistance cells called “Al-Mujahidoon Al-Filistinion” (the Palestinian fighters). The network targeted the Zionist occupation troops and traitors. The network continued to work till 1989; and their most famous operations were the kidnappings of two occupation soldiers: Ilan Sadoon and Avi Sasbortas. In addition, Hamas (officially established on December 14, 1987) formed other similar networks, such as “Abdullah Azzam Brigades” and “Majd,” the latter being a security branch against traitors.

In the middle of 1991, Ezzedeen Al-Qassam Brigades became known as the armed branch of Hamas.

Mission:
Ezzedeen Al-Qassam Brigades (EQB) was established in the midst of the Palestinian Intifada (1987-1994) against the Zionist occupation. Established at the height of the occupation crackdown against popular and armed resistance, EQB considers its effort as part of the resistance movement against the Zionist occupation of Palestinian lands, which has been ongoing since the British occupation. In light of this understanding, EQB aims: “To contribute in the effort of liberating Palestine and restoring the rights of the Palestinian people under the sacred Islamic teachings of the Holy Quran, the Sunna (traditions) of Prophet Mohammad (peace and blessings of Allah be upon him) and the traditions of Muslims rulers and scholars noted for their piety and dedication.”

For that to happen, the Ezzedeen Al-Qassam Brigades works to:
· Evoke the spirit of Jihad (resistance) amongst Palestinians, Arabs and Muslims;
· Defend Palestinians and their land against the Zionist occupation and its aggression;
· Liberate Palestinians and the land usurped by the Zionist occupation forces and settlers.

Members and organization:
The number of Ezzedeen Al-Qassam Brigades members is known only to the leadership of the Brigades, which adopts the principle of secrecy in organization and recruitment.

The organization of EQB is that of a network of specialized cells operating all over the Gaza Strip and West Bank. The cells work independently of each other under the instructions of the Brigades leadership. Recruits are required to fit the moral requirements of piety, integrity, and steadfastness as well as the physical and educational requirements for the tasks to be assigned to them.

Since EQB is engaged in a relentless, long battle against the occupation army and its security branches, the Brigades have faced numerous and continuous crackdowns by the occupation security and military machines. Hundreds of EQB members have been killed or imprisoned. Furthermore, the Palestinian Authority cracked down on the Brigades from 1995-2000 and arrested hundreds of members and commanders.

More than eight hundred members have been martyred since the outbreak of Al-Aqsa Intifada in September 2000.

Obstacles & Achievements:
Palestinians are facing many hardships and obstacles in their struggle towards freedom. The occupation security and military machines are the prime example of state-sponsored terrorism against the Palestinian people. Towards achieving their illegal policies, occupation forces use collective-punishment, torture, closures, assassinations and the indiscriminate use of force. In addition, they use pressure, intimidation and blackmail tactics to recruit traitors from among the ranks of Palestinians, to spy for them against resistance fighters. Another obstacle is the need for advanced means of resistance to counter the occupation and defend the people and the land.

EQB has worked very hard over the past few years to counter the occupation’s terrorist policies. And in many cases, EQB registered surprising victories against fortified military targets and against occupation forces attacking Palestinian neighborhoods.

Faced with the military and security machine of a regional superpower, Ezzedeen Al-Qassam Brigades relies on the support of Allah Almighty during the struggle. After that, the Brigades derives strength from the strong belief in the justice of the Palestinian cause, and the firm belief that the will of the victims will defeat the arrogance of the aggressor.

Through sheer determination, dedication, and ingenuity in exploiting occupation weaknesses, the occupation army leadership decided to withdraw from inside the Gaza Strip, and to maintain the occupation through control of borders and airspace and maritime limits. The occupation army and settlers dismantled their illegal settlements and army bases, and took their shattered Zionist dream out of Gaza.

Likewise, Ezzedeen Al-Qassam Brigades is confident that the completion of the liberation of Gaza will be fulfilled; and that the liberation of Palestinian land will be realized.

How can you help Al-Qassam?
There are many ways to help. You can help us with whatever you are capable of doing. You can send us thoughts, ideas, suggestions, opinions, comments, or other forms of support. To contact us: english@alqassam.ps

sábado, 15 de outubro de 2011

THE CONTRIBUTIONS OF RELIGIOUS TEACHING TO THE BEHAVIOR FORMATION OF ENTIRE MAN*

Silva, A. N.

Pedagogy graduate by FECLESC/UECE

gpem2@yahoo.com.br

Abstract: The realization of this work, in accordance with the way as the conscience to reflect the exterior, possibility at man becomes social being. In the middle of primitive collective, the necessaries actions at life, through this reflect, possibilities that man when supply a necessity, improve this action and himself. In this low development, contradict and gradually the man tried explain the nature around himself. With the level low of development in relation to modern science, this primitive being to award at several natures phenomena, a supernatural force, this is the first way of explain the word: the magic. Slowly, the man to noticed that the magic explanations, puts forward of own nature, lose the value. The until at that time looked to dominate through the magic rituals those strangers forces, consider that over those lot of powers, must to exist one that controlled all others. Here, specifically appears the religious position. The man not more controlled the supernatural forces, but to submit himself at this major force. Precisely here is the big difference between one and other. Is over this base that all religions will development. The first religion to state completely was the Judaism, as much the Christianity as the Islamism are derivates indirectly or direct of this first. Mochcovitch (1992), to presenting the Gramsci though about the school, say that all superstructure is subject at the economic model, thus, this religious forms, mainly the Christianity, in the context of the fight by a unanthrophomorfized science and of the explosion of capitalism system, supported in the Saint Thomas Aquino theology, will defend a anthrophomorfic science. This religion position in the actuality, inside of the school, collaborates with the conformism production and with reactionary positions supported by the false science (theology). The actuation of the religious teaching inside of Burguesy School, is a sign that exist strong contribution with the reproduction of the capitalism economic model, deprive the student of a big range of universal knowledge. Thus, this religious teaching, to contribute for a formation of entire men aliened, immerse only in the everyday – mainly under the low capitalism as the Brazilian case.

Key words: Magic; Religion; Science; Religious teaching; Education-work; Entire man-Entirely-man.


* This is the monographic title to presented in 2011/01 as pre-requisite to obtain the graduate title in Pedagogy, by the Universidade Estadual do Ceará – UECE, in the campus of Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC. The text here is the official monographic abstract.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Novidade no mercado político!



O Ornitorrinco Buliçoso, sempre procurando atender as exigencias de seus leitores, resolve investir no mercado da política e lança a VOTOLIMPO S.A, empresa destinada a compra, venda e troca de voto. Para acabar com a angústia de nossos políticos, finalmente chega ao mercado uma empresa genuinamente brasileira, totalmente aprovada pelo STE. Agora ficou fácil comprar e verder voto, basta uma ligação, um click, e pronto! vença a corrida eleitoral sem se preocupar com o ficha limpa. Nossa empresa oferecerá ainda atendimento personalizado ao eleitor, como transporte ida e volta até o local de votação, café da manhã e almoço. Seja um vencedor nas urnas em 2012, contrate já os nossos serviços! Aceitamos VISA e MASTER.

terça-feira, 29 de março de 2011

O QUE O SECRETÁRIO NÃO EXPLICOU…

(Secretário de Educação de Capistrano) – Bom dia Rufino, bom dia os ouvintes da FM Maior, satisfação retornar a essa emissora. A gente fica feliz pelo ibope, pelo momento marcante aqui com os professores, o Prefeito falou muito bem, que uma das atribuições da administração em que ele faz parte é incentivo à educação. E a gente vem incentivar de forma bastante espontânea, com dialogo, com todos os envolvidos, dialogo com todos os atores é… que fazem parte desse grande… elo que é a formação dos nossos alunos, uma qualidade que pode ser voltada a todos eles, e que a gente possa contemplar… acima de tudo a aprendizagem, então o momento foi marcante por isso, porque foi um envolvimento em que a partir de agora, a gente tem um norte, agente tem uma perspectiva, e a nossa meta principal no ano de 2011 é alfabetizar os nossos alunos, aqueles alunos que por ventura tenham dificuldades, a gente vai trabalhar dando um incentivo particular, um incentivo diferenciado, afinal de contas, os indicadores estão aí para testar e, o nosso município quer ter bons indicadores, nós queremos envolver nesse sentido a classe dos professores para que eles possam verdadeiramente brilhar conosco nessa grande jornada.

Não precisaria, mas só por questão de reforço, antes de tudo, queremos alertar para a tenuidade da fala transcrita acima. A mesma é claramente vazia e pouco objetiva, para não adiantar o mascaramento da realidade que vem explícito nesta fala. Dois são os possíveis motivos para isso. Ou o ‘repórter’ estava apressado para ouvir outras falas desse tipo… ou o Secretário realmente não tinha nada mesmo de importante para falar.

Primeiro: O Secretário diz há um “incentivo espontâneo” no que se refere a educação. Devemos deixar claro que, se tal incentivo diz respeito a “sorrisos falsos” e “tapinhas nas costas”, eles não contribuem em absolutamente nada com a elevação da qualidade da Educação no município de Capistrano. Todavia, se o “incentivo” refere-se a investimento mesmo, nos salários, formação e compra de materiais utilizáveis pela Educação daquela Cidade, nesse caso, ou esse incentivo sai da Secretaria e não chega na sala de aula, ou se quer sai da Secretaria de Educação. O fato é que a cada dois bimestres professores “temporários” ficam sem ganhar, trabalhando como voluntário para garantir um novo contrato, ou se submetem a uma esmola de R$ 150,00 para poderem sobreviver. No nosso entender, isso não é incentivo.

