sábado, 19 de junho de 2010

AINDA EXIGEM MELHORIA NA EDUCAÇÃO DE CAPISTRANO!!!

Os alunos de capistrano, assim como a maioria dos alunos da rede publica de outros municípios, sofrem e são agudamente prejudicados com a falta de recussos básicos como biblioteca, computadores conectados à internet, livros didáticos de qualidade, uma sala de aula que proporcione o minímo de conforto e uma merenda digna. Agora, em Capistrano, os administradores achando tudo isso pouco, resolveram de maneira inacreditavelmente "inteligente", tirar dos alunos as próprias aulas. Esse ato que reflete a incompetência da política educacional de Capistrano, foi justificado pelos "sábios" administradores como sendo em consequencia de corte de gastos. De certo eles pensam que o "povo" é cego e burro. Porque enquanto eles estão dando essas desculpas sem o minímo de coerencia, existem várias pessoas ganhando absurdos de dinheiro sem se quer saber onde estam lotadas. É uma vergonha uma administração "economizar" com a educação das inocentes crianças, para poder bancar os puxa-sacos que tão ávidamente defendem seus senhores. Isso causa nojo e repudio à essas pessoas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O VERBO VÔMITO

Isso não é poesia
parece mais com repente
daqueles que sai no impulso
como aquelas raivas grades
que a gente trinca o dente.
as letras tudo adoidada
sem beleza e com inmundice
chega esguia e assoberbada
quer mostar a escandiliçe
que atormenta a molecada.
descreve minino pobre.
sofredor sem ter cultura
que mal um bocado engole
esse angu da prefeitura
negado mais do que pode.
clementes por um cuidado
de direito e merecido
estão sendo saqueado
por uns caras conhecido
estão sendo maltratado.
o que era pra ser normal
está dentro da escola
já se foi pro escambal
mas vai retornar na hora
dos 100 conto eleitoral.
eita vereador duma égua
o prefeito tá sem controle
e o secretário diz arreda
tão fudendo a educação
que já era uma merda.
gente bonita e elegante
parcela o certificado
numa faculdade importante
mas num serve de porra nenhuma
são tudo uns ingnorante.
não tem visão de futuro
saquea a educação
e age sempre no escuro
sem tomar uma decisão
fica sempre sobre o muro.
corruptos e egoístas
não conhecem a realidade
dessa gente tão sofrida
mas sei com sinceridade
vai chegar a sua saída.
é.. vou saindo pro aqui
espalhar esses boato
pra vê se o povo ri
mas a coisa tá séria maxo
se não lutar vai cair.

