terça-feira, 29 de março de 2011

O QUE O SECRETÁRIO NÃO EXPLICOU…

(Secretário de Educação de Capistrano) – Bom dia Rufino, bom dia os ouvintes da FM Maior, satisfação retornar a essa emissora. A gente fica feliz pelo ibope, pelo momento marcante aqui com os professores, o Prefeito falou muito bem, que uma das atribuições da administração em que ele faz parte é incentivo à educação. E a gente vem incentivar de forma bastante espontânea, com dialogo, com todos os envolvidos, dialogo com todos os atores é… que fazem parte desse grande… elo que é a formação dos nossos alunos, uma qualidade que pode ser voltada a todos eles, e que a gente possa contemplar… acima de tudo a aprendizagem, então o momento foi marcante por isso, porque foi um envolvimento em que a partir de agora, a gente tem um norte, agente tem uma perspectiva, e a nossa meta principal no ano de 2011 é alfabetizar os nossos alunos, aqueles alunos que por ventura tenham dificuldades, a gente vai trabalhar dando um incentivo particular, um incentivo diferenciado, afinal de contas, os indicadores estão aí para testar e, o nosso município quer ter bons indicadores, nós queremos envolver nesse sentido a classe dos professores para que eles possam verdadeiramente brilhar conosco nessa grande jornada.

Não precisaria, mas só por questão de reforço, antes de tudo, queremos alertar para a tenuidade da fala transcrita acima. A mesma é claramente vazia e pouco objetiva, para não adiantar o mascaramento da realidade que vem explícito nesta fala. Dois são os possíveis motivos para isso. Ou o ‘repórter’ estava apressado para ouvir outras falas desse tipo… ou o Secretário realmente não tinha nada mesmo de importante para falar.

Primeiro: O Secretário diz há um “incentivo espontâneo” no que se refere a educação. Devemos deixar claro que, se tal incentivo diz respeito a “sorrisos falsos” e “tapinhas nas costas”, eles não contribuem em absolutamente nada com a elevação da qualidade da Educação no município de Capistrano. Todavia, se o “incentivo” refere-se a investimento mesmo, nos salários, formação e compra de materiais utilizáveis pela Educação daquela Cidade, nesse caso, ou esse incentivo sai da Secretaria e não chega na sala de aula, ou se quer sai da Secretaria de Educação. O fato é que a cada dois bimestres professores “temporários” ficam sem ganhar, trabalhando como voluntário para garantir um novo contrato, ou se submetem a uma esmola de R$ 150,00 para poderem sobreviver. No nosso entender, isso não é incentivo.

Segundo: De acordo com o Senhor Secretário, além de haver um incentivo, este é de forma “espontânea”. Sinceramente, os vários professores e pessoas com cargos de confiança (em sua maioria, emprego por favores políticos) não foram espontaneamente nas comunidades pedir voto para os candidatos apoiados pela administração. A maioria destas pessoas submetem-se a essa vergonha, porque sabiam que do contrário perderiam a fonte de seu sustento. O Secretário, nesse caso, não foi de forma alguma espontâneo, ele foi sim, bastante consequente e, quando diz que não é obrigatório que o professor temporário ou o coordenador faça isso, esta na verdade querendo dizer que também não é obrigatório que a administração continue com essa pessoa contratada, caso ela não faça aquilo que foi pedido “espontaneamente”.

Terceiro: Gostaríamos de saber exatamente o que o Sr. Secretário quis dizer quando afirmou que mantém um “diálogo” com todos os envolvidos na educação daquele Município. Dialogar para nós tem a conotação de resolver, discutir aquilo que deve ser discutido em conjunto, respeitando a opinião e a capacidade, a potencialidade dos elementos envolvidos naquela conversa. Como vimos acima, que tipo de diálogo é esse em que alguém, por estar ocupando um cargo a serviço da população, se acha superior a essa população (que por sinal paga seu salário) agindo como um ditador, negando aos professores o direito de colocarem suas opiniões, de realmente poderem fazer uma educação? Como pode existir um diálogo saudável no sentido de que, realmente juntos, possam trabalhar em prol da melhor qualidade na educação de Capistrano, se a Administração ameaça demitir várias das pessoas envolvidas na educação? Que tipo de diálogo democrático, construtivo igualitário pode haver se o Secretário ‘exige’ que os professores temporários saiam às ruas fazendo campanha política? No nosso modo de ver, isto não é ‘dialogar com as partes envolvidas. Mas sim, humilhar os ‘atores’ envolvidos na educação, é não permitir que eles por suas próprias reflexões façam a sua escolha política. Para nós, essa é uma atitude de baixeza de espírito, arrogância e prepotência.

Quarto: Todos esses pontos não acrescentam qualidade alguma à Educação de Capistrano. Contudo, o Secretário fala em contemplar uma “aprendizagem” e que a meta principal é a alfabetização dos alunos. Quem já esteve em uma sala de aula do Ensino Fundamental de Capistrano sabe exatamente – pode até não querer dizer como medo de perseguição política – que nas atuais circunstâncias, é muito difícil que se tenha realmente uma melhora na qualidade da aprendizagem daqueles alunos. Entre os motivos, só para citar alguns como exemplos, a Secretária já chegou a dizer que não tinha condições de xerocar as provas bimestrais de algumas escolas. Em algumas localidades falta o básico, ou seja, professor. Sendo os diretores e coordenadores, algumas vezes, obrigados a assumir a sala de aula. É difícil para nós, entendermos como pode haver incentivo à educação, como pode existir um esforço para melhorar a qualidade da aprendizagem se falta justamente um dos elementos indispensáveis na escola, o professor. É absolutamente triste, vergonhoso saber que uma Administração deixa faltar professor nas salas de aula.

Quinto: Apesar de tudo isso, o Secretário diz que pretender dar incentivo particular para os alunos com dificuldade! É muita hipocrisia. Pois como vimos, falta professor em horário normal de aula, e é comum isso no meio e no final do ano. Imagine então, ter professor extra para atender as dificuldades dos alunos de modo extraclasse. Ele devia ao menos, respeitar as famílias daquelas crianças. Ademais, o Secretário se mostra preocupado com os indicadores. Ou seja, que para o MEC, a educação no Município aparente estar evoluindo qualitativamente. Todavia, queremos só lembrar que, tal interesse não pode ser pelo real crescimento da qualidade da educação no Município, pois se fosse assim, os pontos anteriormente ressaltados, não aconteceriam na realidade. O interesse, porém, é que com altos índices, seja liberada mais verba para a educação do Município, para mais uma vez ser mal gasta.

Nós que fazemos o GPEM, queremos diante dessa pequena nota, apenas mostrar que aqueles que deveriam realmente – pois são pagos para isso – promover a qualidade da educação de Capistrano, estão de fato, piorando-a cada vez mais. Esse é apenas uma alerta a população daquele município, para que procurem cobrar, exigir da Administração providencias sérias com relação a educação, e não apenas discursos.

Ademais, em conseqüência da ânsia de vômito, causada pela memória do modo como essas pessoas oportunistas atuam, retirando o pouco de educação que resta às nossas crianças, queremos apenas lembrar que no passado, presidentes foram depostos e, no presente, ditadores com décadas no poder estão sendo depostos de seus cargos. A história nos mostra que o devir é soberano, e que a mudança é inevitável. Se estas pessoas com poder e representação política de nível internacional caíram, que dirá aqueles de nível municipal.

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