Segundo: De acordo com o Senhor Secretário, além de haver um incentivo, este é de forma “espontânea”. Sinceramente, os vários professores e pessoas com cargos de confiança (em sua maioria, emprego por favores políticos) não foram espontaneamente nas comunidades pedir voto para os candidatos apoiados pela administração. A maioria destas pessoas submetem-se a essa vergonha, porque sabiam que do contrário perderiam a fonte de seu sustento. O Secretário, nesse caso, não foi de forma alguma espontâneo, ele foi sim, bastante consequente e, quando diz que não é obrigatório que o professor temporário ou o coordenador faça isso, esta na verdade querendo dizer que também não é obrigatório que a administração continue com essa pessoa contratada, caso ela não faça aquilo que foi pedido “espontaneamente”.

Terceiro: Gostaríamos de saber exatamente o que o Sr. Secretário quis dizer quando afirmou que mantém um “diálogo” com todos os envolvidos na educação daquele Município. Dialogar para nós tem a conotação de resolver, discutir aquilo que deve ser discutido em conjunto, respeitando a opinião e a capacidade, a potencialidade dos elementos envolvidos naquela conversa. Como vimos acima, que tipo de diálogo é esse em que alguém, por estar ocupando um cargo a serviço da população, se acha superior a essa população (que por sinal paga seu salário) agindo como um ditador, negando aos professores o direito de colocarem suas opiniões, de realmente poderem fazer uma educação? Como pode existir um diálogo saudável no sentido de que, realmente juntos, possam trabalhar em prol da melhor qualidade na educação de Capistrano, se a Administração ameaça demitir várias das pessoas envolvidas na educação? Que tipo de diálogo democrático, construtivo igualitário pode haver se o Secretário ‘exige’ que os professores temporários saiam às ruas fazendo campanha política? No nosso modo de ver, isto não é ‘dialogar com as partes envolvidas. Mas sim, humilhar os ‘atores’ envolvidos na educação, é não permitir que eles por suas próprias reflexões façam a sua escolha política. Para nós, essa é uma atitude de baixeza de espírito, arrogância e prepotência.

Quarto: Todos esses pontos não acrescentam qualidade alguma à Educação de Capistrano. Contudo, o Secretário fala em contemplar uma “aprendizagem” e que a meta principal é a alfabetização dos alunos. Quem já esteve em uma sala de aula do Ensino Fundamental de Capistrano sabe exatamente – pode até não querer dizer como medo de perseguição política – que nas atuais circunstâncias, é muito difícil que se tenha realmente uma melhora na qualidade da aprendizagem daqueles alunos. Entre os motivos, só para citar alguns como exemplos, a Secretária já chegou a dizer que não tinha condições de xerocar as provas bimestrais de algumas escolas. Em algumas localidades falta o básico, ou seja, professor. Sendo os diretores e coordenadores, algumas vezes, obrigados a assumir a sala de aula. É difícil para nós, entendermos como pode haver incentivo à educação, como pode existir um esforço para melhorar a qualidade da aprendizagem se falta justamente um dos elementos indispensáveis na escola, o professor. É absolutamente triste, vergonhoso saber que uma Administração deixa faltar professor nas salas de aula.

Quinto: Apesar de tudo isso, o Secretário diz que pretender dar incentivo particular para os alunos com dificuldade! É muita hipocrisia. Pois como vimos, falta professor em horário normal de aula, e é comum isso no meio e no final do ano. Imagine então, ter professor extra para atender as dificuldades dos alunos de modo extraclasse. Ele devia ao menos, respeitar as famílias daquelas crianças. Ademais, o Secretário se mostra preocupado com os indicadores. Ou seja, que para o MEC, a educação no Município aparente estar evoluindo qualitativamente. Todavia, queremos só lembrar que, tal interesse não pode ser pelo real crescimento da qualidade da educação no Município, pois se fosse assim, os pontos anteriormente ressaltados, não aconteceriam na realidade. O interesse, porém, é que com altos índices, seja liberada mais verba para a educação do Município, para mais uma vez ser mal gasta.

Nós que fazemos o GPEM, queremos diante dessa pequena nota, apenas mostrar que aqueles que deveriam realmente – pois são pagos para isso – promover a qualidade da educação de Capistrano, estão de fato, piorando-a cada vez mais. Esse é apenas uma alerta a população daquele município, para que procurem cobrar, exigir da Administração providencias sérias com relação a educação, e não apenas discursos.

Ademais, em conseqüência da ânsia de vômito, causada pela memória do modo como essas pessoas oportunistas atuam, retirando o pouco de educação que resta às nossas crianças, queremos apenas lembrar que no passado, presidentes foram depostos e, no presente, ditadores com décadas no poder estão sendo depostos de seus cargos. A história nos mostra que o devir é soberano, e que a mudança é inevitável. Se estas pessoas com poder e representação política de nível internacional caíram, que dirá aqueles de nível municipal.

quinta-feira, 17 de março de 2011

FICHAMENTO

LUKÁCS, Georg. Introdução a uma estética marxista: sobre a Categoria da Particularidade. Rio de Janeiro; Civilização brasileira, 1968.

II – A tentativa de solução de Hegel

“citação direta”

(citação indireta)

[comentário]

· “Este fracasso é causado pela situação histórica daqueles pensadores e pela sua posição em face dos problemas da época” (sobre Kant e Schelling) 35

· “Já Schelling, cujo pensamento se orientava para a compreensão filosófica da evolução, mistificou de modo irracionalista as intuições e as referências então ainda escassas de uma teoria da evolução universal” 36

· “seu pensamento, precisamente no período de máximo florescimento, orientava-se de modo tão decisivo para a filosofia da natureza que lhe faltaram todos os pressupostos para aprofundar tais questões” (sobre Schelling) 36

· “Hegel [...] partiu precisamente da tentativa de compreender filosoficamente as reviravoltas sociais de sua época” 36

· “tão logo ele estende seu método aos fenômenos naturais, surgem nele limites idealistas análogos aos de seus predecessores. [...] como Engels demonstrou para toda a filosofia hegeliana, tais limites derivam da contraposição de sistema e de método” 36-37

· O sistema de Hegel “transforma freqüentemente o desenvolvimento reconhecido pelo método em um desenvolvimento apenas aparente” 37

· “o jovem Schelling esboça uma teoria [...] na qual a natureza é concebida como inconsciente, a história como consciente e sua síntese residiria na arte como atividade consciente-inconsciente” 37

· “o desenvolvimento, ‘a metamorfose não senão ao conceito, pois só a modificação deste é desenvolvimento’” 37

· “Hegel é o primeiro pensador a colocar no centro da lógica a questão das relações entre singularidade, particularidade e universalidade” 37

· O avanço de Hegel deve-se ao fato de ele ter realizado várias “tentativas de compreender filosoficamente as experiências da revolução burguesa de sua época, de encontrar nelas a base da existência de uma dialética histórica” 38

· “a tarefa da revolução, para Hegel, é precisamente a de criar um ordenamento estatal que corresponda as relações sociais reais. Buscando esclarecer filosoficamente esta questão, ele se depara com o problema da dialética histórico-social de universalidade e particularidade.” 38

· Hegel considera o ancien régime como tendo “a pretensão de representar a sociedade como um todo (em lógica: de ser universal), mas um tal Estado serve exclusivamente aos interesses das camadas feudais dominantes (em lógica: do particular)” 38-39

· “a classe revolucionária, a burguesia, o Terceiro Estado, ao contrário, representa na revolução o progresso social, bem como os interesses das outras classes (o particular torna-se universal)” 39

· Como se vê, Hegel transpõe aqui em termos filosóficos as situações sociais e as idéias políticas que as exprimem. Todavia, esta transposição na abstratividade lógica é uma concreta generalização de reais e essenciais motivos da revolução francesa. 39

· [Na verdade Hegel quer mostrar que o aciente regime se diz universal quando na realidade seus interesses são estritamente particulares, ao contrário da burguesia, onde seus interesses são os interesses da coletividade, são interesses universais]

· “Hegel permanecia no terreno dessas ilusões” 40

· (É típico de Hegel tentar resolver filosoficamente problemas sociais e históricos tendo como determinante a Revolução Francesa) 40

· (A categoria ‘positividade’ em Hegel muda no decorrer do amadurecimento de Hegel, o que mostra a importância da base social para a determinação das diferenças filosóficas) 40-1

· “não é a filosofia, portanto, que toma o particular como um positivo, pelo fato de que ele é um particular, mas isto ocorre tão somente na medida em que ele atinge uma parte própria de autonomia fora da conexão absoluta do todo” 43

· “a ‘positividade’ [...] possui primariamente um caráter não filosófico, mas histórico-social” 43