Da religião: Formas Primitivas de religião

Da religião

1. Formas Primitivas de religião
As manifestações religiosas nem sempre foram como nós às observamos hoje. Assim como as outras construções do intelecto humano - e a própria natureza-, as religiões ou as formas de manifestação religiosa têm consideravelmente se alterando ao longo da história da humanidade. Isso, no entanto, não implica em dizer que as religiões de hoje não trazem em si traços de suas formas anteriores, muito embora, no caminho do tempo, detalhes, traços significante ficaram para trás, ou ainda, foram totalmente resinificados. Credos, objetos de adoração, dogmas, orações e toda ideologia e intenção por trás destes, tem se alterado. Isso de acordo com as condições históricas do momento e sempre com uma finalidade, com um propósito.
Antes de expor as consideradas formas religiosas primitivas, é válido esclarecer sobre como realmente surge não uma religião, mas o sentimento religioso. Este que é responsável pela forma institucional religiosa. Pois seria demasiado vago dizer que em um dado momento da história da humanidade, o homem simplesmente passou a crer em forças que não se constituíam na realidade concreta e objetiva em que vivia. Tal explicação de maneira alguma satisfaz um estudo acadêmico, aproximando-se mais de uma visão de mundo do senso comum. No entanto, para uma explicação clara sobre o fenômeno do surgimento da religião, algumas noções que se tem hoje sobre esse tipo de manifestação, terão que ser superadas. Partes dessas noções de certa forma até preconceituosas sobre as religiões, decorrem do cientificismo de nossa sociedade. Fato intrigante, pois mais adiante mostraremos que a própria ciência tem por trás características típicas de um sentimento religioso, e que o cientista no escuro de seu laboratório, opera com base mais na fé do que em seus dados coletados da realidade concreta.
De inicio, faz-se necessário distinguir sentimento religioso de instituição religiosa. Pois são duas áreas distintas entre si, apesar de frequentemente serem confundidas, motivo pelo qual até o momento tivemos poucos trabalhos realmente satisfatórios com relação ao tema. De maneira simples, mas concisa. Podemos associar o sentimento religioso com o sentimento do belo. De forma alguma podemos extrair o belo de uma sinfonia. Quando ouvimos, sentimos a beleza daquela sonoridade, nos desligamos da realidade dura do cotidiano por alguns instantes. Porém, nenhum físico poderá mostrar cientificamente, através de seus métodos, em que parte, ou detalhe da sinfonia se encontra o belo. Ele mostrará ondas, vibrações, freqüências, em fim, todas as partes concretas da música. Mas não conseguirá mostrar em qual dessas partes se encontra aquele belo sentido pelo apreciador da música.
Semelhante a essa contemplação da música é o sentimento religioso. No sentido de que ele é não uma fuga da realidade, mas uma maneira diferente de viver a realidade. O homem vive continuamente em conflito. As aspirações humanas de vida plena, paz e outras tantas aspirações de caráter até utópico não condizem com a cruel realidade diante de nossos sentidos. Contra as aspirações do coração a realidade mostra morte, derramamento de sangue inocente em guerras sem sentido útil para a manutenção da vida. O homem então, é tomado por essa constante discórdia dentro de si. Esse seria o primeiro momento constituinte do sentimento religioso. De acordo com Ruben Alves:
Desaparecem os horizontes, desaparecem as certezas, desorganiza-se o comportamento, inúteis as súplicas, inútil olhar para o futuro, inútil lutar. Só se ouve o silêncio, só se contempla o vazio, só se sente uma ausência. Chegamos a uma conclusão paradoxal. No seu primeiro momento, a experiência religiosa primordial, longe de ser uma visão de Deus, é o sentimento da dissolução do divino: morte de Deus, eclipse de Deus, ausência de Deus. É significativo que tanto no paraíso quanto na nova Jerusalém não haja templos. Num mundo divino não há lugar para a consciência religiosa. Somente sente a nostalgia religiosa ou aquele que foi expulso do paraíso ou aquele que ainda não encontrou a nova Jerusalém.
(Pág. 141, 2007)
O segundo momento configura-se como uma decisão. Pois neste ponto o homem tem à frente dois caminhos, pelos quais, dependendo de seu estado de espírito seguirá um ou outro. Ruben Alves descreve esse momento da seguinte forma:
Uma possibilidade é o ajustamento: tornarmo-nos realistas e objetivos. Aceitar a realidade socialmente construída como sendo, de fato, a realidade. A outra possibilidade é manter a suspeita de o real não seja real, e guardar, no espaço e no tempo que nos são interiores, os valores e aspirações para os quais não há lugar no mundo: utópicos.
Basicamente, e de forma breve, é dessa maneira que surge no homem o sentimento religioso. Como dissemos anteriormente, este é diferente da instituição religiosa. A ultima, por sua vez, com seus símbolos, templos e dogmas, é antes de tudo um reflexo do sentimento religioso. Ou seja, a religião como conhecemos é um coletivismo do sentimento religioso. Quanto acontece esse agrupamento, os objetivos e fins mudam de acordo com as relações de poder construídas dentro daquele determinado número de pessoas. Que em outras palavras é semelhante ao que acontece com os teólogos. Estes se preocupam em explicar a origem do nome de Cristo, cada letra. Como se isso fosse realmente importante e determinante nos fins construídos e desejados pelo próprio Cristo segundo os escritos que os homens lhe atribuíram.
Diante do exposto, e necessário. Trataremos de abordar especificamente sobre as religiões primitivas. Uma das formas mais primitivas de manifestação religiosa é conhecida como Animismo. Essa denominação tem relação direta com a manifestação em si e foi atribuída pelo Antropólogo Sir Edward. B. Tylor. De acordo Tylor, a noção de alma no homem primitivo surge em situações como, por exemplo, através dos sonhos e de doenças. Diante desses estados, julgou-se que havia uma força presente no homem que de certa forma era independente deste, podendo se manifestar em determinadas situações. O Antropólogo estabelece como sendo este o primeiro momento no surgimento das religiões. Uma fase seguinte seria já, considerando que a alma teria a capacidade sair do corpo humano e habitar qualquer outro componente da natureza. Daqui em diante, o homem primitivo passou a acreditar na existência de espíritos nas árvores, rios, pedras, vento e ouros vários elementos da natureza. Em termos gerais, na crença animista o espírito pode deixar o corpo que abriga por um certo tempo, não deixando com isso de exercer controle sobre esse corpo. No animismo, não existe idéia de ressurreição para os humanos e nem para os espíritos, isso implica que para os animistas os espíritos também morrem. É importante destacar aqui que, segundo Tylor, foi desse ponto que surgiu o fetichismo. Observamos aqui o seguinte. A manifestação religiosa surge de uma incapacidade natural de explicar os fatos tais como eles realmente ocorriam. Aqueles fatos contrariavam o intelecto do homem. Desse impacto, desse descontentamento com o que percebiam passaram a ver o mundo com outros olhos, uma outra leitura da realidade. Basicamente o animismo configura-se no exposto. No entanto, algumas considerações são cabíveis a teoria de Tylor. De acordo com seu trabalho intitulado Primitive Culture(1871), o desenvolvimento das religiões constituem-se em etapas distintas, quais sejam, animismo, fetichismo, totemismo e xamanismo, religiões politeístas e por fim, no ultimo estado evolutivo o monoteísmo. Porem, vários outros estudos já demonstraram que essa regra não é válida. Pois há religiões que passam da forma animista para a monoteísta, sem de forma alguma passar pelas outras etapas. Importante destacar aqui o contexto em vivia o homem. Sua relação era basicamente com a natureza. E como disse Rousseau, “tudo que eles precisavam era de alimento, uma fêmea e um lugar pra deitar”. Ou seja, uma vida extremamente natural.
Não podemos aqui precisar datas com relação a esse surgimento da religião. Pois não há estudo conciso que comprove nenhuma data fixa para o surgimento do animismo.
Para efeito de uma melhor compreensão, ressaltamos o seguinte. É difícil encontrar atualmente uma constituição religiosa pura. Em outras palavras, podemos perceber em uma determinada religião traços de várias outras. Tomemos como exemplo o Cristianismo. Essa crença é fundamentalmente monoteísta, porém, em seus rituais nota-se um toque do fetichismo. É o caso da Hóstia Consagrada. A está é atribuído não só o espírito de Cristo, mas também o seu próprio corpo. Ela é assim, tida como fonte de grandes poderes divinos para os cristãos. Este aspecto é outro que foge aos estudos de Tylor.
Uma outra manifestação religiosa antiga é conhecida como Xamanismo. Frequentemente a palavra tem sido ligada especificamente a crenças indígenas. No entanto, os indígenas foram os principais, se não os únicos responsáveis por manter a tradição das crenças xamanísticas. Foi através deles também que o xamanismo pode chegar a vários outros povos espalhados por todo o planeta. Contudo o xamanismo não é particularidade dos indígenas.
O xamanismo é considerado como uma das mais antigas religiões do homem. Estudos realizados com intenção de um maior aprofundamento sobre essa manifestação atribuem como período de surgimento dessa crença, a era paleolítica. Ou seja, o xamanismo existe há 40.000 (quarenta mil) ou 50.000 (cinqüenta mil) anos atrás. Portanto sua origem remonta a idade da pedra. Durante a primeira metade do século XX, foram descobertas em cavernas nos montes Pirineus, França, pinturas rupestres de figuras humanas com partes do corpo de animais. Por essa e outras características, tais pinturas foram atribuídas a antigas tribos xamãs que habitaram o local em uma época remota. A crença xamanística é fundamentalmente como a maioria das religiões primitivas, cosmológicas. Isso quer dizer que, os xamãs entendem o ser humano como um microcosmo dentro de um macrocosmo. Nessa relação, todas as particularidades da natureza estão entrelaçadas entre si mesmas e com o poder divino. Diferente de crenças não cosmológicas como será mostrado adiante. O homem xamã entende-se como um pedaço do todo “natureza” e do divino que a constituiu. Conclui-se com isso que o xamã ver em todos os detalhes da natureza um poder divino. Tal visão justifica o zelo natural das tribos xamãnicas para com toda a natureza, pois esta é sagrada para a tribo.
Sobre os rituais xamãnicos faz-se necessário um destaque maior. As tribos xamãnicas têm seus determinados instrumentos para uso em cerimônias. Tais instrumentos são de extrema importância, pois estes propiciam um momento de contemplação com a força divina. Entre os vários instrumentos podemos destacar aqui o tambor e o maracá. Os sons produzidos por esses dispositivos favorecem o relaxamento ou o desligamento do corpo físico, facilitando também no xamã um estado de consciência alterado. Exercícios vocais também são usados para induzir o membro da tribo em um transe. Basicamente o ritual xamãnico propõe o alcance de um estado de consciência alterado e profundo. Para os xamãs, é nesse momento de transe, de viagem fora de si, de transcendência, que eles adquirem conhecimento e cura para as doenças. Tais conhecimentos são adquiridos através da comunicação com os seus ancestrais, que, dentro da tribo xamãnica são muito respeitados. Os xamãs são considerados profundos conhecedores do que eles chamam Medicina da Terra. Isso seria basicamente o uso de produtos puramente naturais no tratamento de doenças. Tal capacidade de dominar elementos da natureza na cura de doenças é transmitida de geração em geração via oral, ou durante os momentos de êxtase religioso onde o xamã entra em contato com seus antepassados. Uma das grandes diferenças da crença xamãnica em comparação com as demais religiões, principalmente com as mais recentes, é que no xamanismo não existe o culto a um Deus em especial. Tomando como exemplo o Cristianismo. Este tem sua crença voltada na figura de um único deus. No caso do xamanismo, não há a figura de um deus central e único, nem se quer existe santos. Numa tribo xamãnica prevalece simplesmente o culto aos antepassados, possuidores dos conhecimentos necessários para a vida do próprio xamã em particular e para toda a sua tribo. No mais, por se tratar de uma religião cosmológica, o xamanismo mantém uma dedicação religiosa com os elementos constituintes da natureza a sua volta. Portanto, para os xamãs a união com o natural faz com que a energia deste ultima seja absorvida pelo xamã, que junto com os conhecimentos dos ancestrais formam a base essencial para a vida da tribo.
Como inicialmente comentamos sobre o xamanismo, este foi graças às tribos indígenas preservado e transmitido de geração em geração. Isso permitiu que povos do mundo inteiro viessem a conhecer essa manifestação religiosa. Hoje o xamanismo possui praticantes em todo o planeta. Um fator que contribui para essa expansão do xamanismo é justamente por não existir nessa crença o foco em um único deus, como já mencionamos anteriormente. Com isso, o xamanismo pode adequar-se em qualquer região através de uma religião já existente. Esse adequar-se do xamanismo por vezes leva-o a perder sua essência primordial, em outros casos porem, ele consegue manter fidelidade aos seus preceitos básicos. Outro fator importante para difundir o xamanismo nos dias atuais consiste no seu cuidado especial com a natureza. Nos dias que vivemos, com toda a mídia alertando para os perigos conseqüentes do descaso com o meio ambiente, uma crença que se mostra naturalmente voltada para a proteção e preservação da natureza, e fazendo isso como uma devoção religiosa. É compreensível que tal crença seja vista muito amigavelmente pelos nossos contemporâneos.
Uma outra forma de manifestação religiosa que é bastante comum em tribos é o Totemismo. No inicio do século XX os sociólogos tiveram um grande interesse em estudar esse fenômeno de caráter religioso primitivo. De acordo com alguns dos vários estudiosos do totemismo, essa constitui-se como a forma básica de manifestação religiosa pela qual toda a humanidade já passou.
Como religião primitiva, o totemismo tem fundamentos animistas. No entanto podemos distingui-lo das demais manifestações via características específicas do totemismo. Para melhor compreensão das práticas totêmicas em si, faz-se necessário abordar um pouco sobre a origem da palavra Totem. Em sua essência o termo Totem significa, ou implica, uma relação entre parentes próximos que não podem casar entre si. É com base nesse preceito que se organizam os clãs totêmicos. Dentro do grupo há todo um procedimento para saber se duas pessoas podem ou não se casarem.
A prática religiosa totêmica tem como base a relação com o totem. Este geralmente é um animal. Para os totemistas, o totem é uma representação fiel do sagrado. Ele é responsável pela vida na tribo, interferindo diretamente na rotina do clã. O totem é assim o objeto de adoração do clã, portanto, tem para com a tribo suas restrições, suas regras, seus tabus. Sendo essa mais uma marca forte que distingue o totemismo de outras manifestações. Ou seja o totemismo é fortemente carregado de tabus que tem por objetivo principal separar o sagrado do profano. Outra característica marcante do totemismo diz respeito à organização dos clãs. Ou seja, cada clã tem o seu próprio totem, e a participação religiosa dos membros do clã variam de acordo com o sexo e a idade. Todos no clã respondem pelo nome do Totem, este é também uma espécie de identidade do clã. Por exemplo, se um clã tem como seu totem a águia, todos desse clã se consideram como uma águia, mesmo sabendo existencialmente que não são. Uma outra idéia que encontramos no totemismo é a de mana. Este está presente também do animismo. Conceitualmente, mana seria uma força divina superior, um deus impessoal, imaterial, cuja sua força material se revela no totem.
Os totemistas praticam a exogamia, que em outras palavras significa que, não pode haver casamento na tribo entre parentes de sangue. Essa atitude tem a ver com as questões morais das tribos totêmicas. Importante ressaltar o seguinte. A relação do animal, seja qual for o totem, não é para com um membro do clã de forma individual, e sim o totem é para o coletivo do clã. Muitos atribuem o termo totemista para quem, individualmente tem essa relação com algum animal ou planta, que acredita ser, ou ter poderes sobrenaturais. O que configura-se um equivoco.
Uma manifestação religiosa que pode ser atribuída individualmente, diferente do totemismo, é o Fetichismo. Além da definição religiosa ou antropológica do termo, Fetichismo é definido ainda em duas diferentes áreas, psicologia e sociologia.
Na antropologia, fetichismo é a crença no poder sobrenatural ou divino de algum objeto que essencialmente não tem nada daquilo que lhe atribuído. Religiosamente falando podemos comparar com as imagens dos “santos” cultuados pelo cristianismo católico. Os fiéis tem a convicção de que aquelas imagens tem poderes sobrenaturais que podem intervir curando e amenizando os problemas do cotidiano. Um outro exemplo de pratica fetichista é o Vudo. Nessa pratica, é atribuído a um boneco de pano o poder de manipular outras pessoas. Essa é a orientação religiosa do fetichismo.
Na psicologia, o fetichismo é relacionado com uma patologia. Refere-se principalmente a questão sexual. Ou seja, ao individuo que direcionam seu prazer a um objeto qualquer. Esse objeto acaba por substituir o sexo oposto na relação sexual, daí a atribuição de patologia a esse comportamento. Como no caso religioso, a característica marcante aqui é que esse objeto nada tem a ver com o significado dado a ele pelo fetichista.
Na sociologia Marx também usou o termo fetichismo. Referindo-se aqui a profunda alteração nos valores das “coisas”, seria o fetichismo da mercadoria. Este tipo consiste nos valores da sociedade para com os objetos por ela produzidos. Podemos exemplificar da seguinte forma. A razão de andarmos vestidos, de se usar roupas, é por que a moral da sociedade em que vivemos diz que andar sem roupa é errado. Portanto, a função da roupa é cobrir o corpo. Porém, no modelo econômico em que estamos a roupa parece ter outra função, pois não basta ser uma roupa, tem que ser da Diesel, não basta ser um tênis, precisa ser da Nike. As roupas caras, os tênis de marca, são símbolos de poder, representam status para o usuário, parecem inserir esse na sociedade. Ou seja, na realidade o objeto em si nada disso representa, torna-se assim um objeto de fetiche.
Basicamente o fetichismo consiste nessas representações. Podemos considerar que todas as áreas de conhecimento que empregaram o termo, o fizeram sem subtrair a sua essência.
No momento são necessárias algumas considerações sobre tudo que foi exposto. Totemismo, Xamanismo e Fetichismo são manifestações religiosas primitivas, como já colocamos. Elas atualmente existem ou em sua forma pura, ou mesclada em grandes religiões espalhadas por todo o mundo, e que na maioria das vezes os fiéis não se dão conta das origens dos detalhes dessas grandes religiões. Esses três tipos são essencialmente de base animista. Ou seja, o Animismo é a forma de manifestação das religiões primitivas. Como o Cristianismo que tem vários subgêneros como por exemplo, o Protestantismo, Igreja Apostólica Romana, Catolicismo Ortodoxo entre outros. Portanto, Xamanismo, Totemismo e Fetichismo, são domínios religiosos primitivos do Animismo.