· [Deve entender a categoria ‘positividade’ dentro do problema da universalidade e particularidade. É analisado aqui, por exemplo, que circunstancias o particular ou o universal é positivo, ou em que momento. Sobre isso, Lukács exemplifica em diálogo com Hegel que, se, no caso do feudalismo, ocorre uma grande cisão entre as idéias, o novo (burguesia) se contrapondo ao velho (feudalismo), este último que apenas se pretende universal, mas que segundo Hegel é particular, como cristalizado que está, é tido como ‘positivo’, enquanto que o novo, a burguesia é vista como negativa. Daí os conflitos e a própria revolução. Mas se, ao contrário, dentro do regime feudal, não há possibilidades de outro modelo (do novo), e dessa maneira o feudalismo é hegemônico, como a única forma de eticidade possível. Considerando a escravidão de tal regime bem como outros pontos afins, uma vez entendidos esses pontos, o regime feudal pode ter uma conotação negativa e, ou, positiva se tal situação não perceptiva em sua realidade por quem é partícipe da mesma]

· “a transformação da universalidade em particularidade e, com isto, como vimos, a dialética de universalidade e particularidade é o problema da ininterrupta transformação da sociedade como lei fundamental da história” 44

· [Nota-se, apesar de todo o progresso de Hegel, aspectos bastante idealistas, como por exemplo, o fato dele considerar a universalidade como um momento da idéia produtiva, em um movimento em si e para si.] 44

· [Outros traços desse idealismo, que se relaciona com o anterior, é a forma de Hegel conceber a classe nova que se revela pela Revolução Francesa, ou seja, a burguesia, como a mais evoluída, o topo da evolução das formas de sociedade. Dessa forma, a classe burguesa era tida por ele como gênero (universal), e a sociabilidade “superada”, a feudal, como espécie (particularidade). Entretanto, Lukács ressalta a importante afirmação de Hegel de que devemos conhecer a forma anterior pela posterior, pela mais moderna. E não ao contrário.] 44

· [Cabe aqui a questão: o argumento de que só podemos conhecer as formas anteriores (gerais) partindo das mais evoluídas, é de Marx ou de Hegel?] 44

· [Hegel compreende que o que surge como novo, como a sociabilidade burguesa, de inicio assume características gerais, universais, e que só posteriormente se afirma, e seus pontos concretos se mostram a realidade. Daí segue a dinâmica constante entre seus universais e seus particulares.] 45

· [Hegel depois de sua fase juvenil, abandonou a idéia de que a Revolução Francesa pudesse chegar à Alemanha e trazer, no futuro, transformações. Ele adota, em sua maturidade, o ponto de vista segundo o qual, os eventos progressistas, não apontam para mudanças futuras, mas sim, que eles são já a conclusão, a fase final das mudanças. Dessa forma Hegel não admite mais nenhuma forma de sociabilidade post burguesia.] 46

· [Segundo Lukács, Hegel afirma ser da negação do particular, do determinado que surge o universal. Interessante ressaltar que o particular, como finito, deve necessariamente perecer, é então o particular que nega a si mesmo para daí termos o universal. Dessa consideração de Hegel podemos entender que, necessariamente o universal está presente no particular (em potência e em ato, pois o movimento é eterno), já que este necessariamente deve perecer.] 46

· [Sobre esse ponto acima, podemos lembrar aqui a famosa frase de Spinoza, “toda determinação é uma negação”.]

· [Uma das críticas de Marx dirigidas a Hegel exatamente sobre essa dialética universal e particular, é sobre o fato de que Hegel, apesar de considerar que o particular nega-se a si mesmo, nas lutas “cotidianas”. O próprio Hegel põe o universal como situado fora dessas lutas, como algo transcendente. Ficando assim, fora da história.] 46

· [Interessante notar que, as inconseqüências de Hegel criticadas por Marx são justamente devido a sua descoberta da relação entre trabalho e teleologia.] 48

· [Ao conceber o espírito do mundo como demiurgo da história, Hegel tira do trabalho sua real e necessária função, e o faz por mistificação e generalizações abstratas.] 48

· [Por seu idealismo, Hegel concebe a teleologia antes da vida... como será possível alguém planejar, idealizar algo sem que esse alguém exista?] 49

· [Sobre essa falha de Hegel, Marx faz elogios a Darwin, por seus estudos sobre a evolução da vida mesmo, que contribuíram de forma decisiva para a concepção dialética da história.] 49

· [Lênin diz ser genial o esforço de Hegel em tratar na lógica os problemas da vida. Porém seus limites idealistas causam confusão. Hegel considera, por exemplo, que a natureza é tão somente o estranhamento do espírito, da idéia, uma alienação desta. Dessa forma, Hegel não pode conceber nenhum desenvolvimento no plano histórico, concreto e real, ele o considera apenas na idéia.] 50

· [Hegel chega a afirmar que a vida enquanto posta na natureza é apenas uma exteriorização da existência, enquanto que na idéia ela é uma multiplicidade de formações reais.] 50

· [Hegel, ao considerar para sua dialética universal-particular uma base social determinada, tal como ele entendia, leva a mistificações nesta mesma dialética.] 52

· [Para Hegel, a realidade é a unidade de universal e particular, o ser é determinações do universal.] 52

· [Destacada a influência da economia clássica sobre a filosofia de Hegel. É partindo dessa base que ele analisa a questão do trabalho.] 54

· [Segundo Lukács, a adesão de Hegel à economia clássica, torna-se uma prestação de contas a respeito de suas antigas ilusões heróicas sobre a Revolução Francesa.] 54

· [Hegel destaca que a função dialética desempenhada pelo particular na sociedade de seu tempo, é positiva no sentido da necessidade de renovação daquela sociedade. Contudo, esse mesmo elemento particular nas sociedades antigas fora o motivo de sua decadência.] 55

· [Importante que Hegel não afirma claramente que a dialética do particular seja socialmente condicionada, mas deixa isto implícito, tal como na questão do trabalho.] 55

· [A economia e de Smith e o fato de este ser cristão, serviram para Hegel pensar o presente como o mundo das contradições.] 56

· (O universal atingiu seu pleno reconhecimento através do cristianismo) 56

· [As considerações de Hegel a respeito do universal e particular levando em conta a religião, são ou demonstram, segundo, Lukács, os aspectos falhos da filosofia de Hegel. Contudo, ao menos, pelo fato de ele ter considerado, para esta análise a religião em períodos diferentes, mostra que ele procedeu, ao menos, de maneira histórica. E isso não é pouco, pois indica sua consciência a respeito das determinações históricas.] 56

· [Problema de terminologia faz com que Hegel, por vezes tente entender o presente partindo do passado. Ao invés de classes, ele usa extratos. Isso, segundo Lukács, confunde os limites.] 57

· [Sobre a economia capitalista, Hegel ver também pontos negativos, mas estes não influem de forma decisiva em sua construção conceitual.] 58

· [Sobre diferentes formas de como um individuo, particular, pode pertencer as diferentes camadas sociais, que Hegel chama de extratos, ele cita a sociedade antiga em que o estado mesmo decidia a posição do indivíduo, e cita as castas índias onde o nascimento determina em que estrato da sociedade o indivíduo irá viver.] 58

· [Hegel, se põe contra a questão da universalidade extrair de si mesmo a particularidade, pois segundo ele, quando o indivíduo promove uma finalidade particular, estar promovendo o universal, o universal promove por sua vez a particularidade do indivíduo] 59

· [O homem (particular) com sua capacidade de refletir sobre o seu entorno, diferentemente dos animais, chega a uma infinitude, que na concepção de Hegel é má. Tal gera a desarmonia na sociedade, essa que só pode tornar-se harmônica por via do estado (universal) que domina esses impulsos particulares.] 59

· [Importante destacar que Hegel, tem como origem da dialética universal-particular, a própria realidade. E que os limites de sua lógicas são determinados pela sua posição frente a sociedade] 60

· [Hegel procura delimitar conceitualmente o belo como unidade do teórico e do prático. Entretanto, o teórico, ou seja, o científico, é limitado ao particular] 61

· [Segundo Lukács, Hegel considera o cidadão como sendo universal. Ao que se entende esse cidadão é aquele em função do Estado, que se identifica com o Estado.] 61

· [Ao tentar mostrar logicamente que o monarca contém os três elementos da totalidade, ele de fato usa para tal uma pseudo dialética.] 62

· [É esclarecido que para compreender a importância de Hegel, é necessário estar atento ao que é falso e ao que é justo. Pois, Hegel foi o primeiro a construir uma lógica sobre a dialética de universal-particular-singular.] 63

· [É novamente reforçado por Lukács, e ele tem ao longo do texto exibido provas disso, que o sistema de Hegel corrompe sua dialética, seu método.] 62

· “imediatamente, dado que o universal é apenas idêntico a si mesmo, enquanto ele contém dentro de si a determinação como tolhida, e, portanto, é o negativo enquanto negativo, ele é a mesma negatividade que é a singularidade; e a singularidade, dado que ela é o determinado determinado, o negativo enquanto negativo, é ela mesma imediatamente a mesma identidade que é a universalidade” (Lukács apud Hegel) 63

· [Para Hegel, a determinação é sempre um caminho que leva do universal ao particular (especificação). Para ele, portando, o particular não é um mediador entre universal e singular, mas sim um processo autônomo do movimento da especificação (determinação).] 64

· [Lukács argumenta que, tal idéia de movimento expressa por Hegel, tal como posta acima, já era concebido por Kant. Contudo, para Kant, tal movimento era incognoscível, incompreensivo, enquanto que para Hegel, sendo dialética, a própria das coisas concretas, ela deve ser perfeitamente compreendida pelo intelecto.] 64

· [No fim do parágrafo que termina na pág. 65 existe uma questão a se discutir. Lukács, pelo que deixa entender, vem – mesmo expondo pontos de atraso na filosofia de Hegel –, mostrando ao longo do texto (como se pode perceber em muitas passagens acima) que Hegel, de modo geral, foi metodicamente dialético, pressupõe-se que sua lógica, construída sobre essa dialética de universal-particular-singular, deva ser (como Lukács mesmo afirma em alguns trechos) uma lógica dialética. Todavia neste momento ele questiona sobre as limitações de uma lógica formal de Hegel. Bom a questão é saber qual a relação entre lógica formal e lógica dialética (ontológica).] 65

· [A grande diferença entre a lógica de Hegel e a lógica de seus antecessores, é exatamente o fato de que, nos anteriores, a lógica inicia-se com o conceito. Enquanto que, para Hegel, o conceito é a culminação de uma série de determinações lógicas. É por isso que Hegel chama de conceito concreto e total.] 65-7

· [É óbvio que não é possível explicar e muito menos entender a lógica do conceito de Hegel com esse esquema. Este serve apenas como maneira de visualizar o comentário que o precede.]

· [Segundo Lukács, Hegel afirma ser a singularidade, o determinado determinado. a particularidade é universalidade determinada (particular). Ou seja, determinação referindo-se a si mesmo. Dessa forma, a particularidade pressupõe a singularidade.] 66

· [Interessante destacar que nesse ponto a dialética rompe com o empirismo e com o nominalismo, onde estes consideram apenas o singular com ‘concreto’, sendo o universal e o singular puras abstrações.] 66

· [Ainda sobre a questão da singularidade, Lukács destaca novamente o idealismo de Hegel pelo fato deste recusar que se possa chegar ao universal por meio da extração dos traços comuns. Sobre isso, é importante fazermos a seguinte reflexão: como se chega a idéia de fruta? O que determina tal conceito?] 67

· [A atenção de Hegel para não cair no idealismo subjetivista, força-o várias vezes a um enrijecimento de sua filosofia, ao contrário da dialética materialista que por considerar o concreto como um movimento continuo, pode dessa maneira considerar o objetivo com muito mais flexibilidade e de modo muito mais dialético, sem, contudo cair naquilo que Hegel temia, no subjetivismo.] 67

· [Segundo Lukács Hegel organiza assim as categorias: “o universal assume o particular e o singular debaixo de si, o singular assume em si o particular e o universal, o particular assume o universal”] 68

· [Lukács destaca o fato de Hegel ter colocado a particularidade no seu devido lugar] 68

· [Por fim, para se utilizar as geniais descobertas de Hegel na ciência, é preciso tirar delas a visão idealista burguesa.] 71

terça-feira, 15 de março de 2011

FALTA MEDICAMENTO BÁSICO NO HOSPITAL DE CAPISTRANO

As pessoas que necessitam de medicamentos básicos, estão sofrendo com a falta destes no município de Capistrano – CE. Muitos que sofrem de hipertensão, diabetes entre outros problemas, reclamam que, após receberem a receita, se dirigem a farmácia do hospital para receberem seus comprimidos, mas frequentemente dão a viagem perdida, pois ficam sabendo que o medicamento do qual precisam acabou. O que mais chama a atenção, é que os medicamentos que faltam na farmácia são justamente aqueles mais comuns, e que são mais usados e que, por isso mesmo não deveriam faltar. Pois há muitas pessoas, principalmente senhores e senhoras de idade avançada, que não têm condições de pagar por estes medicamentos. Um dos comprimidos que falta frequentemente na farmácia pública é a sinvastatina.sinvastatina

Mas, segundo relatos de usuários da farmácia publica de Capistrano, falta até AS Infantil. Quem sofre com tal situação são as pessoas mais necessitadas, que ficam a mercê da falta de compromisso dos gestores municipais.

O GPEM alerta, esta situação não se resolverá enquanto a população não se dispor a cobrar realmente do Secretário de saúde e do Prefeito Municipal, que tomem de uma vez por todas um posicionamento firme para solucionar este problema. A população não deve abrir mão do direito de ter o mínimo de assistência com relação à saúde.

O GPEM cumprirá sua função social, e não deixará de alertar pelo menos aos que tem acesso a Internet, pois essa situação é prejudicial à camada mais carente de Capistrano e precisa ser resolvida. Ademais nossa intenção é tão somente tornar público, divulgar. Não queremos de maneira alguma prejudicar nenhum “cidadão” daquele Município.

segunda-feira, 14 de março de 2011

AVISO

CC

FICHAMENTO

INTRODUÇÃO À CONTRIBUIÇÃO PARA A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA - KARL MARX (1859)

Produção, Consumo, Distribuição, Troca (Circulação)

1. Produção

a) O objeto a considerar em primeiro lugar é a produção material

· O ponto de partida deve ser a produção de indivíduos socialmente determinada.

· Os profetas do século XVIII sob os quais se apóiam Smith e Ricardo tomam o homem que surgia nesse período não como produto das relações anteriores em dialética com a nova que surgia, mas sim como o começo da história.

· Marx diz que quanto mais recuarmos na história veremos sempre o individuo (o produtor individual) dentro de um grupo, dependendo diretamente ou indiretamente. Primeiro o individuo naturalmente é membro da família (família aqui não tem as conotações psicológicas e sociais modernas do termo), depois da ampliação da família, ou seja, a tribo. Em seguida ele é parte de uma comunidade de tribos que se formam, de modo geral pelo antagonismo e pela e afinidades entre as diversas tribos. Apenas na sociedade moderna, a “tribo”, ou o conjunto é visto como algo exterior, o qual é buscado apenas como meio de se obter vantagens financeiras, e não mais com o espírito de interdependência de outrora.

· Justamente quando na sociedade surge essa idéia de indivíduo isolado, é que as relações entre homens estão de modo geral mais universalmente postas. Sobre isso, basta atentarmos para a própria produção onde certos produtos para serem finalmente consumidos dependem de várias pessoas em diferentes países. Lembremos também das comunicações. Veja a contradição, quando mais dependentes estamos em um contexto global, mais forte é a cada dia a idéia de cada um por se, de você pode, só depende de você!

· O homem não é apenas um animal social, mas político também. Ele apenas pode individualizar na coletividade.

· É idéia completamente absurda que a produção possa desenvolver-se em um indivíduo isolado, assim como é igualmente absurdo que a linguagem desenvolva-se sem que existam homens com a necessidade (fundada no trabalho) de utilizá-la.

· A produção em geral é uma abstração que tem um sentido fundado na produção particular, concreta.

· Todos os períodos da produção diferem-se entre si, mas também têm traços comuns.

· Nunca podemos esquecer-nos das diferenças existentes entre o sujeito e o objeto, ou seja, entre o indivíduo e a natureza, pois isso conduz a grandes falseamentos da realidade. Os economistas modernos devem toda sua argumentação ao esquecimento dessas diferenças.

· Ressalta a importância de distinguir claramente entre: produção em geral, ramos particulares de produção e a totalidade da produção.

· Os livros ou teóricos da economia moderna, sempre querem mostrar, ao tratarem da economia, as condições sem as quais seria impossível a produção, e as características que podem ampliar ou reduzir a produção. Como por exemplo, o clima, a proximidade de lagos etc.

· Tais teóricos da economia moderna também procuram mostrar que a produção é determinada por leis eternas da natureza. a conseqüência disto é a afirmação da atual sociabilidade burguesa como natural, não podendo assim, ser alterada. Enquanto isso, eles, os economistas modernos, tomam a distribuição como arbitrária, de modo que esta pode se realizar conforme a vontade do indivíduo. Marx exemplifica sobre a distribuição que, tanto o escravo, como o servo, o empregado, o clero etc... ambos recebem uma parte da produção social, contudo, as leis que regem a distribuição da produção que chega até o clero é diferente das leis que regem a produção que chega ao escravo. Apesar disso, o mesmo dito antes sobre características comuns aos vários modelos de produção que se deram ao longo da história, também aqui, com relação a distribuição da renda, existem pontos comuns entre as distribuição de renda na sociedade escravista e no capitalismo.

· A argumentação desses economistas modernos de acordo com o posto acima produz várias tautologias, como exemplo, dizem eles que a propriedade é condição para a produção. Primeiro que toda produção é apropriação da natureza por um indivíduo no seio de uma determinada sociedade.

· Com relação a proteção da propriedade, hoje, os capitalistas preferem a policia do que a antiga lei do mais forte. Mas eles esquecem que, cada forma de produção gera a suas próprias leis, e que, atualmente, o que eles chamam de Estado da Lei, é apenas a aplicação da lei do mais forte.

2. As relações gerais entre a produção e a distribuição, a troca e o consumo.

· A produção é determinada por leis gerais da natureza, a distribuição se dá segundo contingências sociais que podem até certo ponto interferir ou motivar a produção. A troca é uma espécie de termo médio, que é socialmente “determinado”, e por fim, o consumo é o ato final, que situa-se fora da economia política.

· Os economistas são acusados por seus inimigos de separarem partes do todo ao procederem às suas análises.

a) Produção e consumo

· Toda produção é consumo. Ao se produzir algo, existe o consumo da força mesmo de quem realiza o ato, bem como das ferramentas etc.

· Só existe consumo com produção, mas só existe produção com consumo. Tem-se portanto uma relação dialética. A produção é imediatamente consumo, e este é imediatamente produção. Marx exemplifica com os trilhos de um trem. Se por eles não passa nenhum trem, se eles de maneira alguma são utilizados, se no meio onde pode estar não tem nenhuma relação produtiva com a natureza, nós podemos até dizer que estes trilhos existem apenas na idéia, pois eles não têm nenhuma finalidade. Assim, para que produzir se ninguém irá consumir? E o que quê consumir se não há nada produzido?