O Hinduísmo

2.1 O Hinduísmo
O hinduísmo é a religião predominante na India atual, assim como a muito tempo atrás. No entanto o Hinduísmo é o que poderiamos chamar de um produto da evolução -através de um processo longo e na maioria das vezes, as três religiões confundiam-se por traços semelhantes-, de duas outras religiões que também já foram bastante populares na India, em tempos remotos. Então para uma melhor compreensão a respeito do hinduísmo, de como ele se dá atualmente na India, abordaremos primeiramente suas bases, suas origens, a começar pela religião Védica, que corresponde a primeira religião que serviu de base para o hinduísmo.
O vedismo tem sua origem bem antes da era cristã, de acordo com Félicien Challaye: “grupos que mais tarde seriam classificados como indu-europeus, vindos quer das proximidades do báltico, quer da Rússia meridional, ocuparam o Irã, a Pérsia moderna” (1998 pág. 60). Esses mesmos povos, tempos depois, por volta do séc XVI a.c., teriam invadido o norte da India e dominado os nativos daquele local que eram conhecidos como os dravidianos. De acordo com estudiosos da cultura indiana, esses povos invasores eram loiros de olhos claros, fisicamente bem formados, por essas caracteristicas chamavam-se árias, ou arianos.
Outros estudos porém, vieram a público opondo-se a idéia até então difundida de que antes dos arianos chegarem a India, ou quandos eles lá chegaram, os dravidianos que eram os habitantes da região não passavam de bábaros sem nenhuma cultura. Tais estudos mostraram que evidencias de uma civilização muito anterior aos invasores. Provavelmente povos sumerianos. Esses povos já existentes na India tinham uma crença basicamente animista e totêmica. Tal cultura, diferente do que se pensou por muito tempo, influenciou bastante na futura religião dos arianos que ali chegaram. Antes do Vedismo propriamente dito, entre os povos próximos da India e aqueles que haviam chegado ali, os arianos. Haviam traços claros do totemismo e do animismo. Mas acima da diversidade de objetos de crença natural dessas formas religiosas primitivas, já se consideravam três divindades principais, Indra, Mitra e Varuna. Esses serão as três principais divindades do Vedismo.
O vedismo é definido pelo Livros dos Vedas. Estes contem mais de mil hinos, eles abordam sobre magia, exorcismo, poesias profundas filosoficamente e outras de carater mais mundano. Ou seja, o Livro dos Vedas contém toda a orientação da religião Védica, é sua bíblia, e a mais antiga de todas, pois data de aproximadamente 1500 antes da era cristã.
O elemento essencial do culto védico é o sacrificio. Por meio deste, unicamente, os homens podem agradar os deuses, e reciprocamente, os deuses retribuiriam os homens com boas dádivas. O sacrificio é então o ato criador de tudo. As práticas rituais sacrificias são especialmente realizadas pos homens chamados bramanes. Um tipo de sacerdote. Apenas o bramane pode realizar o ritual, pois só ele conhece os segredos mágicos do sacrificio. O ritual pode ser realizado por conta própria do bramane ou de forma particular, sob encomenda. Neste caso, o bramane exige algo em troca do ritual, geralmente eram feitos em troca de vacas, pois este animal, assim como na India atual, era sagrado para aquele povo. No vedismo o bramane é a figura mais importante. A sociedade é dividida em castas. Temos então no topo das castas os bramanes, logo abaixo os Kshatrias que compreende os principes e os arianos, em seguida os vaicias, na sequencia os cudras e por ultimo excluido de todas as castas e considerados inferiores a todas elas estão os párias. O culto religioso no vedismo ainda é muito restrito as castas mais altas.
Como acabamos de expor, o ritual do vedismo passa obrigatoriamente pelo bramane, ele tem o monopolio da religião védica. Julga-se que apenas ele conheça as regras e entenda as formulas mágicas do Livro dos Vedas. Certamente todos os bramanes eram figuras criativas, com um bom raciocínio e um exelente poder de oratória para persuadir os povos, sem contar o estados em que eles estavam naquela sociedade, que provalvelmente já decorria de um lado, por seu poder de persuação e conhecimento do Livro dos Vedas, por outro, pelas suas posses materiais.
Diante de tal situação, os bramanes eram realmente muito importantes para aquele povo. No entanto, havia um certo descontentamento por conta da restrição dos rituais que impedia com que todos tivessem direito de prestar seus sacrificios aos deuses. Os bramanes, buscando solucionar o problema, tendo eles profunda interpretação sobre o Livro dos Vedas, iniciaram uma especie de reforma do vedismo, tal processo culminaria em uma nova religião. Como descreve Félicien Challaye: “os bramanes extraíram do vedismo uma religião destinada a justificar o lugar ocupado por eles no primeiro plano da sociedade” (1998. pág. 65). Ou seja, por volta do século IX ou VIII antes da era cristã, os bramanes procuraram através do entendimento que tinham sobre seus escritos sagrados, buscar justificativas para sua posição relevante na sociedade. Mostraram que eles e apenas eles podiam realizar o ritual, pois este exigia habilidades mágicas que não eram comum a todas as pessoas. Argumentaram também que há todo um processo minucioso no que diz respeito aos rituais, algo muito complicado, detalhes que não podem ser conhecidos instataneamente e que fazem toda a diferença no momento do ritual.Uma verdadeira ideologia dizia que era impossivél as pessoas comuns realizarem os rituais. O fruto dessa situação foi novos textos produzidos pelos bramanes, os Bramanas compostos por volta de 300 a 200 a.c., e os Upanichades, compostos aproximadamente entre 600 e 800 antes da nossa era. Textos esses, que apartir de então serviriam como fundamento da religião junto com o Livro dos Vedas. Com esses eventos deu-se o Bramanismo propriamente dito. Essas mudanças constituem-se como as bases para outra religião. O hinduísmo.
O hinduísmo tal como se apresenta hoje, configura-se portanto, como uma sintese dessas duas religiões anteriores. O hinduísmo conservou muitas características tanto do Vedismo como do Bramanismo, enquanto outras foram alterados radicalmente e remodelados. A concepção de salvação mudou assim como a forma do culto. No vedismo e no bramanismo existiam apenas uma via para se alcançar a salvação, que era através do sacrificio. No hinduísmo moderno existem tres maneiras de se alcançar a salvação, quais sejam: o sacrificio, entendimento e devoção. Estas novas maneiras de alcançar a salvação, abriu maiores possibilidades das castas inferiores obterem a salvação. Novos deuses tiveram destaque enquanto antigos apenas ganharam um nome diferente. Os livros sagrados do hinduísmo são os Vedas, Bramanas, Upanichades, os Puaras, e o Mahãbarata. Este ultimo tem sua composição provavélmente entre os séculos III e II antes da nossa era. A sua principal e tida como mais bela parte é de certa forma popular. É o chamado Bhagavat Gîta, este celebra particularmente o deus Krishna. Além desses há um outro chamado Ramaina, quase tão antigo quanto o Mahãbarata.
O hinduísmo mantem uma caracteristica das religiões panteístas. Nestas não existe um deus pessoal. O grande Brahman é o deus impessoal presente em toda parte do universo, de acordo com as tradições do hinduísmo, todos nascem no brahmam, vivem no brahmam e quando morrem retornam ao brahmam. Além dessa essencia divina e impessoal, o hinduísmo presta culto principalmente a Shiva, Vishnu e Krishna. No geral essas três divindades são tidas como manifestações mais pessoais do grande brahmam. Na vida religiosa do hinduísmo, o grande objetivo é romper com o eterno ciclo das reincarnações. Esse sempre renascer já foi visto como algo positivo para os hinduístas, mas com as mudanças que ocorreram na religião ao longo de sua evolução, como por exemplo a noção de brahmam, como a essencia divina de tudo que existe no universo, e atmam como a essencia individual, pessoal, como uma parte do brahmam e devendo a ele novamente unir-se. Assim, a reincarnação passou a ter uma conotaçaõ negativa. Devendo o hinduísta assim, livrar-se das dores do mundo e juntar-se ao brahma. O que rege esses ciclos são os próprios atos de cada individuo, que na tradição hinduísta chama-se karma.
Atualmente a India tem como centro religioso do hinduísmo a cidade de Benarés, onde se localiza milhares de templos religiosos. Importante destacar também o papel da mulher no hinduísmo. Na vida religiosa a mulher deve estar sempre no lugar de aprendiz, de servidora aos sacerdotes. Ou seja, apesar do hinduísmo ter várias deusas, a mulher no hinduísmo ainda é vista como submissa ao homem, e quase sempre não tem tanto acesso as menifestações religiosas como os homens.

AS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE RELIGIÃO PARA A FORMAÇÃO DA “CONDUTA” DO HOMEM INTEIRO

Governo do Estado do Ceará
Secretaria da Ciência Tecnologia e Educação Superior
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC
Curso de Pedagogia


Antonio Nascimento da Silva



AS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE RELIGIÃO PARA A FORMAÇÃO DA “CONDUTA” DO HOMEM INTEIRO


Quixadá/CE 2010
INTRODUÇÃO
Crescer numa estrutura familiar de caráter religioso pode levar um individuo a ter uma visão restrita, particular e destorcida de mundo. No entanto, sempre procurei ver a questão religiosa com olhos não de um crente fiel, mas sim procurando compreender uma lógica em toda aquela estrutura, buscando seus fundamentos racionais, já que observava que a religião estava em todos os momentos influenciando como fator determinante as ações da minha família. Tornou-se para mim, extremamente importante, ao ingressar na universidade e ter acesso a outros conceitos, analisar em que se funda, a quem beneficia e se realmente traz benefícios como, por exemplo, ser humanamente mais solidário e agente de paz. Com as ferramentas científicas, resolvi então, voltar à atenção a um dos meios que a religião usa para se propagar, a educação escolar, pois através da disciplina de ensino religioso as escolas apresentam aos seus estudantes a doutrina religiosa.
Ao ingressar na Universidade, no meu caso o curso de pedagogia, dá-se início a várias leituras sobre problemas relacionados à educação de forma mais geral, e especialmente questões relacionadas ao ensino no Brasil. Estudam-se diversos teóricos com variado posicionamento sobre o que seria a educação de qualidade, entre essas várias concepções, depara-se freqüentemente com a questão do ensino laico.
Paralelo às leituras acadêmicas, observei algumas aulas de religião na Escola de Ensino Fundamental e Médio Nossa Senhora de Lourdes, no distrito de Serra do Vicente, localizado no município de Capistrano . Esse momento de observação realizou-se em sala de aula de forma passiva com o único intento de perceber quais valores são trabalhados com os alunos pelo educador na aula de religião. A partir dessas observações passei a refletir sobre a necessidade e a importância do ensino de religião dentro da escola. É dessa reflexão que surge a idéia da presente pesquisa.
Diante das circunstâncias em que se vive, onde inúmeros fatores interferem na qualidade da educação recebida, uma sociedade que, apesar de admiráveis avanços científicos culturais e de produção material, sofre fortes influências de dogmas religiosos em diversos setores como, por exemplo, política e educação. No que se refere a educação, precisa-se de uma atenção especial, pois ela corrobora decisivamente a formação da conduta de vida dos indivíduos.
De tal maneira, o presente trabalho torna-se importante, pois se propõe a aclarar a influência religiosa, destacadamente, a do cristianismo, sobre a educação escolar através da disciplina de ensino religioso.
Para atender essa empreitada é preciso compreender bem a doutrina cristã, saber como ela está contida dentro do conteúdo do ensino religioso e como os profissionais de educação estão trabalhando tal aspecto na escola. A didática, forma e conteúdo de como se transmite esses saberes também influencia muito o resultado do processo final da educação escolar. Pode-se até questionar se o ensino de religião pode se desvincular dos princípios básicos do cristianismo. Para tal questão, a pesquisa buscará resultados, os mais claros possíveis, pois precisa-se elucidar, embora de forma sintética, questões cruciais sobre como a educação pretende orientar a vida dos “homens inteiros” segundo uma doutrina baseada em religião.
Farei a opção de entender a relação religião educação a partir do entendimento que tem Lukács sobre o “homem inteiro”, ou seja: da pessoa que vive na cotidianidade, a qual, dito graficamente, está orientado, a realidade com toda a superfície de sua existência (1982, p. 79). Em relação a este, o autor desenvolve o conceito de “homem inteiramente”, que seria a titulo de exemplo, o cientista, o artista ou o desportista por conseqüência de suas objetivações superarem em grau de complexidade as vividas no cotidiano pelos homens inteiros. Todavia, apesar da aparente distância entre as duas categorias, deve-se entender que a “cotidianidade” é em última instância, o princípio do qual deriva dialeticamente todas as outras estruturas da sociedade. Entendendo sempre o trabalho como o ato fundante do ser social. Para começar a entender melhor essa questão, o próprio Lukács (1982, p. 11), esclarece:
[...] Se nós representarmos a cotidianidade como um grande rio, pode ser dito que nele se desprendem em formas superiores de recepção e reprodução da realidade, a ciência e a arte, e essas se diferenciam e se constituem na dependência de suas finalidades específicas, e alcançam forma pura nessa especificidade – que nasce das necessidades da vida social – para daí então, em consequência de seus efeitos, de sua influência na vida dos homens, desembocar novamente na correnteza da vida cotidiana. Essa, por sua vez, se enriquece constantemente com os resultados superiores do espírito humano, os assimila a suas necessidades cotidianas práticas, dando assim lugar a questões e a exigências que originam ramificações de formas superiores de objetivação .
Considerarei a religião e a educação dentro desse movimento. Sendo que a primeira destaca-se da “vida comum”, entre outras coisas, por vincular elementos transcendentes gerais à realidade, modificando-a de certa forma. No caso da segunda, na sua forma institucionalizada, ter-se-á como um espaço de contradição, onde, em decorrência de seu lugar na hierarquia, privilegia uma ideologia de reprodução do estado. Sendo assim, enquanto instituição escolar constitui-se como espaço dialético que pode vir a conferir ao homem comum, o caráter elevado de homem inteiramente. Muito embora, considero o que argumenta Lukács, (1982, p. 80).
[...] A grande escala de matizes de transição não produz a superação da contradição. Acreditamos inclusive que com ela não somente clareia a necessidade da intricação pela qual o comportamento do homem inteiro passa ao do “homem inteiramente”, mas que, ademais, precisa-se da fundamentação deste naquele, sua recíproca fecundação e elevação evolutiva.
Nesses termos, e de modo geral, a escola será vista como fruto da cotidianidade, que por sua vez a enriquece, como um momento de superação da distância entre o homem inteiro e o homem inteiramente, através desse fluxo contínuo impelido por necessidades sociais. Em partes, o mesmo se da com a religião, trazendo segundo seu ponto de vista novos elementos que reorientam a cotidianidade de determinados grupos sociais.
Considerando que a pretensão do ensino religioso, é ensinar seus preceitos morais aos educandos, julgando-se ser esses preceitos os corretos e que estão de acordo com a vontade divina, é proveitoso a reflexão sobre em que realmente consiste a doutrina cristã. A partir de tal reflexão, mostrar em que realmente esses ensinamentos vão contribuir na vida das pessoas, em seus futuros relacionamentos pessoais e com a sociedade de modo geral. Sabe-se que a religião é um fenômeno cultural que influencia decisivamente o cotidiano das pessoas. Portanto, é preciso avaliar as conseqüências desse fenômeno no âmbito da escola, a partir de uma análise da real função da escola, para partindo daí, construir uma avaliação real sobre a necessidade ou não do ensino religioso escolar. Destarte, o presente trabalho se mostra importante, pois buscará explicações sobre questões de grande relevância na vida dos indivíduos, esclarecendo e desmistificando o que até então é tido como essencial para a vida do “homem inteiro”.
Um dos fenômenos culturais mais antigos que se conhece são as manifestações religiosas. Desde suas formas mais primitivas quando estas ainda fundiam-se com a magia e tinham um caráter essencialmente evocativo, onde o homem acreditava que tudo na natureza era dotado de um espírito, estes seriam responsáveis por todo o movimento da natureza circundante. Exemplificando, havia o espírito das águas, o das plantas, o das pedras, enfim tudo sobre a terra teria um espírito. Félicien Challaye (1981, p. 32), se referindo a tal tipo de crença, com base no Etnólogo inglês Tylor, diz ter sido este o criador, na segunda metade do Século XIX, da teoria do animismo. Embora mais tarde esse nome tenha caído em desuso por não representar em essência este fenômeno religioso tribal. Essas primeiras formas religiosas entendiam o homem dentro de uma lógica universal, como se deus estivesse presente em todos os atos humanos, o próprio homem tornava-se uma extensão do divino. É o que afirma Karen Armstrong, (1994, p. 21), “o primeiro homem fora criado da substância de um deus: portanto, partilhava da natureza divina, por mais limitada que fosse a forma. Não havia fosso entre os seres humanos e os deuses”. Por essa relação mágica e constante com deus ou os deuses, essas formas religiosas são tidas como cosmológicas.
Tão antigo quanto às manifestações religiosas é o fenômeno da educação, pois as práticas religiosas não eram transmitidas de geração em geração se não por meio da educação dada pelos mais velhos. Importante destacar que educação nesse contexto difere do sentido moderno, institucionalizado. Anibal Ponce ao tratar sobre a educação da criança nesse estágio primitivo da humanidade, diz que “a sua educação não estava confiada a ninguém em especial, e sim a vigilância difusa do ambiente. Mercê de uma insensível e espontânea assimilação do seu meio ambiente, a criança ia pouco a pouco se amoldando aos padrões referenciados pelo grupo” (1998, p. 18).
Da crença nos espíritos em tudo quanto existisse na natureza, o homem passou para a crença em um determinado número de deidades. Porém, esse período transitório não se deu de forma instantânea, processou-se em várias etapas, estando estas extremamente ligadas a maneira como o homem relacionava-se com o mundo concreto a sua volta, assim como todas as outras categorias além da religião. Possibilitando assim, diversas formas religiosas intermediárias em um longo período de tempo. Os egípcios antigos adoravam vários deuses como, por exemplo, Anúbis, Amon, Hórus, Ísis, Osíris, Rá entre vários outros. Cada um deles com suas atribuições particulares. A essa forma religiosa denominou-se politeísmo.
Outros povos na antiguidade tiveram destaques no aspecto religioso, no entanto, o motivo pelo qual me refiro aqui de modo especial ao Égito, é tão somente por este apresentar um panorama consistente da evolução da religião através de mais de quarenta séculos. Além desse aspecto, a religiosidade dos egípcios se mostrava mais intensa que as demais. Foi no Egito antigo que surgiu o tipo de religião predominante hoje, o monoteísmo. O faraó Akhenaton ou Amenófis IV da 18ª dinastia instituiu a primeira forma de monoteísmo que se conhece, ele decretou que seu povo deveria adorar apenas Aton, o deus solar. Após o reinado de Amenófis IV o Egito voltou a sua forma religiosa anterior, o politeísmo, mas a idéia do monoteísmo sobreviveu e reviveu tempos depois.
Pode-se ver o judaísmo como a segunda manifestação religiosa monoteísta, pois começa a se consolidar após a invasão do reino setentrional pelos Assírios em 722 a.C. (RUSSEL, 1969). Mesmo assim, antes de uma religião definitiva, os judeus ainda cultuavam outros deuses. É o que escreve Bertrand Russel, (1969, p. 7), “javé era, a princípio, um deus tribal que favorecia aos filhos de Israel, mas não se negava que havia outros deuses”. Hoje, o monoteísmo é a forma religiosa dominante, pois as três maiores religiões do planeta são monoteístas: cristianismo, islamismo e judaísmo. Porém, as religiões politeístas não se extinguiram, existem várias espalhadas por todo o mundo como exemplo, vale lembrar a Índia e o Japão. Às vezes duas ou mais dessas religiões cultuam as mesmas divindades variando apenas quanto à importância atribuída a alguns desses deuses.
A priori, todas essas manifestações religiosas parecem bem distintas, mas há algo de comum a todas elas, sejam as politeístas ou as monoteístas. Todas essas formas religiosas têm igualmente ou não um conjunto de regras, de normas, de princípios a serem adotados por seus seguidores. O não cumprimento de tais princípios é gravíssimo e, dependendo da religião, acarreta várias punições.
O conjunto de “normas” de uma religião constitui o seu corpo ético, esse corpo ético diz como seus seguidores devem viver. Sendo assim, seja qual for a religião, essa influenciará moralmente os indivíduos. Nas formas mais primitivas de religião – que aqui me referirei pelo termo animismo –, o homem preocupava-se em acalmar os espíritos das florestas, das águas, para que esses espíritos não os causassem mal algum, de forma evocativa, os primitivos buscavam a proteção dos espíritos e a imunidade frente às ásperas forças da natureza circundante. No Egito antigo, o deus responsável por levar a alma do morto até Anúbis era “agradado” por todos, pois ninguém queria que, por falta de respeito e de culto a esse deus, sua alma não fosse entregue a Anúbis que era o deus dos mortos e guardião da Necrópole. Como visto, a religião, através da formação da conduta do homem inteiro, interfere nas esferas da vida cotidiana?
Toda essa variação de deuses cultuados, por motivos “políticos” e outros que não podem ser postos aqui, aos poucos foram tomando formas mais reduzidas, isso seria o início do caminho para chegar ao momento onde não haveria mais que um deus a quem dedicar os templos e as orações. Embora, isso não implique na extinção por completo da forma religiosa anterior, e sim, apenas um enfraquecimento desta perante a sociedade.
O monoteísmo cristão, que será destaque no presente trabalho, ao que parece, em seus primórdios obteve seu estado de religião com um único deus partindo da arbitrariedade de homens. Pois de acordo com Bertrand Russel (1969, p. 10), “Déutero Isaías, é o mais notável dos profetas. É o primeiro que se refere ao Senhor como tendo dito: não há outro Deus se não eu”. Comparando essa manifestação religiosa com outras, encontrar-se-á tanto religiões politeístas como monoteístas muito mais antigas do que a professada pelo cristão. Eis um dos fatos que nos prende a atenção e torna importante uma melhor aproximação para fins de entendimento sobre esse tipo de culto.
A doutrina cristã propriamente dita fortaleceu-se com o nascimento de Jesus Cristo. Porém, a base que culminaria nessa forma religiosa já existia, ainda que de forma embrionária há muitos anos antes da vinda do “Menino Jesus” . A principal literatura dos cristãos, qual seja, a Bíblia Sagrada, traz de forma clara a divisão desses dois períodos. Este texto sagrado divide-se em Antigo e Novo Testamento. O primeiro tem ainda traços marcantes de uma visão cosmológica de deus, embora consista em um momento transitório e não se compare as formas primitivas como, por exemplo, o xamanismo, onde essa característica de um deus que é parte integrante de toda a natureza é única, portanto, dominante.
Uma característica marcante dessa fase de gênese do cristianismo é a relação dos homens para com deus, uma relação que se dava absolutamente por meio das revelações feitas aos profetas. Estes eram responsáveis por passar o conteúdo desses momentos iluminados ao “povo comum”. Outro ponto que merece destaque é a situação oposta, de deus para com os homens. Essa relação é muitas vezes alvo de crítica, já que consistia em um deus bastante severo com aqueles que ousassem contrariar o que este transmitia por mediação dos profetas. No segundo período, a relação deus-homem muda consideravelmente em comparação com o momento anterior, primeiro por que, os ensinamentos são proferidos principalmente pelo próprio filho de deus, em pessoa. A doutrina que este traz ao cenário religioso é a doutrina da salvação pelo perdão dos pecados. De acordo com a tradição cristã, ele veio para libertar, para semear paz. Não é um deus de vingança, de condenação como se percebe no Antigo Testamento. O próprio Jesus Cristo, como se registrou na história, era homem politizado, sábio e com forte poder de liderança.
Com esse evento, a religião começa a se cruzar definitivamente com a política. A capacidade de conseguir fazer seguidores é algo de enorme importância tanto no cenário político como no religioso. É desse ponto que emerge os grandes movimentos. O cristianismo conseguiu ao longo da história realizar grandes episódios. Posso destacar investidas como as cruzadas orquestradas pela igreja em parceria com alguns monarcas. Assim narra Henry Lincoln sobre a Cruzada Albiguense:
Em 1209 um exercito de cerca de trinta mil homens[...], descem do norte da Euroupa para o Languedoc, as montanhas a nordeste dos Pirineus, onde fica hoje o sul da França. Na guerra que se seguiu, todo o território foi pilhado, as colheitas destruídas, as cidades e vilarejos arrasados[...]. este extermínio ocorreu numa extensão vasta que pode bem ter constituído o primeiro genocídio na história da Europa moderna. Só na cidade de Beziers, por exemplo, pelo menos quinze mil homens, mulheres e crianças foram mortos [...]. quando um oficial perguntou ao representante do papa como ele conseguiria distinguir hereges de crentes verdadeiros, a resposta foi: mate-os todos, deus reconhecerá os seus (1982, p. 22).
Este se configura como o auge do monopólio do divino pela igreja cristã, onde os interesses iam muito além de levar a boa nova aos homens, antes de tudo, consistia em uma luta por poder político entre elites da Santa Igreja Romana e alguns reis espalhados por todo o velho mundo.
O cristianismo, ao longo de sua história, também manteve relações estreitas com a produção econômica vigente, fato curioso se levar em consideração o apelo ao abandono dos bens materiais pregados pelos propulsores da doutrina. Oposto a isso, vejo uma instituição cristã que quando começou a deter o monopólio do divino nos idos do século V, passou a atuar efetivamente no manuseio de somas substanciais de valores. O próprio surgimento do conhecido sistema bancário, símbolo fiel do capitalismo, deve seu início aos Templários, ordem monástica conhecida como “a Milícia de cristo”, sancionada pela Igreja Católica no final do século XII (LINCOLN, 1982).
Essa relação da Igreja com a ordem econômica é então clara nos períodos medievais onde a mesma era detentora de poderes políticos e divinos. Esse vínculo religião-economia, no entanto, veio a se consolidar com o fortalecimento da economia e o Estado declarado de sociedade do capital, nesta, o homem ou instituição tem que ser funcional, ou seja, precisa produzir ou consumir. Dentro dessas diretrizes básicas do atual sistema de produção, o cristianismo se engendrou, pois é notável a disputa por fiéis entre as inúmeras organizações religiosas surgidas após a reforma luterana , e nestas circunstâncias, cada célula religiosa precisa da sua renda para se manter. A própria ética protestante, como reconhece Max Weber (2007), favorece a proximidade entre o cristianismo reformado e o capitalismo . Embora exista uma contradição enorme entre os princípios básicos expressos na bíblia e os do capitalismo, já que a primeira diz que é aos pobres que pertence o reino dos céus (Storniolo, 1990). Além disso, esse vínculo contradiz a pretensão humanística do cristianismo, pois como afirma Karl Marx (2006, p. 47, 48), ao argumentar sobre as alterações impressas na sociedade pela ascensão da classe burguesa detentora do capital:
Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu todas as relações [...], não deixou subsistir de homem para homem outro vínculo que não o interesse nu e cru, o insensível pagamento em dinheiro [...]. A burguesia rasgou o véu de comovente sentimentalismo que envolvia as relações familiares e as reduziu a meras relações monetárias.
Mesmo assim, tais igrejas conseguem convencer as massas de que a obra divina necessita de recursos financeiros. Como se verifica com facilidade, as instituições cristãs hoje são antes de tudo, centros de arrecadação e administração dos recursos mundanos, essenciais para a obra de deus dentro de uma sociedade baseada na compra e venda. Diante disto, tem-se hoje uma igreja envolvida em todas as esferas da sociedade, procurando um meio de manter-se funcional, política e economicamente viável.
Atualmente, é comum ver líderes religiosos ocupando cargos eletivos sejam eles na esfera municipal, estadual ou federal, enfim, vários postos políticos sendo administrados por pessoas da igreja. No setor educacional observa-se várias instituições de ensino subsidiadas por igrejas, umas mais abertas, no sentido de que permitem o aprofundamento em temas não–cristãos . Outras são exclusivamente religiosas. É importante estar ciente que cada religião tem por bem transmitir seus pensamentos, sua forma de vida, sua conduta e isto não deve ser diferente quando uma igreja mantém uma instituição de ensino.
No Brasil, o ensino religioso é obrigatório quanto à oferta, mas não é obrigatória a matrícula por parte do aluno, esse pode optar por qualquer outra disciplina de seu gosto ao invés da religião. Aparentemente não há problema algum na oferta do ensino religioso por parte da escola, haja vista que a maioria das pessoas que olham apenas a aparência desse problema vêem nesse ato apenas vantagens para a formação do indivíduo. Alguns, principalmente os lideres religiosos, defendem a manutenção desse ensino alegando ser ele de imensa importância para a formação humana. Porém, ao proceder uma análise sistemática e com o necessário rigor, será que se encontrará equívoco nessa propositura?
Em nosso país a forma religiosa dominante é o catolicismo, religião de base cristã. O cristianismo tem como as outras bases religiosas, o seu conjunto ético, que vai orientar a conduta, a ação de seus fiéis em todos os momentos de sua vida cotidiana. Estes que na terminologia de Lukács (1982) são homens inteiros, pois apesar da religião ser carregada de elementos metafísicos que parecem transcender o concreto, este tipo de manifestação não é reflexo que surge no imediatamente caótico cotidiano da realidade. Assim, na particularidade do ser não há outra fonte motora se não o real; e nos momentos individuais, da vida concreta, o ser social vive o que lhe é aparente. Por exemplo, os cristãos aprendem desde cedo a ver a sexualidade como algo vergonhoso, nojento, sendo apenas permitida após o contrato monogâmico do casamento. Constituindo o pecado original, pelo qual o filho terá que submeter-se a determinado ritual para purificar a si mesmo e aos seus pais (Storniolo, 1990).
Analisando então a religião dentro da escola, questiono sobre as influências que ela causará na relação docente-discente. Faz parte da ética normativa do cristianismo, que o homem deve ser submisso, deve ser o último, deve aceitar aquilo que tem porque foi deus que providenciou. O cristianismo apropriou-se do princípio da reciprocidade da ética humanista que diz que deve-se tratar os outros de acordo com a maneira que você gostaria de ser tratado, orientando o dever de amar o próximo como a si mesmo, ainda que este seja inimigo (Bíblia Sagrada, Mateus 5, 44)
Posto isso, questiona-se até que ponto, essa formação de conduta contribui para uma boa convivência social? A doutrina cristã, dessa forma, não tende a produzir apenas conformistas? Que tipo de conduta social pretende formar o ensino que diz que o homem deve ser como um servo obediente? Que pessoa humana poderá vir a ser futuramente um ser social que aprendeu na escola que deve ser sempre o último? Não estaria apenas contribuindo o ensino religioso para a manutenção de uma ordem preestabelecida e alheia a vontade do homem? Claro que a educação escolar não se constitui apenas de ensino de religião, mas este a influencia decisivamente.
Refletindo um pouco sobre tais questionamentos chega-se a considerar as seguintes hipóteses: o ensino religioso contribui para a formação de indivíduos não-críticos; faz com que o ser mantenha uma forma de vida submissa a tudo o que lhe é imposto; produz nos educandos uma visão fetichista do mundo, típica da religião; leva os indivíduos a se envergonharem e se privarem de vontades básicas a nós humanos; prega que tudo de ruim que aconteça é culpa do homem, ao passo que tudo de bom é obra divina; é tortura para a mente do educando assimilar a doutrina do pecado; pretende que os jovens necessitados de ciência tomem por base para a vida a fé. Esta que, por sua própria natureza nega ao homem um caminhar na sabedoria enquanto aproximação do real. Por outro lado, a fé leva o ser a aceitação de verdades dogmáticas, imergindo o individuo num cotidiano baseado em mitos que o toma por inteiro e o afasta do concreto. É o que afirma Lukács:
[...] não é em seu caso uma opinião, um estágio prévio ao saber, um saber imperfeito, ainda não verificado, mas, pelo contrário, um comportamento que abre – o solo – o acesso aos fatos e as verdades da religião, e que, ao mesmo tempo contém a disposição de tê-lo conseguido desse modo o critério da vida, da prática imediata, que abarca o homem inteiro e o consome de um modo universal (1982, p. 132)