· Sobre essa dinâmica acima, Marx diz: “cada um é imediatamente o seu contrário”.

· O consumo influi na produção de duas maneiras, primeiro que, o produto só é produto no ato do consumo, ou seja, através deste. Isso por si só, influencia na produção. Segundo porque, a produção tem o objeto manifesto no seu ato, mas o consumo, o consumir produz na idéia o objeto da produção e, uma vez que esta ultima existe para o consumo, ela é alterada pelo consumo e por sua vez o altera. É um circulo dinâmico. Marx ressalta, todavia, que o consumo reproduz as necessidades.

· Mar argumenta que, a produção determina, ou seja, predomina sobre o consumo. Ela acaba criando o consumidor, moldando-o. Podemos entender isso da seguinte maneira: todas as pessoas têm necessidades básicas, como alimentar-se, por exemplo. Mas existem outras de segunda ordem que já não compõem o básico, e que são, na verdade postas do exterior para dentro do consumidor. Um exemplo são os celulares, que estão praticamente se superando a cada dia, e a cada novo lançamento o indivíduo sente a necessidade de possuir aquele novo modelo. Nesse caso, a produção de aparelhos celulares, por meio da mídia, molda aquela pessoa para que ela consuma não o modelo anterior, não o de outra marca, mas aquele específico, determinado aparelho. Assim há diferentes tipos de produção, e diferentes tipos de consumo ou consumidores. Marx diz sobre isso que a fome apesar de parecer universal, tem suas particularidades, pois a fome que é saciada em restaurante com carne bem preparada, com gafo e facas, é diferente daquela fome que é saciada nos lixões com pedaços de carne semiputrefadas, agarrados com as próprias mãos.

· Marx diz que a produção cria um sujeito para o objeto.

· A produção, porém não é apenas imediatamente consumo, e nem o consumo é apenas imediatamente produção. Um não só o meio para o outro, e o outro não é só o fim do primeiro. Mas sim, quando o consumo se realiza em sua determinação, ele realiza a produção. Eles realizam-se ao mesmo tempo, o próprio produtor só é tal quando o consumidor absorve o produto (objeto) da produção realizada pelo produtor (geral e particular).

· É especificado aqui que, a produção prepondera sobre o consumo. Este último é elemento interno no processo de produção. Deve-se ficar alerta portanto, com aqueles que identificam diretamente produção com consumo.

· Destacamos aqui a dialético constantemente presente no argumento marxista. Vemos a fidelidade de Marx ao seu próprio método. Tal procedimento não obscurece, não torna impossível o entendimento da realidade, não a mistifica, pelo contrário, é o que mais chega próximo da realidade do movimento.

· A distribuição é a mediação entra produção e consumo (a priori se dá por contingências sociais).

b) Distribuição e produção

· Os economista correntes (da época de Marx) tomam o capital como determinante da produção. Eles não tomam o salário como trabalho assalariado. De forma semelhante não tomam a renda imobiliária como forma evoluída da propriedade agrária rural, mas sim pressupondo apenas a terra limpa e seca.

· A distribuição é determinada pela produção, é um momento no processo de produção. A distribuição lida com o objeto produzido. Ao mesmo tempo, o modo como um determinado grupo participa da produção, especifica particularmente a parcela da produção que caberá a esse grupo.

· Interessante ressaltar que pelo fato do indivíduo ao nascer, depender da parcela que lhe é socialmente cabida para poder ativamente produzir, lhe faz imaginar que a distribuição vem antes da produção. Quando na verdade a primeira já foi estabelecida antes pela segunda.

· Marx procura mostrar exemplos históricos pelos quais, a má interpretação dos economistas modernos pode levá-los a crer que a produção é eterna, e apenas a distribuição é histórica. Como exemplo podemos imaginar a colonização de uma terra, onde os colonizadores definem as partes da terra que caberá a cada colono para que este possa produzir, ou, em outro caso, se os colonizadores escravizarem os nativos para sobrevirem do trabalho destes (como no caso da maior parte da áfrica). Nestes exemplos somos levados a entender que de fato, é a distribuição que determina a produção, ou, que a distribuição é histórica e a produção não.

· Na colonização três possibilidades são postas: primeiro o colonizador impõe sua produção aos colonizados; segundo, os colonizadores deixam permanecer a produção já existente e cobram apenas tributos e em terceiro, há uma correlação entre ambas as partes, de modo que gera uma nova produção, diferente daquela do colonizador e daquela dos colonos.

· Nas três possibilidades postas, ou seja, nas três maneiras diferentes de distribuir ou, no caso, redistribuir a produção, já pressupõe uma produção anterior.

· Marx esta sempre defendendo a produção material como fator preponderante sobre todos os demais. É o que nos deixa entender quando afirma que, para pilhar um povo, tribo, nação, ou qualquer outra forma de agrupamento, é necessário antes que nesse local exista algo a ser pilhado, ou seja, que já exista algo produzido. E até a própria forma de pilhagem é preponderantemente definida pela produção. Pois não se pilha a bolsa de valores da mesma maneira que se pilha uma sociedade escravista. Quem irá querer tomar escravos de uma região e levar para outra onde o escravo não será aceito como tal?

c) Troca e produção

· A troca, bem como o consumo e a distribuição, é um momento da produção. Assim, sem troca ninguém irá produzir, mas só há troca se houver um produto a ser trocado. Assim, a produção prepondera sobre o momento da troca.

· Concluí-se, portanto, que a produção, a distribuição, a troca e o consumo, não são idênticos. Todos esses elementos constituem-se como a diversidade no todo, são particularidades que formam a universalidade. Sendo que, a produção prepondera sobre os demais, existindo assim, não uma divisão entre eles por serem cada um, uma dada particularidade, mas sim que, todos estão em interação entre si.

3. O método da economia política.

· Geralmente os economistas ao analisarem a economia de um país partem do que eles entendem como sendo concreto, ou seja, partem da população, suas divisões em classes etc., contudo, tal modo de prosseguir é errado, pois é abstração considerar a população fora de todas as relações que a torna existente realmente. Assim, considerar o Capital sem produção, sem troca, sem valor, sem consumo, é querer analisar a partir de abstração pura.

· O método científico correto precisa considerar todas as relações. Determinações simples dentro desse conjunto possibilitam conhecer a estrutura como um todo.

· O concreto é concreto porque que é a síntese de múltiplas determinações, é a unidade do diverso. Segundo Marx, ele aparece ao pensamento como processo de síntese e não como ponto de partida, embora seja realmente o ponto de partida, inclusive das intuições e representações do pensamento.

· Hegel, sobre o dito acima, considerava o concreto como resultado do pensamento, assim, toda tentativa de ir do abstrato ao concreto, ou de se conhecer profundamente a realidade, consiste apenas em um movimento interno do pensamento, de si, em si, e para si.

· Todavia Hegel tem razão em iniciar a sua filosofia do direito pela posse. Se bem que a posse pressupõe uma forma de estado, mesmo o mais simples, ou seja, a família. Assim, existem famílias ou tribos que possuem, mas não tem propriedade. Assim, não parece correto que um selvagem que possua mas não tenha propriedade evolua para a família.

· Marx destaca o avanço na forma de conceber a riqueza. Primeiro concebia-se o dinheiro como fonte da riqueza, em seguida, os fisiocratas concebiam como fonte de riqueza o trabalho, mas um trabalho determinado, o trabalho agrícola. Em seguida, a concepção de Adam Smith, de que a riqueza pertence ao trabalho, ao trabalho em geral. Contudo Marx argumenta que Smith as vezes tende a aproximar-se dos fisiocratas.

· As abstrações mais gerais só podem surgir quando há um desenvolvimento do concreto. Nesse caso, o trabalho – antigo como ele é – só pode se tornar categoria geral abstrata enquanto fonte de riqueza, quanto se realizou como tal na sociedade moderna.

· Marx enfatiza – questão de método – que a sociedade burguesa é a mais evoluída forma de produção – obviamente não implica que seja a ultima – pela qual podemos entender as formas anteriores.

· Contudo, por exemplo, a economia burguesa só entende a feudal, com a qual lutou se realizar uma crítica a se mesmo. Semelhante aconteceu com relação a religião, como na crítica do protestantismo ao catolicismo, ou ainda do cristianismo ao paganismo.

· Ao ter certo entendimento do atual, podemos criticar e entender a anterior. Ao fazer isso, entendemos melhor a atual.

· Não podemos considerar que uma sociedade existe a partir do momento em que se fala sobre ela, especificamente. Toda sociedade é dada na realidade e na mente e, em toda sociedade existe uma forma de produção determinada e com seus limites.

· Devemos (questão de método) analisar o capital isoladamente, depois a propriedade agrária, e em seguida todas as suas relações.

· As categorias assumem posições diferentes segundo as sociedades nas quais as consideramos.