Ou seja, tal base só o direciona para o senso comum? É preciso então ter bastante cuidado quanto a atribuir ao ensino religioso uma grande importância para a formação do indivíduo. Argumentam os religiosos que o ensino de religião contribui com a formação de uma cidadania, segundo sua concepção de homem. Certo é que não se quer uma escola que ensine o senso comum, pleiteia-se uma formação de seres críticos capazes de refletir sobre os problemas sociais, capazes de tomar decisões, de se afirmar como sujeitos históricos e assumir o protagosnismo de uma mudança radical da sociedade cindida entre exploradores e trabalhadores.
Esse é o contexto em que esta pesquisa pretende como objetivo geral, Analisar o papel do ensino religioso na formação da conduta dos homens inteiros, averiguando se, e em que medida essa educação corrobora com a reprodução do capital. De modo especifico, os objetivos são: 1) examinar a legislação educacional brasileira, 2) historiar contextualizadamente a relação trabalho e educação, observando como essa relação é permeada pela religião. 3) Analisar a partir do contexto anterior a revolução burguesa as contribuições da reforma protestante para o desenvolvimento do capitalismo. 4) Compreender em quais bases se fundamentam as relações entre educação e religião no cenário político atual. 5) Entender como a escola enquanto espaço de contradição, contribui para a reprodução do capital através do ensino de religião.
Esse é o contexto em que esta pesquisa pretende como objetivo geral, analisar o papel da religião na educação dos homens inteiros nos momentos de crise (dúvida da orientação). De modo especifico, os objetivos são: 1) mostrar o desligamento da religião com relação à magia; 2) analisar o debate Tomista e Agostiniano versos a desantropomorfização da ciência; 3) compreender o período da reforma, contra-reforma até Rousseau e a relação da religião com o capitalismo; e, 4) conhecer no contexto da crise estrutural do capitalismo, qual a relação da religião com a educação, 5) analisar as atuais políticas públicas para a educação no Brasil em relação as propostas da CNBB.
Pelo caráter de uma investigação como esta, de características prioritariamente teórico bibliográfica, procederei metodologicamente com diversas análises de literatura relacionada ao assunto, incluindo documentos de escolas de ensino fundamental e leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Constituição Federal de 1988. Conseqüentemente, nossa fonte se constituirá de livros, documentos e leis que tratem do ensino religioso.
Em decorrência do objetivo maior da pesquisa, que exigirá uma compreensão ampla do homem em seu cotidiano, nos servirá de base para tal, os conceitos de Lukács (1982), que mostra de forma desmistificada toda a complexidade das relações do homem com a natureza a sua volta; e Karl Marx (1980) por sua imensa colaboração no entendimento das relações sociais segundo o trabalho e a produção de mercadorias. Não menos importante é o trabalho de Engels, que traz uma visão geral da evolução do homem em quanto ser social. Nos aspectos relativos a educação, será fundamento principal a elaboração de Ponce (1998), sobre a evolução da educação ao longo da história, em relação aos diversos modelos produtivos surgidos ao longo dos tempos. Sobre a religião, usarei como base, por sua rica e detalhada análise no tocante ao desenvolvimento das principais religiões, Bertrand Russel (1969) e Karen Armstrong (1999).
Minha opção teórica será baseada nos pressupostos marxianos de entendimento da realidade. Adotarei como sendo determinante para a criação abstrata das categorias de exame o que o próprio objeto sugerir, ou seja, como especificado por Marx, partirei da dialética que se processa entre o concreto real e o concreto pensado. Com efeito, esse método de análise propõe uma dinâmica que sai do geral para o específico e deste para aquele, procurando sempre entender um dado obtido dentro de uma totalidade o quanto maior. Portanto, a iluminação onto teórica desta investigação será o materialismo histórico dialético.
Será exposto sistematicamente o presente trabalho em quatro capítulos. No primeiro será abordado o aspecto da gênese da religião, no segundo capítulo tratarei do debate entre ciência e religião no período medieval, o terceiro constituirá em uma análise da religião em relação ao capitalismo com foco nos períodos de reforma e contra-reforma o quarto capitulo mostrará a relação da religião com a educação no memento de crise estrutural do capitalismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LUKÁCS, Georg. Estetica I: La peculiaridad de lo estetico. Bracelona: Crijalbo, 1982.

STORNIOLO, Ivo (Coord). Bíblia Sagrada. Edição pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 1ª edição. São Paulo: Martin Claret, 2007. 127 p.

LINCOLN, Henry (Coord). O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. 18ª impressão. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 1993. 22 p.

ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da propriedade e do estado. 3ª edição. São Paulo: Editora Presença, 1976.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1ª edição. São Paulo: Martin Claret, 2006. 47 p e 48 p.

ARMSTRONG, Karen. Uma história de Deus. 3ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. 21 p.

PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. 16ª edição. São Paulo: Cortez, 1998. 18 p.

CHALLAYE, Félicien. As Grandes Religiões. 6ª edição. São Paulo: IBRASA, 1981. 32 p.

RUSSELL, Bertrand. História da Filosofia Ocidental. 3ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1969. 10 p.

ENSINO RELIGIOSO: OBSTÁCULO PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO

ENSINO RELIGIOSO: OBSTÁCULO PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO
Antonio Nascimento da Silva
Graduando em Pedagogia V semestre
Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC)

Introdução
Com o objetivo de trazer mudanças para a educação, no sentido de melhora, haja vista que no meu entendimento a educação está longe de alcançar o nível em que ela seja para os homens uma ferramenta que torne este uma pessoa livre, que verdadeiramente emancipe o homem, e o forme em toda sua plenitude, é que exponho aqui um ideal de escola, que traga educação de qualidade. Diante disso, mostro o que seria uma escola capaz de dar tal educação aos seus educandos, tornando-os conscientes de seu papel na história. Falar em educação de qualidade é tratar também de questões econômicas. Então, coloco aqui a relação da economia com a educação, que é extremamente importante, e trás inúmeras conseqüências para a educação, sejam elas positivas ou negativas.
Adiante, trato de um ponto importantíssimo para que se alcance uma educação de qualidade, que é o ensino religioso. Para tratar de tal tema, faz-se necessário antes abordar sua base, o cristianismo, então faço uma breve exposição sobre essa grande teia de aranha que é o cristianismo, para depois expor, ou pelo menos tentar expor argumentos que comprovem que o ensino religioso é desnecessário para nossa educação, e que a aplicação do mesmo, traz tão somente prejuízo para o ensino. Para que não haja duvida, explicito que a religião é notável enquanto fenômeno cultural, pois trás uma dose de ética apreciável para se derramar na sociedade, repito, enquanto fenômeno cultural. Concluindo, coloco definitivamente, de acordo com meu estudo, e amparado por grandes nomes, a posição que a educação deveria tomar sobre o ensino religioso, e o que seria viável, e de grande proveito para se implantar na educação, trazendo benefícios a mesma.

Da escola
Espaço para desenvolver habilidades essenciais ao homem, onde este trabalhará sua formação humana, esta que o possibilitará tornar-se partícipe da vida política da sua sociedade, que, segundo Gramsci, aprenderá não só a ser governado, mas também a governar. A educação nesse espaço não deve ser uma educação interessada em colocar o individuo em um emprego, para que esse venha a lucrar com sua formação. Embora as vantagens venham, em forma de lucro, de dinheiro, a educação deve primar pela formação intelectual, humanista do individuo, uma educação desinteressada.
A técnica é indispensável, mas a educação, dentro da escola, assim como fora dela, não deve restringi-se a esse ponto, já que a formação humana em muito dispensa a técnica. Alem do tecnicismo, aqui entendido como a formula da ciência, o certo, o errado, determinações fechadas que tornam os educandos seres mecanizados, a escola deve ser pespectivista, assim, criando nos educandos a capacidade de ir alem da dualidade, a capacidade de olhar de várias maneiras para o mesmo horizonte, fazendo sempre uma crítica de cada momento observado. E que se entenda aqui o sentido da crítica não apenas como algo que deprecia, mas também como análise do processo, do momento.
Tendo a escola as funções mencionadas acima, estaria a um passo de torna-se a verdadeira escola modelo. Embora o seguir um modelo, seja bem questionável, no que diz respeito a educação, um modelo como o aqui apresentado, deve ser seguido, implantado em todas as escolas, principalmente no nível básico.
A nossa realidade, no entanto, inexiste uma educação voltada para a formação humana, basta olhar para as escolas, todas empenhadas em adestrar o educando, para que esse se sinta bem, dentro do caldeirão do capitalismo. Hoje, na realidade, a educação está a serviço do capitalismo, direta, ou indiretamente. É só lembrar-se das inúmeras escolas particulares, empresas que, como capitalistas que são, visam acima de tudo, o lucro. Além das escolas de nível básico, existem as instituições de ensino superior privadas, que se julgam universidades, quando na realidade, não passam de cursos isolados, não possuindo pesquisa, e muito menos extensão. Apesar de tentarem mascarar essa situação. Não há como não duvidar da intenção de tais instituições, ou seja, dessas empresas que vendem educação. Por outro lado, toda a educação escolar está sujeita ao jogo do capitalismo. Os investimentos feitos em educação por bancos extra-nacionais, assim como os recursos do próprio país, todos são feitos com vista no retorno, a preparação de mão-de-obra, de qualificação mínima para atender a demanda do capitalismo. O governo gasta com a educação, e o mesmo quer um retorno, é claro, que este não aguarda a formação de um individuo crítico, como diz Gramsci, com a capacidade de governar. O próprio capitalismo faz com que as pessoas vejam a educação como um caminho para um bom salário, a idéia é, estudar para ganhar. Esse pensamento está impregnado nas pessoas, e é extremamente nocivo para a boa educação. Basta perguntar, ouvir os educandos para legitimar a colocação feita aqui. Quando indagados com a seguinte questão; para que estou estudando? A resposta é quase unânime. Na escola de ensino fundamental e médio, Nossa senhora de Lourdes, no município de Capistrano, os alunos do 6º ano, responderam em sua maioria que; estão estudando para aprender a ler e escrever, mas com um enfoque principal para conseguir um trabalho.
Esse pensamento dos educandos deixa claro que, o capitalismo impregnou a educação, e as pessoas estão convencidas de que a educação é a solução para os problemas, principalmente os financeiros. Que se entenda aqui educação no sentido escolar.
Além da questão de ver a educação como fonte de renda, outro ponto é necessário evidenciar, a questão do doutrinamento, que também se faz na educação interessada, mas que aqui, trataremos pelo sentido religioso. Doutrinar as pessoas, é isso que o ensino religioso faz, e também, é prejudicial a boa educação. Ou seja, o ensino religioso em si, é um entrave para o melhoramento da educação. Ao longo dos anos aqui no Brasil, mudanças vêm ocorrendo no sentido de reverter, cessar a atuação religiosa na educação escolar, a última, consta na LDB de 1996, que coloca o ensino religioso como não obrigatório, sem ônus para o governo. Este é um pequeno avanço na melhora da educação.
Do cristianismo
Uma das características mais evidentes das religiões que tem por base o cristianismo é o rebanhismo. Seja qual for a religião, ha zelo pelo comportamento de espelho, que reproduza os comportamentos em volta, certamente a ovelha não pode ir contra a vontade do rebanho. A religião quer homogeneizar as pessoas, de acordo com preceitos que, são totalmente inerentes aos indivíduos, não condizem com a realidade.
Doutrinar, essa é a missão da religião, que com isso faz dos indivíduos, simples marionetes, a prova maior é a chamada guerra santa, que pessoas matam umas as outras em nome de sua religião. O doutrinamento das religiões cria ovelhas, indivíduos que, seguem o rebanho, que acreditam estarem fazendo algo em beneficio próprio, quando na verdade, adormecendo, fechando os olhos para a realidade. Através da invenção do pecado, o cristianismo tem mais força na imposição de sua ideologia. A religião utiliza-se de mascaras, esse é um modo de a priori, atrair o publico, quando na realidade, todo um pensamento, um interesse, reside atrás dessa mascara. Não há duvidas de que esses interesses dizem respeito à política, conseqüentemente, financeiros. A idéia do pecado prende a ovelha no rebanho, impossibilita o individuo de ir além do recomendado pelo santo papa, pois ir fora desses limites é pecado, logo, tem conseqüências terríveis para o transgressor, como o fogo do inferno, ou perder, por assim dizer, a proteção de deus, que tudo pode. Ou seja, uma perda irremediável para um cristão. O pecado, portanto, é uma ferramenta que garante a permanência da ovelha no rebanho. Interessante destacar aqui, que séculos atrás, na chamada idade média, o pecado era facilmente perdoado pelo sacerdote, bastando para isso que o pecador fosse proprietário de alguns bens, para generosamente doar a igreja.
Outra característica importante do cristianismo, que decorre do ser rebanho, é inculcar nos indivíduos o sentimento positivo pelo desprezo de suas vontades. O individuo se alto - declara incapaz, submisso, inferior. Mas o interessante é o cristianismo fazer essas pessoas se vangloriarem, e agradecerem por uma condição de humilhado. Segundo o novo testamento, o salmo 51:3 diz o seguinte, “tem misericórdia de mim, ó deus, segundo a tua benignidade, apaga as minhas transgreções segundo a multidão das tuas misericórdias”. (1990, pag. 724). Aqui o pecador implora misericórdia, colocando-se totalmente a mercê de deus, já por isso, nega sua capacidade individual de lutar, de superar os desafios, deixando a critério da divindade. É a completa humilhação do homem diante do abstrato, e com critério de extrema culpa.
Analisando as entranhas do cristianismo, logo se percebe o desprezo pelo humano. A força maior do homem, aqui fica totalmente esquecida, é repugnante olhar um homem cheio de culpa, por ter pecado, privando-se de sua vontade. Isso é negar a vida. Portanto uma grande contradição do cristianismo, que diz lutar pela vida. A afirmação ultima, é no mínimo hipócrita.
A vida do ser humano consiste em suas realizações, suas ações, essas que por sua vez emanam da vontade própria diante do externo. Ter vontade de ir a algum lugar, ter vontade de fazer algo. Todas partem do homem na condição de humano vivente que é, é natural da humanidade. O homem não pode mais negar seus impulsos, porque fazem parte da sua natureza, da sua vida. Muitos menos negá-la em troca de uma vida externa em alem terra. Isso é negação da vida. Porque até onde sei, a vida é aqui. Não que o racionalismo seja uma opção.
Diz o salmo 100: 3 “sabei que o senhor é deus; foi ele que nos fez, e mão nós a nós mesmo; somos povos seus e ovelhas do seu pasto”. (1990, pag. 779). O salmista provavelmente nunca soube o que é a vida, pois negou a si próprio, e com tanta convicção, que suas vontades não mais são ações converteu-se em baixeza do espírito. E coloca-se de pronto, no rebanho. Esse está impregnado pelo cristianismo, e perdeu sua visão de mundo.
No geral, em detrimento do humano, em contraposição a vida em sua plenitude, temos os preceitos religiosos. Em quanto o homem não se colocar na sua condição de ser pensante, de capaz de fazer suas escolhas, de agir de acordo com seus ideais. Ele estará sempre dentro de uma igreja, submisso a leis sem fundamento, que dizem ser o prazer um pecado, estará impedido de sentir o sabor da vida em toda sua grandeza, pelo peso falso de pecado. Nada despreza mais a vida do que o cristianismo.
Apesar de aparentar uma coesa estrutura, a base dos cristãos é demasiada contraditória. Importante ressaltar que não quero aqui, denegrir a dialética e a importância de se combater os donos da verdade. São várias as contradições da bíblia, como por exemplo, está escrito em Êxodo 20:13 “não matarás” (1990, pag. 92). A colocação é bem clara, não deixa duvida alguma, porem em I Samuel 15: 2,3;
Isso diz o senhor dos exércitos: vou pedir contas a Amalec do que ele fez a Israel, opondo-se-lhe no caminho, quando saia do Egito. Vai, pois, agora, fere a Amalec e vota ao anátema tudo que lhe pertence sem nada poupar. Matarás homens e mulheres, criança e menino de peito, bois e ovelhas, camelos e asnos. (1990, pag. 317)
A ordem do senhor também é muito clara aqui, fica evidente a contradição da bíblia. Então como saber se devemos matar ou não? Analisando o livro sagrado, não da para saber. Por essas e inúmeras outras que não se devem ter as sagradas escrituras como uma fonte segura de consulta.
A bíblia contradiz-se até no que se refere ao próprio deus. Em Deuteronômio 6: 4 está escrito: “o senhor vosso deus é único” (1990, pag. 202). Mas em Genesis 1: 26 diz: “também disse deus: façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1990, pag. 15). A colocação da terceira pessoa faz evidenciar que há mais de um deus, segundo a própria bíblia.