· Marx, ao utilizar a arte para clarear seu método, diz que, cada arte é determinada por seu contexto histórico e social. A arte grega é fruto daquela época grega, baseada numa forma mitológica de compreender a natureza. Essa forma é incompatível com a do renascimento, neste, a mentalidade do artista é dominado pelas idéias iluministas que apontavam para o capitalismo – apesar de ainda conservar traços míticos em segundo plano. Contudo, o que é interessante nestas artes gregas (antigas, de outros períodos anteriores), é que mesmo nossa mentalidade sendo dominada pelas atuais formas de sociabilidade, estas obras gregas ainda nos causa prazer estético. (provavelmente, como explica Lukács, por elas terem, apesar de ter seus limites históricos e sociais, ou seja, suas especificidades, alcançado um caráter universal.

sábado, 12 de março de 2011

QUEREMOS VER A REAÇÃO…

CARTAZ1

Este é apenas um rascunho de cartaz, não temos nada marcado, mas a ideia é verdadeira. Esperamos que os interessados se manifestem, sabemos que existem pessoas por perto que estão muito bem capacitadas para por em prática essa ideia. Estamos completamente abertos a discutir a melhor maneira de concretizar esta ideia que, sem dúvida, muito contribuirá para a comunidade.

 

Aguardamos…

gpem2@yahoo.com.br

REFLEXÕES SOBRE A PRIMEIRA AULA DA DISCIPLINA ONTOLOGIA DE LUKÁCS, DO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO–UFC/UECE

 

Em muitos aspectos eu invejo o meu pai, um deles, é a incrível capacidade de fazer cálculo mental e conseguir pensar rápido sobre determinado problema. Talvez pareça uma habilidade boba, mas é exatamente por eu não dispor dela, que somente agora, passado vários dias, posso tecer minhas considerações (bastante simples, por sinal) sobre a primeira aula da disciplina de Ontologia de Lukács, ofertada pelo mestrado acadêmico em educação da UFC, que terá como ministrantes os professores Deribaldo e Frederico.

Como esta comunicação é informal, vou me dar o luxo de não usar as exigências da ABNT, que por sinal, são enfadonhas e chatas mesmo. o pessoal que as faz, parecem nunca satisfeitos, estão sempre acrescentado, tirando… é incrível. Até Marx teria dificuldade para compreender a dialética da ABNT. Assim, estarei ao menos por alguns minutos livre dela, dessa forma, quem tiver alguma leitura de Lukács, Marx, Hegel, etc. saberá com maior precisão a quem pertence tal argumento ou categoria. Quem não tiver tal leitura, procure conhecer, pois apesar de parecer apenas um punhado de palavras abstratas, podem ser úteis, bastante úteis para se compreender a realidade.

Pois bem, na verdade (realidade), meus comentários dizem respeito especificamente sobre dois pontos (apesar de a aula ter sido riquíssima), o primeiro deles, consiste na fala do professor Deribaldo, quando este afirmou que a ciência é desantropomorfizada, querendo com isso, como foi entendido, expressar que ela (a ciência) estar fora do sujeito (homem). Como exemplo, na ocasião, o professor disse que a água é H2O, é ciência e esta posta na natureza independente da nossa vontade, querendo ou não ela é H2O.

No momento, houve protestos de alguns dos participantes. Mas vejamos com um pouco mais de calma a questão. Bem, para ser rigoroso, H2O não é ciência. Todavia, sem a ciência, sem o método científico, estes átomos, em si, elementos da natureza “bruta”, não teriam para o homem o significado que tem. Mas estes não deixam de estarem concretamente na natureza se não forem conhecidos pelo homem através de determinado método. Contudo, a ciência enquanto busca para apreender a realidade, não existe sem o homem. Assim, esse processo é humano, do homem, mas só é como tal porque existe a natureza geral exterior a ele, ao mesmo tempo em que ele é parte dessa natureza, bem como H2O, água, líquido da vida, enfim, como queiram.

Assim, a ciência não é desantropomorfizada, ou, rigorosamente, ela não é apenas imediatamente desantropomorfizada. Pois, a ciência pressupõe um nível, mínimo que seja, de desenvolvimento das sociedades, e pressupõe a natureza de modo geral. Ninguém procurará desenvolver a vacina contra a AIDS se não existir alguém que tenha contraído a doença, bem como, se não existir o vírus causador dessa doença. O que dirá então, se nesse contexto inserirmos as ciências sociais? Nesse caso, teremos outra confirmação de que não existe uma ciência exterior ao homem. Assim, é coerente afirmar que, a ciência (como busca pela apreensão da realidade) deve sempre procurar isentar-se das paixões humanas (principalmente nas ciências da ‘natureza’). Dessa forma, e só assim, ela pode ser desantropomórfica, no sentido de ser sempre uma tentativa de livrar-se de preconceitos sobre o objeto.

Bem, existe uma série de problemas a esclarecer sobre isso, mas, por enquanto, se quiser entender bem tal questão precisa-se considerar o princípio básico da dialética. Ou seja, considerar todas essas categorias em intercâmbio, em uma interdependência, preponderando sempre sobre os demais, a natureza material, concreta. Dessa maneira, a ciência não é estritamente antropomórfica, porque apesar de ser um processo humano, ela (ciência) depende dos elementos da natureza exterior ao homem (e do próprio cotidiano deste). Todavia, na era glacial, existia H2O, mas não havia ciência. Bom, sinteticamente é isto, claro que ainda bastante incompleto, pois, para ser mais claro teríamos aqui que analisar o problema de forma histórica considerando todas as mediações.

Em segundo lugar, eu mesmo, na ocasião da aula fiz a observação (partindo de comentários relacionando arte e educação) de que, não é função da arte fazer alguém se sentir bem espiritualmente ou materialmente, bem como não é seu papel educar. Sobre esse argumento, se contrapôs a fala de uma estimada professora de minha graduação, onde esta, pelo que ficou entendido, defendeu que a educação tem si, um papel educativo.

Pois bem, não sou crítico de arte, e muito menos artista. Por isso invocarei (adoro essa palavra, me lembra o Elogio da loucura – Erasmo de Roterdã) Lukács. Em sua Introdução a uma estética marxista, Lukács deixa claro que a arte, ou, para usar seu termo, o reflexo estético não tem compromisso em esclarecer a realidade. Este é justamente o principal ponto que diferencia arte de ciência. Segundo o esteta, no movimento particular-universal-particular, que é característico da arte autentica, é mediado pelo singular. Contudo, essa mediação não é fixa, o que de certo modo, constitui a peculiaridade da arte. Na ciência, a intenção é justamente aproximar-se das determinações concretas para daí ter-se a universalidade do conceito. Na arte não há nenhuma necessidade imediata de especificar o real, as particularidades, nem tão pouco os universais. Na religião, busca-se o universal, deus.

A educação institucional tem por sua vez, o dever de trabalhar com base na ciência, ou seja, ele deve buscar uma aproximação do real, o que se diferencia como visto, da pretensão da arte. Contudo, o próprio Lukács explica que toda arte, quando autêntica, trabalha elementos importantes de seu contexto histórico e social.

Assim, a arte não tem pretensão de educar. O cientista, apesar de toda intencionalidade, dos cálculos prévios, não consegue ter o absoluto domínio do fim, que dirá o artista. O engenheiro sabe que ao final de seu trabalho existirá uma determinada casa, e todos que ao final observarem o produto de sua ação saberá que é uma casa e que serve exatamente para abrigar. A obra de “arte” necessita, ainda muito, do campo homogêneo do observador para ser compreendida como arte. Depende da educação dos sentidos. Todavia, a arte tem seu conteúdo próprio, principalmente quando autêntica, partindo, como disse Lukács, de elementos importantes do cotidiano. Dessa forma, não-institucionalmente, somos educados no contado com ela, assim como somos no convívio com toda a sociedade e seus elementos constituintes, no sentido de apreender algo novo pela experiência do contato. Contudo, é incoerente afirma que a arte tem a função de educar.

Por enquanto (questão de método), quero afirmar que, o que está posto acima, são apenas comentários, não tem nenhuma pretensão de verdade. Na realidade, são apenas inquietações que, como tais, podem despertar outras.

 

Antonio Nascimento da Silva

gpem2@yahoo.com.br

terça-feira, 8 de março de 2011

O QUE É DIALÉTICA (FICHAMENTO)

 

KONDER, Leandro. O que é dialética. 25ª edição. Editora brasiliense, 1981.

ORIGENS DA DIALÉTICA

· Na Grécia antiga dialética era a arte do discurso.

· “Aristóteles considerava Zênon de Eléa (aprox. 490-430 a.C.) o fundador da dialética. Outros consideram Sócrates (469-399 a.C.)”

· “Na acepção moderna, entretanto, dialética significa outra coisa: é o modo de pensarmos as contradições da realidade”

· “No sentido moderno da palavra, o pensador dialético mais radical da Grécia antiga foi, sem dúvida, Heráclito de Efeso (aprox. 540-480 a.C.)”

· “Parmênides ensinava que a essência profunda do ser era imutável e dizia que o movimento (a mudança) era um fenômeno de superfície”

· “Essa linha de pensamento - que podemos chamar de metafísica - acabou prevalecendo sobre a dialética de Heráclito”

· “Aristóteles, por exemplo, um pensador nascido mais de um século depois da morte de Heráclito, reintroduziu princípios dialéticos em explicações dominadas pelo modo de pensar metafísico”

· “Segundo Aristóteles, todas as coisas possuem determinadas potencialidades; os movimentos das coisas são potencialidades que estão se atualizando, isto é, são possibilidades que estão se transformando em realidades efetivas”

· “Nas sociedades feudais, entretanto, durante os séculos da Idade Média, a dialética sofreu novas derrotas e ficou bastante enfraquecida.”