Os pressupostos do ensino religioso
Após ter uma breve colocação do que seria uma escola que realmente “educaria para a vida”, que formaria o verdadeiro cidadão, e não aquele da visão burguesa, e em seguida um pequeno percurso por entre as entranhas do cristianismo, destacando apenas algumas das suas características, analisaremos agora, o que colocou o ensino religioso dentro da escola. Tendendo a uma conclusão, sobre sua importância, ou sua não-necessidade.
Como ensino religioso, toda a sua parte didática tem como referencial a bíblia - refiro-me as religiões cristãs -. Para começo, quero lembrar que acabei de expor provas do caráter contraditório da bíblia, e essa característica irá refletir no ensino, salvo os casos em que se tenha o devido cuidado pelo educador de omitir essas falhas para evitar questionamentos por parte dos educandos. Este fator é um problema para a educação, pois põe em duvida o educador, e respectivamente o educando. Esse é um problema sem solução, pois o educador de maneira alguma vai poder tirar as duvidas dos educandos sobre o conteúdo duvidoso da bíblia. O educando vai ter duvida quanto ao que está aprendendo, e quando se trata de conhecimento, esse deve ficar claro ao educando, para que esse possa aproveitar em sua trajetória, em sua formação intelectual. As duvidas quanto ao conteúdo, devem partir dos questionamentos dos educandos, uma vez que estes tenham discutido com seus professores sobre um determinado tema, e dando continuação ao aprendizado construam suas criticas, suas opiniões sobre o tema, em um trabalho conjunto de reflexão sobre o conteúdo. Mas nunca o educador apresentar um conteúdo a seus educandos, no qual esse conteúdo não se fundamenta em nada, e ainda por cima é todo contraditório baseado em fé. Isso criaria um vazio, sem limite, não se teria respostas coerentes, haja vista a impossibilidade de essas existirem, pois a base religiosa é demasiada fantasiosa.
Vejamos então, o conteúdo de um livro didático usado no ensino de religião. “Jesus concluiu a parábola dizendo e eu digo a vocês que o cobrador de impostos voltou para casa justificado e não o outro, pois quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (2005, pág. 24). Em que momento da vida este conteúdo auxiliará um individuo a construir sua intelectualidade e emancipação humana? Pode alguém dizer facilmente que auxiliará a formação do espírito! Não precisa nem dizer que tal defesa é totalmente sem cabimento dentro do contexto da escola, no sentido de espírito à que se refere à religião. Ao invés de promover um fortalecimento da força humana em cada individuo, o conteúdo ensina aos educandos a serem submissos durante toda a sua vida, para “um dia” serem exaltados. Quando? Onde? No dia do juízo final, nos céus. Fora as ilusões, e estas são o de menos, o problema maior reside nos traços que tal educação deixa na vida, aqui da terra, em cada educando. Tal conteúdo gera um individuo que obedece, que alto humilha, que se considere fraco diante de um Deus. Um jovem, que internaliza tais ensinamentos, abre mão de sua própria força de vontade, que parte da sua concepção de mundo, dispensa o desejo, deixa então, de viver momentos, experiências de realização de sua vontade diante dos fenômenos externos por causa da moral cristã.
Os conteúdos de Ensino Religioso seguem todos semelhantes ao citado acima, algumas diferenças, no entanto podem ser contatadas, tais diferenças dizem respeito ao modo com que cada escola passa esse conteúdo. Na verdade, as diferenças acentuam-se entre escolas públicas e privadas, não que seja regra. O ensino religioso também difere-se do trabalhado nas escolas públicas das capitais ou urbanas, entre as da zonas rurais. Em escolas afastadas das zonas urbanas, a religiosidade é mais forte, e este fato reflete diretamente na sala de aula. Pelo fato das pessoas residentes em zonas rurais. Terem menos acesso aos acontecimentos, às noticias, a ciência. Importante ressaltar que não coloco a ciência como a portadora da verdade, como ela mesma se auto-denomina. Mas como força que surgiu para quebrar várias concepções metafísicas do mundo, a essa luz, fica fora uma boa parte da população rural.
Todas as religiões são dogmáticas, exigem dos fiéis a fé nesses dogmas, tudo o que o fiel sabe sobre sua religião, tratando aqui do catolicismo, ele não conhece por suas próprias experiências, mas por fé. Não há necessidade da procura por algo concreto, não há nenhuma investigação a respeito daquilo que sua religião lhe passa, de pronto pela fé têm-se tudo como verdadeiro. Esse dogmatismo de forma alguma pode ir para dentro de uma sala de aula. Embora pela diversidade de religiões – aqui no ceará e em vários outros estados destacando-se principalmente duas, católica e protestante – o ensino não se direciona para uma ou outra, mais em linhas gerais passam o dogmatismo do cristianismo, e acaba por fazer com que os educandos busquem através da fé, a crença, o conhecimento sem pesquisa desfavorecendo capacidades muitas do educando construir um saber de mundo, de realidade.
Sobre a fé cristã diz Nietzsche: “desde o principio, a fé cristã é sacrifício de toda independência, de todo orgulho, de toda auto-certeza, do espírito. Ao mesmo tempo é servilismo, auto-escárnio, auto-humilhação” (2007, pág. 74). A fé cristã, portanto, é completo abandono de si. Não se encaixam em momento algum com ideal de escola aqui apresentada. O ensino religioso está impregnado dessa fé cristã. Tiraria dos educandos a capacidade de se auto-afirmarem como sujeitos que criam como criadores.

Para que ensino religioso?
Ao ponto que chegamos à pergunta é bem colocada, pois diante de tudo que o cristianismo e as suas religiões pregam, faz – se necessário pensar bem antes de ter o ensino religioso como uma ferramenta que promova o crescimento humano, intelectual, que contribua para um espírito livre.
Importante destacar aqui, a importância de uma cultura para um povo em determinado momento histórico. A religião é parte integrante da cultura de um povo, ou seja, é um fenômeno cultural. A cultura religiosa, no entanto, tem destaque apenas como “cultura”, nada mais. Querer trazê-la para a educação escolar é impregnar a educação de mito.
Então para que ensino religioso? A escola, a educação que forma indivíduos críticos, pensantes, que promove as múltiplas habilidades, que liberta o espírito, em nada tem a ver com os dogmas e historinhas da religião. A escola não pode ensinar à comunidade a crença em além – mondo, em mitos e histórias de deuses mágicos, pois assim a escola estaria ensinando o senso comum, já que segundo Mochcovitch:
O senso comum caracteriza-se portanto, em primeiro lugar, pela sua adesão total e sem restrições a uma concepção de mundo elaborado fora dele próprio, que se realiza num conformismo cego e numa obediência irracional a princípios e preceitos indemonstráveis e não científicos, funcionando no plano da crença e da fé. (1992, Pág. 15)
A educação não pode ser instrumento de propagação de senso comum, pois a mesma é símbolo de rompimento do senso comum. A religião nada mais é do que senso comum, conseqüentemente o ensino religioso traz para dentro da escola, da educação esse senso comum. O ensino religioso caracteriza-se como um atraso ao desenvolvimento das ciências, pois seu ensinamento não exige a pesquisa, a investigação e a tomada racional de decisões, que se entenda racional como desligado da crença e da fé, como um caminho que perpassa o experimento.
Em nada acrescentaria ao homem, o ensino religioso, a não ser mergulhá-lo numa teia de ilusão, de incerteza. O educando não teria, não tem, com o ensino religioso o impulso para o seu alto desenvolvimento intelectual e humano é perda de tempo, trabalhar tal disciplina, a mesma é amarra para os educandos e só tem prejuízos para o mesmo, pois o ensino religioso em suas bases e preceitos ensina a se alto desvalorizar como humano, abrir mão de suas forças seus impulsos intuitivos, de humano. Promove a desvalorização de eu, em favor de além-mundo, com o ensino religioso o educando aprende a se humilhar, se rebaixar estar sempre a depender por se achar inferior, por achar que deve se humilhar, pois assim terá recompensas, quando morrer.
O cristianismo além de outros pontos importantes prega o conformismo. É se conformar com a condição social, se é pobre, miserável, deve aceitar o cristão essa condição, pois seu Deus quer assim, e para que não haja revolta, é inculcado no individuo, segundo a palavra de Deus, que os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros. É inadmissível trazer o conformismo religioso para dentro da educação, para dentro da escola, isso beneficiaria apenas a lógica do capitalismo e seria um apoio às propostas educacionais para o século XXI, essas que andam longe de resolver o problema da educação, vinculando o ensino sempre ao capitalismo desprezando a possibilidade de surgimento de uma escola humanista e descompromissada.
A educação escolar atual, por si só tende a padronizar, e considerar todos os indivíduos iguais, o que é um erro, pois na sala de aula há diversas capacidades, várias habilidades, cada um com seu potencial, cada individuo com a força para produzir, criar sua história. Sobre a visão pedagógica de Nietzsche. Severino diz:
A educação tendo a padronizar ao invés de deixar que os indivíduos se destaquem. Então a implicância de Nietzsche com democracia, com a demagogia e com a própria ciência, porque isto vem em pouco em nome da ciência, é esse espírito de padronização, como se todos os indivíduos devessem ter o mesmo desempenho, porque todos seriam a mesma base e ele não acha isso, então, nos precisaríamos de uma política e de uma pedagogia que exatamente fizesse ao contrario, ao invés de padronizar. (2007, pag. 26)
A crítica, observada, serve amplamente ao ensino religioso, ao cristianismo. Há necessidade de uma pedagogia, de uma escola que promova as habilidades de cada individuo, e como já foi dito o ensino religioso nunca vai poder proporcionar esse tipo de informação. A respeito da educação em Nietzsche, diz ainda Severino:
O homem deve ser um espírito livre, não deve se deixa conduzir como uma ovelha em um rebanho. Um individuo que exerce plenamente sua vontade de potencia torna-se, para Nietzsche, um super-homem, um individuo superior que não se deixa dominar por nenhuma força externa a sua vontade. Para ele, promover esse homem superior deve ser o papel da educação. (2007, pag. 26)
Esse principio de formação norteia uma escola humanista. Mas uma vez, cristianismo, o ensino religioso, pregando o conformismo, trazendo o senso comum para dentro da sala de aula, em nada contribui para tal formação de um super-homem, já que pelo contrário, instiga o individuo a percorrer determinações, alheias a sua vontade, sem a menor preocupação em desenvolver as capacidades próprias, em tornar o individuo independente pela sua própria vontade de potência.

Conclusão
Necessita-se urgentemente socorrer a educação. No geral os diversos programas criados ao logos dos anos para a educação, em pouco contribuíram efetivamente para a melhoria da educação, foram gotas para adiar a morte e manter os nervos calmos. Com as imensas falhas do sistema educacional, que aqui, ponho o peso da culpa no sistema de produção que perverteu os objetivos, o sentido da educação, não há como aceitar a intervenção do ensino religioso na educação, trazendo atraso para o desenvolvimento do homem quanto individuo participe da escola. O dogmatismo perdeu sua força, aqui o homem deve buscar em si suas respostas. Não condiz com uma escola humanista uma educação que viola os valores humanos, da vontade de crescer por si, livre das grades das crenças em além mundos. A educação que padroniza, tratando a todos como um grande rebanho, suprimindo os desejos pessoais com a lei do pecado não merece ser posta na sala de aula. O ensino religioso é isso, degeneração da vontade própria de potencia uma barreira na formação de um individuo critico que se entenda dentro da história.
O ensino fundamental, hoje, ainda com o ensino religioso, muito perde e o mais preocupante é que muitas pessoas da área educacional ainda não perceberam essa perda. Ao invés de senso comum de falsas certezas, de dogmatismo da auto-humilhação, de respeito da vontade, deveria se levar à sala de aula ensinamentos filosóficos, pois esses teriam somente a acrescentar na formação de indivíduos conscientes dentro do contexto político-social. A filosofia produziria, promoveria o individuo ao grau de percepção superior, de compreensão da história, de se compreender como sujeito, abriria um leque de possibilidades, de visão de mundos, em muito contribuiria para desalienação. Assim teríamos uma melhora significativa na educação, o educando não terminaria o ensino fundamental ou médio apenas capacitado para a mão-de-obra, pois teria uma concepção diferente, uma posição própria sobre o sistema, a filosofia contribuiria para uma formação humanista dentro da escola.
Não há necessidade de ensino religioso, o mesmo é prejudicial à formação, precisa-se de uma educação no sentido puro, que dê formação ampla ao individuo, o ensino religioso é atraso a essa formação, é atende a essa formação, ainda existir é mais que inconveniente. A educação precisa desligar-se da religião, pois aqui fica claro que, as duas têm objetivos completamente opostos. Muito já ocorreu desde a idade média nesse sentido, mais ainda há vestígios pequenos e disfarçados de importante, e eles precisam ser eliminados, em prol de uma educação de qualidade.

Bibliografia
GALANO MOCHCOVITCH, Luna. Gramsci e a educação. Ática, 3ª edição, 1992.
JOAQUIM SEVERINO, Antonio. Os filósofos e a educação. ATTA 1ª edição, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich. Para além do bem e do mal. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
___________, _______. Assim falou Zaratustra. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
___________, _______. O Anticristo. Martin Claret. 1ª edição, 2007.
STORNIOLO, Ivo, MARTINS BALANCIN, Euclides, LUIZ GONZAGA DO PRADO, José, BARTOLINI, José, DIAS GOULART, José, BRUSTOLIN, Arno e PASTRO, Cláudio. Bíblia Sagrada. Paulus, edição pastoral, 1990.
SILVA, Eliana e SANTOS, Patrícia. Jesus ama você. FTD 2ª edição, 2005.

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE EDUCAÇÃO POPULAR

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE EDUCAÇÃO POPULAR

Introdução
Escrever sobre Educação Popular é tarefa demasiada repetitiva, inúmeros autores já discorreram sobre o tema de maneiras variadas, hora critica, hora condizente com o momento histórico no qual se dava a Educação Popular. Tratarei, pois, não desacreditando os outros trabalhos, de expor algumas questões que, longe de serem conceitos – pois seria necessário um estudo mais aprofundado - dão um bom esclarecimento acerca do tema. Claro, devo admitir a importância dos conceitos para um entendimento mais amplo sobre o assunto, principalmente no que se refere à aplicação pratica do tema, porem deixo estes a cargo dos teóricos.
A expressão “Educação Popular” leva a várias definições ou entendimentos a respeito do tema. Abordarei inicialmente a que mais se percebe quando se deparamos com tal expressão. Posteriormente, dedicar-me-ei a outros aspectos que a meu ver não são tão explorados, não deixando, contudo, de serem importantes para o desvelamento do assunto.
Precisamente caminharei sobre duas linhas principais, duas idéias sobre Educação popular, analisando as origens, o porquê do termo, como também sua relação com o antagonismo de classes, chegando ao ponto de discutir sobre de qual classe, legitimamente pertence a educação. Claro, para fins de compreensão do tema em suas particularidades, pois não é coerente definir a educação como um produto pertencente a um ou a outro.

Educação Popular no sentido restrito do termo
Imagina-se logo que: educação popular é tal que, é conhecida por todos, tem popularidade grande na sociedade, daí, entende-se o nome. Em outros termos, seria uma educação que atingiria todos os indivíduos, todos esses conseqüentemente teriam acesso a essa educação. Tal educação, julgo popular. Entretanto o exposto não se concretiza na pratica. Nem todos têm acesso à educação, logo, esta não é popular.
A educação popular nesse sentido, seria também a educação que não variasse quanto a sua qualidade, seria dada com a mesma eficiência e qualidade para todas as classes sociais. A educação de uma pessoa com certo poder financeiro, seria então a mesma aplicada pelo sistema em uma área rural com pessoas de baixa renda.
Este é o primeiro ponto no qual nos referimos quando tratamos da educação popular.
A segunda idéia decorrente do termo é que: educação popular seria aquela que funcionaria no meio mais popular da sociedade. Considerando a divisão de classes, esta se situaria na classe popular. Decorre daqui o seguinte: a educação popular não seria aplicada as classes dominantes, pois seria tão somente, ferramenta da classe dominante, para usar nas classes dominadas. Seriam dois sistemas, duas formas de educação.
Até aqui duas diferenças básicas, a educação popular comum a todos, e a educação popular restrita a camada popular. São duas linhas percebidas naturalmente ao refletir sobre o tema.

Da prática da educação popular: “comum a todos”
Refiro-me a educação escolar. A pratica da educação popular comum a todos, implicaria em uma mudança geral no sistema de produção atual. A relação dominante-dominado impede o comunismo na educação.
A classe dominante tem uma visão de mundo que difere das outras classes. Os objetivos buscados, os meios usados, são todos próprios de uma ou de outra. O estado, defensor da classe dominante e incluído nesta, tem entre os seus papeis principais, a manutenção da ordem. A ordem é: o não conflito entre as classes. O estado tem formas de manter a ordem, a priori, utiliza-se de uma ideologia, quando não funciona, tem o braço armado, os militares. Para passar a ideologia de manutenção da ordem, de a situação está “boa”, e que poderia estar pior, a educação é um caminho oportuno.
Então, tem-se a divisão, a classe dominante formula um modelo de educação para as classes dominadas, tal que, amenize o seu estado de ignorância e acrescente algumas técnicas, não permitindo, no entanto, que este alcance o nível de conhecimento dos dominantes, para assim, não haver a possibilidade de concorrência de igual para igual.
Justifica-se aqui, a impossibilidade de praticar a educação popular no sistema de produção atual.

Das origens do termo
Educação popular surge em decorrência da situação histórica da sociedade, portanto, não foi algo que simplesmente passou a existir. Para um melhor entendimento da origem é necessário algumas considerações sobre a educação.
No momento em que vivemos em meio a grandes empresas capitalistas com produção em rítimo assombroso, dispondo de alta tecnologia em suas linhas de produção, fabricam com grande rapidez. Um fabricante de celulares, tem capacidade de em um curto espaço de tempo fabricar um aparelho celular para cada individuo existente no planeta. Mas porque será que isso não acontece? Pelo seguinte motivo. Produtos não são fabricados para suprir a necessidade de quem não o tem, e sim para quem pode pagar pelo produto, para quem tem um poder econômico que lhe permita comprar. Se puder pagar o valor agregado ao objeto, tudo bem, caso contrario não poderá ter acesso a este. Da mesma forma, as empresas que fabricam alimentos, têm capacidade de acabarem com a fome no planeta, atender imediatamente todos aqueles que mais necessitam de alimentos como a população dos países mais pobres da áfrica. Mas estas empresas não produzem alimento para quem tem necessidade de comer, produzem para quem pode pagar pelo alimento. Isso é um fenômeno do capitalismo.
O que será que tudo isso tem a ver com a educação? Em especial a educação popular? Basta saber que a educação escolar também é um fenômeno do capitalismo. Hoje nem tanto, mas na idade antiga, ter acesso a educação era apenas para as famílias nobres e burguesas, ou seja, para quem tinha posses. A educação não era para aqueles que a queriam, assim como hoje muitos ainda não tem acesso a uma boa educação.
A classe que não detinha poder, não tinha acesso ao saber. É neste momento que surge em comunidades pobres a educação chamada popular, aquela não oficializada, que não tava dentro da escola – importante lembrar que escola na forma que a conhecemos hoje é algo muito recente, surgindo com o capitalismo – porem na classe popular que não dispunha de poder nenhum. Então a necessidade figura aqui como fonte motivadora no surgimento da educação popular. É a necessidade da população mais pobre de buscar o mínimo de conhecimento, para tentar entender um pouco do mundo a sua volta. Basicamente foi dessa forma que se deu a educação em seus primórdios. Importante ressaltar que educação informal vem antes da educação escolar.

Da apropriação da educação pela classe burguesa
A tal ponto, instantaneamente pensa-se, então a educação é burguesa ou não? A principio pode-se pensar que sim. Hora, quem a planeja, financia, dispõe da oferta, se não o estado? E o nosso estado é sem sombra de duvida um estado burguês, detém não só poder econômico, mas também poder político, é a mescla perfeita para uma classe dominante. Também é burguês porque está a serviço da burguesia, de quem é dono do capital. Os grandes empresários patrocinam os políticos, e este retribuem a ajuda procurando sempre favorecer aqueles que podem bancar uma campanha.
No entanto, pelo discorrido no ponto anterior fica claro que a educação popular surge no meio popular, e mesmo a que era aplicada nos círculos burgueses não tinha um caráter de produto dessa classe. Aconteceu então uma apropriação definitiva da educação pela burguesia. Vários foram os motivos para tal apropriação. Primeiro que, ao ter a educação como uma ferramenta para capacitar, adestrar alguém para um determinado serviço. Segundo, quem domina alguns conhecimentos tem mais argumentos, podendo assim, usá-los para convencer quem não tem tais conhecimentos, é o poder do conhecimento.
Diante dessas possibilidades, a educação torna-se muito atraente aos olhos burgueses, pois com controle sobre a educação essa pode propor uma educação de qualidade – embora não seja regra – a sua classe, e ao restante dar o mínimo de conhecimento, o suficiente para ocuparem uma função dentro do “mundo do trabalho”.

Conclusão
Entre as questões sobre a educação popular, várias idéias surgem a cerca do papel da mesma. Teóricos discutem a questão da escola publica de qualidade para todos, uma tentativa de tornar a educação realmente popular, com padrão de qualidade de um extremo ao outro do país. Um esforço que pelo que já foi tratado aqui, fica difícil de concretizar em meio a nossa perversa sociedade desigualitária. O capitalismo, contraditório em seus próprios fundamentos, violentou o sentido da educação, tornou essa um produto e um caminho para alcançar o poder financeiro. Hoje a educação é vista apenas como um meio para se inserir no mercado de trabalho, essa idéia está profundamente enraizada nos jovens estudantes. Uma revolução propriamente dita seria necessário para reverter a imagem degradante que o capitalismo deu a educação.
Deposita-se hoje muita esperança na educação, muitos entendem que ela, somente ela é capaz de tirar a sociedade do abismo ao qual se encontra. O certo é que a educação realmente é um caminho, o que não significa que este caminho esteja disponível para quem quer fazer mudança. Tonet trata da educação em certa obra de sua autoria, sobre a emancipação humana através da mesma. É possível a educação proporcionar tal feito. Mas antes de tudo é preciso se auto-emancipar, abrir mão, ou melhor, deixar para trás antigos tabus que impedem a ascensão do humano até o seu ápice. E não é um processo harmonioso, ao contrario, é doloroso, é morrer para uma vida de servilismo e renascer para um novo e infinito horizonte. Feito isso individualmente, a educação entraria como um grande apoio, mas nunca como a salvação única da situação. Haja vista que a mesma também é um instrumento que ajuda a manter a ordem, e revolução não casa com ordem.

Bibliografia
ANTUNES, Ricardo. A dialética do trabalho. SP, Expressão popular, 2004.
TONET, Ivo. Educação, cidadania e emancipação humana. RS, Injuí Ed., 2005.
______, __. Educação e concepções de sociedade. SP, 1998.