· “A ideologia dominante - a ideologia das classes dominantes - era monopólio da Igreja, elaborada dentro dos mosteiros por padres [...]Por isso, a dialética foi sendo cada vez mais expulsa da filosofia”

· “Um dos ideólogos mais famosos do Século XI, Petrus Damianus (1007-1072), dizia que, para o ser humano, a única coisa importante era a salvação da sua alma;”

· “O árabe Averróes e o francês Abelardo' procuraram, por caminhos muito diferentes, defender o espaço da filosofia, sem desafiar a teologia.”

· “Abelardo (1079-1142) conseguiu discutir longamente sobre as relações entre as categorias universais e as coisas singulares em termos de pura lógica, -mostrando assim, na prática, que existiam problemas importantes cuja abordagem não precisava da teologia”

· “Occam sustentava que, exatamente porque Deus é todo-poderoso e porque a vontade de Deus não pode ter limites, tudo no mundo é contingente, tudo poderia ser diferente do que é (se Deus quisesse); por isso, a teologia (que tratava de Deus) não devia interferir - segundo Occam - no estudo das coisas contingentes do mundo empírico”

· “O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) descobriu que Ptolomeu tinha-se enganado, que a Terra nem era imóvel nem era o centro do universo, que ela girava em torno do Sol.”

· “Galileu (1564-1642) e Descartes (1596-1650) descobriram que a condição natural dos corpos era o movimento e não o estado de repouso”

· “Pico de Ia Mirandola (1463-1494) sustentou que o fato de o homem ser "inacabado" e, portanto, poder evoluir lhe conferia uma dignidade especial e lhe dava até certa vantagem em comparação com os deuses e anjos (que são eternos, perfeitos e por isso não mudam)”

· “Com o Renascimento, a dialética pôde sair dos sobterrâneos em que tinha sido obrigada a viver durante vários séculos”

· “O caráter instável, dinâmico e contraditório da condição humana foi corajosamente reconhecido por um pensador místico e conservador, como Pascal (1623-1654)”

“o.

· italiano Giambattista Vico (1680-1744), também ajudou a dialética a se fortalecer. Vico achava que o homem não podia conhecer a natureza, que tinha sido feita por Deus [...]mas sustentava que o homem podia conhecer sua própria história, já que a realidade histórica é obra humana, é criada por nós”

· “Elementos de dialética se encontram no pensamento de diversos filósofos do Século XVII, como Leibniz (1646-1716), Spinoza (1632-1677), Hobbes (1588-1679) e Pierre Bayle (1647-1706) [...]Montaigne (1533-1592)”

· “ó maior dos filósofos iluministas é também o autor de uma obra rica em observações de grande interesse para a concepção dialética do mundo: Denis Diderot (1713-1784)”

· “"Todos os seres circulam uns nos outros. Tudo é um fluxo perpétuo. O que é um ser? A soma de um certo número de tendências. E a vida? A vida é uma sucessão de ações e reações” (Diderot)

· “Diderot aconselhava seus leitores: "Examinem todas as instituições políticas, civis e religiosas; ou muito me engano ou vocês verão nelas o gênero humano subjugado, a cada século mais submetido ao jugo de um punhado de meliantes", E recomendava: "Desconfiem de quem quer impor a ordem"”

· “Uma das obras mais famosas de Diderot é O Sobrinho de Rameau [...]o resultado é um confronto fascinante, que Hegel e Marx consideraram um primor de dialética.”

· “Ao lado de Diderot, quem deu a maior contribuição à dialética na segunda metade do Século XVIII foi Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).”

· “Por isso se entende que no Século XX um conservador radical - Maurice Barres - tenha escrito que Diderot e Rousseau (duas "forças de desordem") são responsáveis por muitos dos . males que nos afligem”

O TRABALHO

· No final do Século XVIII e no começo do Século XIX, os conflitos políticos já não eram mais abafados nos corredores dos palácios e estouravam nas ruas.”

· Essa situação se refletiu na filosofia [...]que se elaborava na longínqua cidade de Kõnigsberg, na Prússia oriental (hoje a cidade se chama Kaliningrado e fica na União Soviética), onde nasceu, viveu, escreveu e morreu aquele que provavelmente é o maior dos pensadores metafísicos modernos: Imanuel Kant (1724-1804).”

· Kant percebeu que a consciência humana não se limita a registrar passivamente impressões provenientes do mundo exterior [...]Sustentou, então, que todas as filosofias até então vinham sendo ingênuas ou dogmáticas, pois tentavam interpretar o que era a realidade antes de ter resolvido uma questão prévia: o que é o conhecimento?”

· Kant percebeu que “na própria "razão pura" (anterior à experiência) existiam' certas contradições - as "antinomias" - que nunca poderiam ser expulsas do pensamento humano por nenhuma lógica.”

· “Outro filósofo alemão, de uma geração posterior, demonstrou que a contradição [...]era um princípio básico que não podia ser suprimido nem da consciência do sujeito nem da realidade objetiva. Esse novo pensador, que se chamava Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)”

· Para Hegel o ponto “central da filosofia era a questão do ser, mesmo, e não a do conhecimento.”

· “Hegel descobriu, então, com amargura, que o homem transforma ativamente a realidade, mas quem impõe o ritmo e as condições dessa transformação ao sujeito é, em última análise, a realidade objetiva”

· “Hegel percebe que o trabalho é a mola que impulsiona o desenvolvimento humano; é no trabalho que o homem se produz a si mesmo; o trabalho é o núcleo a partir do qual podem ser compreendidas as formas complicadas da atividade criadora do sujeito humano.”

· “Hegel usou a palavra alemã aufheben, um verbo que significa suspender. Mas esse suspender tem três [...]negar, anular, cancelar; [...]erguer alguma coisa e mantê-la erguida para protegê-la [...]E o terceiro sentido é o de elevar a qualidade. [...]Hegel emprega a palavra com os três sentidos diferentes ao mesmo tempo.”

· “Para ele [Hegel], a superação dialética é simultaneamente a negação de uma determinada realidade, a conservação de algo de essencial que existe nessa realidade negada e a elevação dela a um nível superior.”

· No trabalho “a matéria-prima é "negada" (quer dizer, é destruída em sua forma natural), mas ao mesmo tempo é "conservada" (quer dizer, é aproveitada) e assume uma forma nova, modificada, correspondente aos objetivos humanos (quer dizer, é "elevada" em seu valor).”

· “parte da obscuridade de Hegel resultava do fato de ele ser idealista. Hegel subordinava os movimentos da realidade material à lógica de um princípio que ele chamava de Idéia Absoluta”

· “surgiu outro pensador alemão, Karl Marx (1818-1883), materialista, que superou - dialeticamente - as posições de seu mestre”

· Essa concepção abstrata do trabalho levava Hegel a fixar sua atenção exclusivamente na criatividade do trabalho, ignorando o lado negativo dele, as deformações a que ele era submetido em sua realização material, social”

A ALIENAÇÃO

· “O trabalho - admite Marx - é a atividade pela qual o homem domina as forças naturais, humaniza a natureza; é a atividade pela qual o homem se cria a si mesmo”

· “Como ele chegou a se transformar em "uma atividade que é sofrimento?”

· “Uma primeira causa dessa deformação monstruosa se encontra na divisão social do trabalho, na apropriação privada das fontes de produção, no aparecimento das classes sociais”

· “Uma primeira causa dessa deformação monstruosa se encontra na divisão social do trabalho, na apropriação privada das fontes de produção, no aparecimento das classes sociais”

· “As condições criadas pela divisão do trabalho e pela propriedade privada introduziram um "estranhamento" entre o trabalhador e o trabalho”

· “em lugar de reconhecer-se em suas próprias criações, o ser humano se sente ameaçado por elas”

· “O padre Henri Chambre, por exemplo, admitiu que, partindo da concepção do homem como um ser que se cria através do trabalho, não se pode negar validade à crítica de Marx à propriedade privada”

· “Mas os marxistas têm boas razões para replicar que, na medida em que rejeitam a dialética, os cristãos se privam de um instrumento eficientíssimo na análise dos problemas humanos, perdem boas possibilidades de agir com eficácia no plano político e acabam desperdiçando energias na retórica dos bons conselhos, na pregação moralista e em projetos ingênuos ("idealistas") de reforma dos costumes e das "mentalidades"”

· “As lutas de classes assumem formas extraordinariamente variadas [...]Nas sociedades capitalistas, as lutas de classes tendem a assumir formas políticas cada vez mais complicadas”

· “O capitalismo é como aquele aprendiz de feiticeiro que colocou em movimento forças que em seguida escaparam ao seu controle”

· “Pela primeira vez os anseios e ideais igualitários, coletivistas, socialistas, comunistas, dispõem de um portador material capaz de colocá-los em prática, através de uma prolongada luta política”

· “Os trabalhadores, além de viverem sob a ameaça da perda do emprego, são obrigados a se organizar e a lutar para defender seus salários; e o fato de tomarem consciência de que já existe uma alternativa socialista e de que a organização da produção poderia ser diferente é um fato que só pode agravar o mal-estar que sentem no trabalho”

· A burguesia “Como classe, na atual etapa histórica, ela não consegue elevar seu ponto de vista a uma perspectiva totalizante”

A TOTALIDADE

· Para a dialética marxista, o conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um processo de totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada”

· “Qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo. Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente, com problemas interligados”

· “Foi o que Hegel sublinhou quando escreveu: “A verdade é o todo"”

· “A realidade é sempre mais rica do que o conhecimento que a gente tem dela [...]porém, não nos dispensa do esforço de elaborar sínteses, se quisermos entender melhor a nossa realidade”

· “A totalidade é mais do que a soma das partes que a constituem”

· “E, se eu quiser elevar a minha análise a um plano filosófico, precisarei ter, então, uma visão de conjunto da história da humanidade, quer dizer, tia dinâmica realidade humana como um todo (nível máximo de abrangência da totalização dialética)”

· “Afinal, a dialética - maneira de pensar elaborada em função da necessidade de reconhecermos a constante emergência do novo na realidade humana - negar-se-ia a si mesma, caso cristalizasse ou coagulasse suas sínteses”

· “Processam-se alterações setoriais, - quantitativas, até que se alcança um ponto crítico que assinala a transformação qualitativa da totalidade. É a lei dialética da transformação da quantidade em qualidade”

A CONTRADIÇÃO E A MEDIAÇÃO

· “como é que eu posso ter certeza de que estou trabalhando com a totalidade correta? [...]não há, no plano puramente teórico, solução para o problema [...] Nenhuma teoria pode ser tão boa a ponto de nos evitar erros. A gente depende, em última análise, da prática - especialmente da prática social”

· “dialética recomenda que nós prestemos atenção [...]às contradições e mediações concretas que a síntese encerra”

· “A análise, portanto, só pode ser orientada com base em uma síntese (mesmo precária) anterior. Uma certa compreensão do todo precede a própria possibilidade de aprofundar o conhecimento das partes”

· “"0 concreto" - insiste Marx - "é concreto porque é a síntese de várias determinações diferentes, é unidade na diversidade."”

· “O irracionalismo desestimula o ser humano a realizar o paciente esforço de ir além da aparência, em busca da essência dos fenômenos”

· “"A dialética" - observa Carlos Nelson Coutinho - "não pensa o todo negando as partes, nem pensa as partes abstraídas do todo. Ela pensa tanto as contradições entre as partes [...]como a união entre elas”

· “As leis da lógica são certamente válidas, no campo delas; e - nesse campo de validade - a contradição é a manifestação de um defeito no raciocínio”

· “Henri Lefebvre escreveu, com razão: "Não podemos dizer ao mesmo tempo que determinado objeto é redondo e é quadrado. Mas devemos dizer que o mais só se define com o menos”

· “a contradição é reconhecida pela dialética como princípio básico do movimento pelo qual os seres existem. A dialética não se contrapõe à lógica, mas vai além da lógica, desbravando um espaço que a lógica não consegue ocupar”

· “Para desbravar esse novo espaço, a dialética modifica os instrumentos conceituais de que dispõe: passa a trabalhar, freqüentemente, com determinações reflexivas e procura promover uma "fluidificação dos conceitos”

A "FLUIDIFICAÇÃO" DOS CONCEITOS

· Em Hegel “a Idéia Absoluta assumiu a imperfeição [...]da matéria, desdobrou-se em uma série de movimentos que a explicitavam e realizavam, para, afinal, com a "trajetória ascensional do ser humano, iniciar enriquecida - seu retorno a si mesma”

· “Hegel, com a dialética dele,lançou as bases para a "fluidificação”

· “em Hegel, o ser humano que promovia o movimento da história era uma abstrata "autoconsciência", ligada à tal da Idéia Absoluta”

· “O movimento autotransformador da natureza humana, para Marx, não é um movimento espiritual (como em Hegel) e sim um movimento material, que abrange a modificação não só das formas de trabalho e organização prática de vida, mas também dos próprios órgãos dos sentidos”

· “A natureza humana, por conseguinte, conforme o conceito que Marx tem dela, só existe na história”

· “Marx não reconhece a existência de nenhum aspecto da realidade humana situado acima da história ou fora dela; mas admite que determinados aspectos da realidade humana perduram na história” [superação de Hegel, com conservação]

· “Mudança e permanência são categorias reflexivas, isto é, uma não pode ser pensada sem a outra”

· “Para Marx, a "fluidificação" dialética dos conceitos não tinha nada a ver com o "relativismo” e não podia, em nenhum momento, ser confundida com ele”

· “A "fluidificação" dos conceitos destinados a tratar dos dois lados dessa realidade só pode ocorrer através da determinação reflexiva”

· “Por isso a dialética não pode admitir contraposições metafísicas, tais como mudança/permanência, ou absoluto/relativo, ou finito/infinito, ou singular/universal”

AS LEIS DA DIALÉTICA

· 1- lei da transformação da quantidade em qualidade (vice-versa), Lei da interpenetração dos contrários e a Lei da Negação da negação.

· “Essas leis já se achavam em Hegel; Engels procurou resgatá-las do idealismo hegeliano e dar-lhes um sentido claramente materialista”

· “A experiência que foi sendo adquirida pelo movimento socialista ao longo do Século XX mostrou que as formulações de Engels - embora brilhantes e didáticas - possuem certas limitações.”

· Ao delimitar a dialética em três princípios, primeiro Engels usou de certa arbitrariedade, embora tenha se baseado bastante nas ciências naturais. Segundo, equivocou-se ao tentar fixar, codificar uma filosofia do movimento. Não é segura nenhum tipo de tentativa de codifica a dialética.

· Ter como base as ciências naturais, é complicado, pois quando tais princípios são aplicados na sociedade, os resultados são bem diferentes. Na natureza (ciências naturais), é tudo quantificado, diferente da área humana.

· As leis da dialética expostas por Engels, todavia, não são falsas, mas precisam ser aplicadas corretamente, ele mesmo denmostrou que assim como na física, elas também existem no social, mas que deve ser observado as circunstâncias.

· Depois de Marx e Engels, poucos entenderam a dialética marxista. Bernstein, socialista alemão (xxxx-1933) chegou a defender o abandono da dialética marxista e retomar a Kant, alegando este que a dialética de Marx impedia o entendimento das ‘coisas’.

· Quem não enxerga nada que dependa de sua ação facilmente se acomoda, fica a contemplar a história ao invés de fazê-la.

· A concepção marxista dialética da história não prever nenhum fim, nenhum momento determinado no futuro.

· Segundo Lênin, só se compreende O capital de Marx, se antes entender a lógica de Hegel.

· Lênin influenciou muitos marxistas ao redor do mundo ao tomar o pode na URSS em 1917. Aqui era um exemplo prático de que o homem como sujeito na história realmente a faz segundo sua necessidades e fatores de contingência.

· O húngaro Georg Lukács (1885-1971) afirmou que o diferencia o marxismo de outras teorias, não é apensa a questão econômica como base, mas sim o modo de ver o mundo segundo uma concepção dialética material universal, com totalidade, só assim se pode ver alam das aparências.

· Ao contrário de Lênin, Stálin não estudava as teorias, apensa usava-as para justificar atos práticos do partido.

· Konder enfatiza a importância da unidade dos indivíduos para a efetivação de objetivos dialéticos. A organização é fundamental para o revolucionário, não basta apenas a teoria. Contudo, é preciso que o individuo sinta suas forças multiplicadas na organização, no coletivo, e não anuladas por um grupo menor com objetivos diferentes dos seus.

· Diante do mundo tão dividido de hoje, é complicado até para um marxista entender que no confronto entre coréia do sul e coréia do norte, ele pode alterar algo. Talvez por essa dificuldade, Althusser tenha suposto a história como sem finalidade e sem espaço para a intervenção significativa do homem. Para evitar tal posicionamento, deve realmente entender a dialética.

· De certo modo, o individualismo, ou o reconhecimento de responsabilidades particulares, não anula a necessidade de associação, mais exige que a associação seja repensada, que a comunidade seja repensada segundo as atuais circunstâncias históricas.

· O não conhecimento da dialética, bem como diante do segmentado mundo atual que gera a necessidade de uma comunidade, os jovens, passam a aderir a qualquer ‘modelo’ de comunidade, seja pela semelhança de roupa, pela diversão etc.. De modo geral pessoas aderem a seitas e organizações afins ou ONGs, de modo que, ao se proclamarem revolucionários, mostram ser bastante reacionários, tendo suas organizações como deuses, que dessa forma não podem ser submetidos a critica profunda. Tal postura vez por outra leva ao fundamentalismo, que por seu turno é refletido em atos de violência gratuita.

· Konder diz que a filha de Marx perguntou ao pai qual seu lema preferido, e ele respondeu: duvidar de tudo. Esse é certamente o espírito da dialética. Assim, os verdadeiros revolucionários, os verdadeiros marxistas, não devem sair por aí tentando enquadrar o real, o concreto em um punhado de teorias. Mas sim estarem constantemente revendo suas próprias idéias, sua própria fundamentação marxista, provando-as na prática cotidiana.

· Contudo, ser revolucionário e fiel ao método marxista, a dialética, é um tanto complicado, pois imagine a confusão que seria se Marx ao se pronunciar para os proletariados disse o seguinte: companheiros proletários uni-vos. Quer dizer, será se historicamente segundo a dialética nós precisamos realmente fazer isso? Peraí, eu vou rever isso, mas talvez nós devêssemos mesmo!!!

· Não podemos nos limitar a explicar a dialética, devemos aplicá-la conseqüentemente.

· “Bertolt Brecht disse uma vez: "O que é, exatamente por ser tal como é, não vai ficar tal como está"”